Erros de medicação em crianças atendidas em serviços de emergência pediátrica
OBJETIVOS: A segurança da medicação representa um importante desafio em crianças. Existem poucos estudos sobre erros de medicação sobre pacientes pediátricos atendidos em serviços de emergência. Para ajudar a preencher essa lacuna, caracterizamos os erros de medicação detectados nesses pacientes determinando sua gravidade, as etapas do processo de medicação em que ocorreram, os medicamentos envolvidos e os tipos e causas associadas aos erros. MÉTODOS: Realizamos um estudo observacional prospectivo multicêntrico nos serviços de emergência pediátrica de oito hospitais públicos espanhóis durante um período de quatro meses. Os erros de medicação detectados por pediatras de emergência em pacientes entre 0 e 16 anos de idade foram avaliados por um farmacêutico clínico e um pediatra. Cada erro de medicação foi analisado de acordo com a Taxonomia Espanhola de Erros de Medicação atualizada. RESULTADOS: Em 99.797 atendimentos em serviço de emergência pediátrico, foram detectados 218 (0,2%) erros de medicação, dos quais 74 (33,9%) resultaram em danos (eventos adversos medicamentosos). As crianças em idade pré-escolar foram a faixa etária com mais erros de medicação (126/218). Os erros tiveram origem principalmente na fase de prescrição (66,1%) e também pela automedicação (16,5%) e pela administração incorreta do medicamento pelos familiares (15,6%). Erros de dosagem (51,4%) e medicamentos errados/impróprios (46,8%) foram os tipos de erro mais frequentes. Os medicamentos anti-infecciosos (63,5%) foram os medicamentos mais comuns implicados em erros de medicação com danos. As causas subjacentes associadas a uma maior proporção de erros de medicação foram “déficit de conhecimento sobre a medicação” (63,8%), “desvio de procedimentos/diretrizes” (48,6%) e “falta de informação ao paciente” (30,3%). CONCLUSÕES: Os erros de medicação em crianças atendidas em serviços de emergência resultam de prescrições, automedicação e administração e levam a danos ao paciente em um terço dos casos. O desenvolvimento de intervenções eficazes com base nos tipos de erros e nas causas subjacentes identificadas melhorará a segurança do paciente.
OBJECTIVES: Medication safety represents an important challenge in children. There are limited studies on medication errors in pediatric patients visiting emergency departments. To help bridge this gap, we characterized the medication errors detected in these patients, determining their severity, the stages of the medication process in which they occurred, the drugs involved, and the types and causes associated with the errors. METHODS: We conducted a multicenter prospective observational study in the pediatric emergency departments of 8 Spanish public hospitals over a 4-month period. Medication errors detected by emergency pediatricians in patients between 0 and 16 years of age were evaluated by a clinical pharmacist and a pediatrician. Each medication error was analyzed according to the updated Spanish Taxonomy of Medication Errors. RESULTS: In 99,797 visits to pediatric emergency departments, 218 (0.2%) medication errors were detected, of which 74 (33.9%) resulted in harm (adverse drug events). Preschoolers were the age group with the most medication errors (126/218). Errors originated mainly in the prescribing stage (66.1%), and also by self-medication (16.5%) and due to wrong administration of the medication by family members (15.6%). Dosing errors (51.4%) and wrong/improper drugs (46.8%) were the most frequent error types. Anti-infective drugs (63.5%) were the most common drugs implicated in medication errors with harm. Underlying causes associated with a higher proportion of medication errors were "medication knowledge deficit" (63.8%), "deviation from procedures/guidelines" (48.6%) and "lack of patient information" (30.3%). CONCLUSIONS: Medication errors presented by children attending emergency departments arise from prescriptions, self-medicationand administration, and lead to patient harm in one third of cases. Developing effective interventions based on the types of errors and the underlying causes identified will improve patient safety.