Esgotamento profissional e sua relação com a qualidade autorrelatada do cuidado de saúde e a ocorrência de eventos adversos durante a pandemia de COVID-19: um inquérito transversal on-line entre enfermeiros
Resumo
Objetivos: Avaliar a associação entre o esgotamento profissional entre enfermeiros e suas percepções sobre a qualidade do cuidado de saúde e a ocorrência de eventos adversos (EAs) durante a pandemia de COVID-19.
Contexto: O esgotamento profissional é um problema sério entre profissionais de enfermagem em todo o mundo, tendo impactos negativos sobre a qualidade do cuidado e a segurança do paciente.
Métodos: Conduzimos um inquérito transversal on-line com 1.004 enfermeiros iranianos usando uma amostra de conveniência. Os dados foram coletados usando o Maslach Burnout Inventory, com cinco perguntas relacionadas à má qualidade autorrelatada do cuidado de saúde e à ocorrência estimada de EAs.
Resultados: A prevalência de esgotamento profissional entre enfermeiros foi de 31,5%. O risco de EAs variou de 26,1 a 71,7%. A qualidade autorrelatada do cuidado de saúde foi fraca. Encontramos uma correlação positiva entre os escores de exaustão emocional e despersonalização e a qualidade do cuidado de saúde, além de uma correlação negativa entre os escores de realização pessoal e todos os escores de itens relacionados ao cuidado de baixa qualidade. Constatou-se que a despersonalização aumentava o risco de ocorrência de todos os EAs (odds ratio [OR]=1,06-1,08). Além disso, uma maior realização pessoal reduzia o risco de ocorrência de erros de medicação (OR=0,99) e de abuso verbal do paciente e sua família (OR=0,97).
Conclusões: Nossos resultados confirmaram a hipótese de que um maior grau de esgotamento profissional está correlacionado com uma maior ocorrência de EAs e com a prestação de um cuidado de saúde de pior qualidade.
Implicações para a gestão de serviços de enfermagem: A redução do esgotamento profissional entre enfermeiros pela implementação de intervenções pode ser uma estratégia efetiva para melhorar a qualidade do cuidado de saúde e reduzir a ocorrência de EAs em hospitais públicos iranianos. Portanto, para minimizar o esgotamento profissional, as principais abordagens a serem adotadas incluem o acesso a apoio psicossocial, incluindo serviços on-line, primeiros socorros psicológicos, linhas diretas de apoio mental e técnicas de autocuidado durante a pandemia de COVID-19.
Abstract
Aims: To assess nurses' burnout and its association with their perceived quality of patient care and occurrence of adverse events (AEs) during COVID-19.
Background: Burnout is a serious problem among nursing staff internationally with negative impacts on the quality of care and patient safety.
Methods: We conducted a cross-sectional online study among 1,004 Iranian nurses through the convenience sampling technique. Data were collected using the Maslach Burnout Inventory, five items of questions related to self-reported poor patient care quality and estimated occurrence of AEs.
Results: Prevalence of high burnout among nurses was 31.5%. The risk of AEs ranged from 26.1% to 71.7%. Self-reported quality of patient care was found to be poor. A positive correlation was found between emotional exhaustion and depersonalization scores and patient care quality, whereas a negative correlation was found between personal accomplishment scores and all poor care item scores. Depersonalization was found to increase the risk of the onset of all AEs (odds ratio [OR] = 1.06-1.08). Also, Personal accomplishment reduced the risk of occurrence of 'medication errors' (OR = 0.99) and the onset of 'patient and their family verbal abuse' (OR = 0.97).
Conclusions: Our findings confirmed the hypothesis that a higher degree of burnout is correlated with a perceived higher number of AEs and reduced perceived patient care quality.
Implications for nursing management: Reducing burnout among nurses through implementing interventions may be an effective strategy to enhance patient care quality and reduce the number of AEs in Iranian public hospitals. Therefore, in order to minimize work burnout, primary approaches include access to psychosocial support, including Web-based services, psychological first aid, mental support hotlines and self-care techniques during the COVID-19 pandemic.