A experiência psicológica de pacientes obstétricas e profissionais da saúde após a implementação da testagem universal para SARS-CoV-2
OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo descrever as experiências psicológicas com a hospitalização e o pós-parto precoce de pacientes obstétricas assintomáticas testadas para o coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) no contexto de um programa de testagem universal e relatar o impacto deste programa nos níveis de satisfação e ansiedade no local de trabalho entre profissionais da saúde. DESENHO: Realizamos um estudo de coorte com mulheres grávidas assintomáticas submetidas a testes para o SARS-CoV-2 entre 13 e 26 de abril de 2020. Realizamos entrevistas semiestruturadas por telefone 1 e 2 semanas após a hospitalização para avaliar a saúde mental materna. Fizemos o rastreamento da depressão usando o patient health questionnaire-2 (PHQ-2). Um inquérito on-line com profissionais da saúde envolvidos no trabalho de parto avaliou os seus níveis de satisfação e ansiedade relacionados ao trabalho antes e durante a pandemia de COVID-19, bem como as experiências subjetivas dos profissionais com a testagem universal. Analisamos as respostas dos pacientes e profissionais para identificar temas recorrentes. RESULTADOS: Ao todo, 318 mulheres assintomáticas foram submetidas a testes para SARS-CoV-2 durante o período de 2 semanas. Seis das oito mulheres (75%) que testaram positivo relataram experiências negativas no hospital, decorrentes da sensação de falta de apoio pelos profissionais e parceiros e da separação neonatal após o nascimento. Entre as 310 mulheres que testaram negativo, 34,4% das mulheres multíparas relataram um aumento da ansiedade pós-parto em comparação com seus partos anteriores, devido à preocupação com a exposição à infecção no hospital e à falta de apoio social. Só 27,6% das mulheres com testes negativos consideraram que o resultado do teste foi reconfortante. Os níveis de satisfação e ansiedade relacionadas ao trabalho entre os profissionais da saúde foram afetados negativamente. A testagem universal foi bem recebida pela maioria dos profissionais da saúde, apesar das preocupações com atrasos ou alterações no cuidado às pacientes e à separação entre as mães e neonatos. CONCLUSÃO: A testagem universal para SARS-CoV-2 em unidades obstétricas tem efeitos mistos sobre a saúde mental materna, mas é bem recebida pelos profissionais envolvidos no trabalho de parto. A avaliação contínua de novos protocolos de testagem é fundamental para equilibrar a segurança dos profissionais e pacientes com a qualidade e igualdade do cuidado. PONTOS-CHAVE: Mulheres com SARS-CoV-2 têm experiências negativas no hospital. Um teste negativo para SARS-CoV-2 não tranquiliza as pacientes. A COVID-19 tem um impacto negativo no bem-estar dos profissionais da saúde.
OBJECTIVE: This study was aimed to describe the hospitalization and early postpartum psychological experience for asymptomatic obstetric patients tested for severe acute respiratory syndrome-coronavirus-2 (SARS-CoV-2) as part of a universal testing program and report the impact of this program on labor and delivery health care workers' job satisfaction and workplace anxiety. STUDY DESIGN: This is a cohort study of asymptomatic pregnant women who underwent SARS-CoV-2 testing between April 13, 2020 and April 26, 2020. Semistructured interviews were conducted via telephone at 1 and 2 weeks posthospitalization to assess maternal mental health. Depression screening was conducted using the patient health questionnaire-2 (PHQ-2). An online survey of labor and delivery health care workers assessed job satisfaction and job-related anxiety before and during the novel coronavirus disease 2019 (COVID-19) pandemic, as well as employees' subjective experience with universal testing. Patient and employee responses were analyzed for recurring themes. RESULTS: A total of 318 asymptomatic women underwent SARS-CoV-2 testing during this 2-week period. Six of the eight women (75%) who tested positive reported negative in-hospital experiences secondary to perceived lack of provider and partner support and neonatal separation after birth. Among the 310 women who tested negative, 34.4% of multiparous women reported increased postpartum anxiety compared with their prior deliveries due to concerns about infectious exposure in the hospital and lack of social support. Only 27.6% of women, tested negative, found their test result to be reassuring. Job satisfaction and job-related anxiety among health care workers were negatively affected. Universal testing was viewed favorably by the majority of health care workers despite concerns about delays or alterations in patient care and maternal and neonatal separation. CONCLUSION: Universal testing for SARS-CoV-2 in obstetric units has mixed effects on maternal mental health but is viewed favorably by labor and delivery employees. Ongoing evaluation of new testing protocols is paramount to balance staff and patient safety with quality and equality of care. KEY POINTS: · Women with SARS-CoV-2 had a negative hospital experience.. · A negative SARS-CoV-2 test was not reassuring for patients.. · COVID-19 negatively impacts healthcare workers' well-being.
