Efeito da conciliação de medicamentos na admissão hospitalar em retornos de 30 dias ao hospital: um ensaio clínico randomizado
Resumo: IMPORTÂNCIA: De acordo com as recomendações internacionais, os hospitais devem usar a conciliação de medicamentos para evitar erros de medicação e melhorar a segurança do paciente. OBJETIVO: Avaliar o impacto da conciliação de medicamentos na admissão hospitalar nos resultados de cuidados de saúde centrados no paciente. DESENHO, CENÁRIO E PARTICIPANTES: Este estudo controlado randomizado, aberto, de grupo paralelo usou randomização centralizada para o grupo de intervenção (ou seja, indivíduos com conciliação medicamentosa) ou grupo-controle (ou seja, indivíduos com apenas histórico de medicação padrão adquirido pelo médico). Os avaliadores de resultados e os analistas de dados foram cegos para a alocação do grupo. Os participantes incluíram 1.702 pacientes com 85 anos ou mais, com mais de 10 medicamentos na admissão hospitalar, ou atendendo a ambas as condições em dois hospitais de ensino secundário regionais no sul da Suíça. A duração do estudo foi de 14,5 meses, de 1º de novembro de 2018 a 15 de janeiro de 2020. Os dados foram analisados de dezembro de 2018 a março de 2020. INTERVENÇÕES: A conciliação medicamentosa foi realizada na admissão hospitalar em 3 etapas: (1) o auxiliar de farmácia obteve a lista dos medicamentos atuais do paciente (ou seja, o melhor histórico possível de medicamentos [MHPM]); (2) o farmacêutico clínico liderou a conciliação do MHPM com a lista de medicamentos caseiros registrados na admissão hospitalar pelo médico assistente (de acordo com o procedimento-padrão do hospital); e (3) as discrepâncias medicamentosas foram comunicadas ao médico assistente, e, quando necessário, os medicamentos prescritos na admissão foram adaptados. PRINCIPAIS RESULTADOS E MEDIDAS: O desfecho primário foi uma variável composta pelo uso de cuidados de saúde pós-alta e quantificada como a proporção de pacientes com visitas hospitalares não planejadas por todas as causas (incluindo visitas ao departamento de emergência e readmissões hospitalares) dentro de 30 dias após a alta do hospital quando ocorreu a conciliação medicamentosa. Uma análise de tempo para o evento foi realizada. RESULTADOS: Entre 1.702 pacientes (mediana da idade [intervalo interquartil], 86,0 [79,0-89,0] anos; 720 [42,3%] homens), 866 pacientes (50,9%) foram alocados no grupo intervenção e 836 pacientes (49,1%), no grupo-controle. O desfecho primário ocorreu entre 340 participantes (39,3%) no grupo intervenção e 330 participantes (39,5%) no grupo-controle (P =0,93). Nas análises de tempo até o evento no encerramento do estudo, visitas hospitalares não planejadas por todas as causas ao departamento de emergência (log-rank P = 0,08) e readmissões hospitalares não planejadas por todas as causas (log-rank P =0,10) ocorreram de forma semelhante nos grupos intervenção e controle. CONCLUSÕES E RELEVÂNCIA: Esses achados sugerem que a conciliação medicamentosa na admissão hospitalar não tem impacto nos resultados de cuidados de saúde pós-alta em pacientes com 85 anos ou mais, com mais de 10 medicamentos na admissão hospitalar ou que atendem a ambas as condições. REGISTRO DO ENSAIO: ClinicalTrials.gov Identificador: NCT03654963.
Abstract: IMPORTANCE: According to international recommendations, hospitals should use medication reconciliation to prevent medication errors and improve patient safety. OBJECTIVE: To assess the impact of medication reconciliation at hospital admission on patient-centered health care outcomes. DESIGN, SETTING, AND PARTICIPANTS: This parallel group, open-label randomized controlled trial used centralized randomization to the intervention group (ie, individuals with medication reconciliation) or control group (ie, individuals with only standard, physician-acquired medication history). Outcome assessors and data analysts were blinded to group allocation. Participants included 1702 patients aged 85 years or older, with more than 10 medications at hospital admission, or meeting both conditions at 2 regional secondary teaching hospitals in southern Switzerland. Study duration was 14.5 months, from November 1, 2018, to January 15, 2020. Data were analyzed from December 2018 through March 2020. INTERVENTIONS: Medication reconciliation was performed at hospital admission in 3 steps: (1) the pharmacy assistant obtained the list of the patient's current medications (ie, the best possible medication history [BPMH]); (2) the clinical pharmacist led reconciliation of the BPMH with the list of home medications recorded at hospital admission by the attending physician (according to the hospital standard procedure); and (3) medication discrepancies were communicated to the attending physician, and, when necessary, medications prescribed at admission were adapted. MAIN OUTCOMES AND MEASURES: The primary outcome was a composite postdischarge health care use variable quantified as the proportion of patients with unplanned all-cause hospital visits (including visits to the emergency department and hospital readmissions) within 30 days after discharge from the hospital when medication reconciliation took place. A time-to-event analysis was performed. RESULTS: Among 1702 patients (median [interquartile range] age, 86.0 [79.0-89.0] years; 720 [42.3%] men), 866 patients (50.9%) were allocated to the intervention group and 836 patients (49.1%) to the control group. The primary outcome occurred among 340 participants (39.3%) in the intervention group and 330 participants (39.5%) in the control group (P = .93). In time-to-event analyses at study closeout, unplanned all-cause hospital visits to the emergency department (log-rank P = .08) and unplanned all-cause hospital readmissions (log-rank P = .10) occurred similarly in the intervention and control groups. CONCLUSIONS AND RELEVANCE: These findings suggest that medication reconciliation at hospital admission has no impact on postdischarge health care outcomes among patients aged 85 years or older, with more than 10 medications at hospital admission, or meeting both conditions. TRIAL REGISTRATION: ClinicalTrials.gov Identifier: NCT03654963.