Esgotamento profissional, bem-estar e prática médica defensiva entre obstetras e ginecologistas no Reino Unido: um estudo transversal baseado em questionário

Tom Bourne ; Harsha Shah ; Nora Falconieri ; Dirk Timmerman ; Christoph Lees ; Alison Wright ; Mary Ann Lumsden
Título original:
Burnout, well-being and defensive medical practice among obstetricians and gynaecologists in the UK: cross-sectional survey study
Resumo:

OBJETIVOS: Determinar a prevalência de esgotamento profissional em médicos que praticam obstetrícia e ginecologia e avaliar a sua associação com a prática clínica defensiva e o bem-estar autorrelatado. DESENHO: Estudo transversal nacional baseado em um questionário on-line, realizado de dezembro de 2017 a março de 2018. AMBIENTE: Hospitais no Reino Unido. PARTICIPANTES: Um total de 5.661 médicos consultores, especialistas e residentes de obstetrícia e ginecologia registrados no Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. DESFECHOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS: Prevalência de esgotamento profissional avaliada através do Maslach Burnout Inventory e uso de prática clínica defensiva (prática de evitar casos ou procedimentos, sobreprescrição, sobre-encaminhamento) avaliada por meio de um questionário de 12 itens. Avaliamos o odds ratio (OR) de esgotamento profissional com prática clínica defensiva e o bem-estar autorrelatado. RESULTADOS: Ao todo, 3.102 de 5.661 médicos (55%) preencheram o questionário. Desses 3.102, 3.073 (99%) cumpriram os critérios de inclusão (1.462 médicos consultores, 1.357 residentes e 254 especialistas). Um total de 1.116 dos 3.073 (36%) médicos cumpriram os critérios para esgotamento profissional, com níveis mais elevados entre os residentes (580/1.357 [43%]). Ao todo, 258 de 1.116 (23%) médicos com esgotamento profissional relataram maior uso de práticas defensivas, em comparação com 142 de 1.957 (7%) médicos sem esgotamento (OR ajustado, 4,35; IC 95%, 3,46 a 5,49). Os ORs de esgotamento profissional com itens relacionados ao bem-estar variaram entre 1,38 e 6,37 e foram mais elevados para ansiedade (3,59; IC 95%, 3,07 a 4,21), depressão (4,05; IC 95% 3,26 a 5,04) e ideação suicida (6,37; IC 95%, 3,95 a 10,7). Na regressão logística multivariável, idade mais jovem, etnia branca ou “outra” e graduação com um diploma de médico no Reino Unido ou na Irlanda apresentaram as associações mais fortes com esgotamento profissional. CONCLUSÕES: Observamos altos níveis de esgotamento profissional em obstetras e ginecologistas, particularmente entre residentes. O esgotamento profissional esteve associado tanto a um maior uso de prática clínica defensiva como a um pior bem-estar entre os médicos. Estes resultados têm implicações para o bem-estar e a retenção de médicos e para a qualidade do cuidado de saúde, podendo ajudar na elaboração do conteúdo de intervenções futuras destinadas a prevenir o esgotamento profissional e melhorar a segurança do paciente.

Resumo Original:

OBJECTIVES: To determine the prevalence of burnout in doctors practising obstetrics and gynaecology, and assess the association with defensive medical practice and self-reported well-being. DESIGN: Nationwide online cross-sectional survey study; December 2017-March 2018. SETTING: Hospitals in the UK. PARTICIPANTS: 5661 practising obstetrics and gynaecology consultants, specialty and associate specialist doctors and trainees registered with the Royal College of Obstetricians and Gynaecologists. PRIMARY AND SECONDARY OUTCOME MEASURES: Prevalence of burnout using the Maslach Burnout Inventory and defensive medical practice (avoiding cases or procedures, overprescribing, over-referral) using a 12-item questionnaire. The odds ratios (OR) of burnout with defensive medical practice and self-reported well-being. RESULTS: 3102/5661 doctors (55%) completed the survey. 3073/3102 (99%) met the inclusion criteria (1462 consultants, 1357 trainees and 254 specialty and associate specialist doctors). 1116/3073 (36%) doctors met the burnout criteria, with levels highest amongst trainees (580/1357 (43%)). 258/1116 (23%) doctors with burnout reported increased defensive practice compared with 142/1957 (7%) without (adjusted OR 4.35, 95% CI 3.46 to 5.49). ORs of burnout with well-being items varied between 1.38 and 6.37, and were highest for anxiety (3.59, 95% CI 3.07 to 4.21), depression (4.05, 95% CI 3.26 to 5.04) and suicidal thoughts (6.37, 95% CI 95% CI 3.95 to 10.7). In multivariable logistic regression, being of younger age, white or 'other' ethnicity, and graduating with a medical degree from the UK or Ireland had the strongest associations with burnout. CONCLUSIONS: High levels of burnout were observed in obstetricians and gynaecologists and particularly among trainees. Burnout was associated with both increased defensive medical practice and worse doctor well-being. These findings have implications for the well-being and retention of doctors as well as the quality of patient care, and may help to inform the content of future interventions aimed at preventing burnout and improving patient safety.

Fonte:
BMJ Open ; 11: 9; 2020. DOI: 10.1136/bmjopen-2019-030968.