Eficácia de probióticos ou simbióticos para pacientes adultos gravemente doentes: revisão sistemática e metanálise de ensaios controlados randomizados

Kai Wang ; Qin Zeng ; Ke-Xun Li ; Yu Wang ; Lu Wang ; Ming-Wei Sun ; Hua Jiang
Título original:
Efficacy of probiotics or synbiotics for critically ill adult patients: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials
Resumo:

Resumo
Contexto: A disbiose microbiana em pacientes críticos é uma das principais causas de mortalidade e complicações sépticas. Probióticos e simbióticos surgiram como uma nova terapia em microbiota intestinal para prevenir complicações sépticas. No entanto, as evidências atuais sobre seus efeitos são conflitantes. Este trabalho tem como objetivo rever sistematicamente o impacto de probióticos ou simbióticos em pacientes adultos gravemente enfermos.
Métodos: Foi realizada uma busca abrangente nas bases de dados PubMed, CBM, Embase, CENTRAL, ISI e CNKI para identificar ensaios controlados randomizados que avaliam probióticos ou simbióticos em pacientes críticos. A avaliação da qualidade foi baseada na escala de pontuação de Jadad modificada e no Manual Cochrane para Revisões Sistemáticas de Intervenções Versão 5.0.1 (Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions). A principal medida de resultados foi a mortalidade. Os resultados secundários incluíram incidência de complicações sépticas, incidência de sepse, tempo de permanência na unidade de terapia intensiva (UTI), incidência de complicações não sépticas e dias em ventilação. A síntese dos dados foi feita usando o Review Manager 5.4.
Resultados: Um total de 25 ensaios controlados randomizados englobando 5.049 pacientes gravemente enfermos foi incluído. No grupo de intervenção, 2.520 participantes receberam probióticos ou simbióticos, enquanto 2.529 participantes receberam cuidados-padrão ou placebo. Os dados coletados de ensaios controlados randomizados demonstraram uma redução significativa na incidência de pneumonia associada à ventilação (PAVM) no grupo de tratamento [(razão de risco (RR) 0,86; intervalo de confiança de 95% (IC): 0,78-0,95; p < 0,003, I2 = 85%)]. Entretanto, na análise do subgrupo, a redução da incidência de PAVM foi significativa apenas nos pacientes que receberam simbióticos (RR = 0,61, IC 95%: 0,47-0,80, p = 0,0004, I2 = 40%) e não significativa naqueles que receberam apenas probióticos (RR = 0,91, IC 95%: 0,82-1,01, p = 0,07, I2 = 65%). Além disso, a incidência de sepse em pacientes críticos só foi reduzida significativamente pela adição de simbióticos (RR = 0,41; IC 95%: 0,22-0,72, p = 0,005, I2 = 0%). A incidência de infecções adquiridas na UTI foi reduzida significativamente pela terapia simbiótica (RR = 0,72; IC 95%: 0,58-0,89, p = 0,0007, I2 = 79%). Não houve diferença significativa em mortalidade, diarreia ou tempo de permanência na UTI entre os grupos de tratamento e de controle.
Conclusões: Os simbióticos são uma terapia nutricional eficaz e segura na redução de complicações sépticas em pacientes críticos. No entanto, nesses pacientes, a administração de probióticos isoladamente comparada com placebo não resultou em diferença nas complicações sépticas.
 

Resumo Original:

Abstract
Background: Microbial dysbiosis in critically ill patients is a leading cause of mortality and septic complications. Probiotics and synbiotics have emerged as novel therapy on gut microbiota to prevent septic complications. However, current evidence on their effects is conflicting. This work aims to systematically review the impact of probiotics or synbiotics in critically ill adult patients.
Methods: A comprehensive search of the PubMed, CBM, Embase, CENTRAL, ISI, and CNKI databases was performed to identify randomized controlled trials that evaluate probiotics or synbiotics in critically ill patients. The quality assessment was based on the modified Jadad's score scale and the Cochrane Handbook for Systematic Reviews of Interventions Version 5.0.1. The major outcome measure was mortality. Secondary outcomes included incidence of septic complications, sepsis incidence, length of intensive care unit (ICU) stay, incidence of non-septic complication, and ventilator day. Data synthesis was conduct by Review Manager 5.4.
Results: A total of 25 randomized controlled trials reporting on 5049 critically ill patients were included. In the intervention group, 2520 participants received probiotics or synbiotics, whereas 2529 participants received standard care or placebo. Pooling data from randomized controlled trials demonstrated a significant reduction in the incidence of ventilator-associated pneumonia (VAP) in the treatment group [(risk ratio (RR) 0.86; 95% confidence interval (CI): 0.78-0.95; p < 0.003, I2 = 85%)]. However, in the subgroup analysis, the reduction of incidence of VAP was only significant in patients receiving synbiotics (RR = 0.61, 95% CI: 0.47-0.80, p = 0.0004, I2 = 40%) and not significant in those receiving only probiotics (RR = 0.91, 95% CI: 0.82-1.01, p = 0.07, I2 = 65%). Moreover, sepsis incidence of critically ill patients was only significantly reduced by the addition of synbiotics (RR = 0.41; 95% CI: 0.22-0.72, p = 0.005, I2 = 0%). The incidence of ICU-acquired infections was significantly reduced by the synbiotics therapy (RR = 0.72; 95% CI: 0.58-0.89, p = 0.0007, I2 = 79%). There was no significant difference in mortality, diarrhea, or length of ICU stay between the treatment and control groups.
Conclusions: Synbiotics is an effective and safe nutrition therapy in reducing septic complications in critically ill patients. However, in such patients, administration of probiotics alone compared with placebo resulted in no difference in the septic complications.

Fonte:
Oxford Academic ; 10: 2023. DOI: doi.org/10.1093/burnst/tkac004.