Resumo
Objetivos: Descrever características e sintomas autorrelatados de pacientes que procuram tratamento com síndrome pós-COVID-19 (COVID longa). Avaliar o impacto dos sintomas na qualidade de vida relacionada à saúde e na capacidade dos pacientes de trabalhar e realizar atividades diárias.
Desenho: Avaliação transversal de serviços em um estudo com um grupo único, usando dados de usuários em tempo real.
Ambiente: Um total de 31 clínicas que atendem pacientes com COVID longa no Reino Unido.
Participantes: Um total de 3.754 adultos diagnosticados com COVID longa em serviços de atenção primária ou secundária e considerados como candidatos à reabilitação.
Intervenção: Os pacientes utilizaram a intervenção digital de saúde Living With COVID Recovery, inscrevendo-se entre 30 de novembro de 2020 e 23 de março de 2022.
Desfechos primários e secundários: O desfecho primário foi a linha de base da Escala de adequação social e no trabalho (WSAS). A escala WSAS mede as limitações funcionais do paciente; uma pontuação ≥20 indica limitação moderadamente grave. Outros sintomas explorados incluíram fadiga (Functional Assessment of Chronic Illness Therapy-Fatigue), depressão (Patient Health Questionnaire – escala de depressão com 8 itens), ansiedade (Generalised Anxiety Disorder Scale, 7 itens), dispneia (Medical Research Council Dyspnoea Scale e Dyspnoea-12), comprometimento cognitivo (Perceived Deficits Questionnaire, versão com 5 itens) e HRQoL (EQ-5D). Os sintomas e características demográficas associados à limitação funcional mais grave foram identificados usando a análise de regressão logística.
Resultados: Ao todo, 3.541 (94%) pacientes estavam em idade economicamente ativa (18 a 65 anos); a idade média (DP) foi de 48 (12) anos; 1.282 (71%) eram mulheres e 89% eram brancos. Dentre os participantes, 51% relataram perder ≥1 dia de trabalho nas últimas 4 semanas; 20% disseram ser totalmente incapazes de trabalhar. A pontuação média na escala WSAS na linha de base foi de 21 (DP 10), e 53% dos participantes tiveram pontuação ≥20. Os fatores associados à pontuação ≥20 foram altos níveis de fadiga, depressão e comprometimento cognitivo. A fadiga foi o principal sintoma que contribuiu para uma alta pontuação na escala WSAS.
Conclusão: Uma alta proporção desta população em busca de tratamento para COVID longa estava em idade produtiva, e mais da metade relatou limitação funcional moderadamente grave ou pior. Observamos impactos substanciais em sua capacidade de trabalhar e realizar atividades diárias. O cuidado clínico e a reabilitação devem procurar tratar a fadiga como o sintoma dominante que explica a variação na funcionalidade.
Abstract
Objectives: To describe self-reported characteristics and symptoms of treatment-seeking patients with post-COVID-19 syndrome (PCS). To assess the impact of symptoms on health-related quality of life (HRQoL) and patients' ability to work and undertake activities of daily living.
Design: Cross-sectional single-arm service evaluation of real-time user data.
Setting: 31 post-COVID-19 clinics in the UK.
Participants: 3754 adults diagnosed with PCS in primary or secondary care deemed suitable for rehabilitation.
Intervention: Patients using the Living With Covid Recovery digital health intervention registered between 30 November 2020 and 23 March 2022.
Primary and secondary outcome measures: The primary outcome was the baseline Work and Social Adjustment Scale (WSAS). WSAS measures the functional limitations of the patient; scores of ≥20 indicate moderately severe limitations. Other symptoms explored included fatigue (Functional Assessment of Chronic Illness Therapy-Fatigue), depression (Patient Health Questionnaire-Eight Item Depression Scale), anxiety (Generalised Anxiety Disorder Scale, Seven-Item), breathlessness (Medical Research Council Dyspnoea Scale and Dyspnoea-12), cognitive impairment (Perceived Deficits Questionnaire, Five-Item Version) and HRQoL (EQ-5D). Symptoms and demographic characteristics associated with more severe functional limitations were identified using logistic regression analysis.
Results: 3541 (94%) patients were of working age (18-65); mean age (SD) 48 (12) years; 1282 (71%) were female and 89% were white. 51% reported losing ≥1 days from work in the previous 4 weeks; 20% reported being unable to work at all. Mean WSAS score at baseline was 21 (SD 10) with 53% scoring ≥20. Factors associated with WSAS scores of ≥20 were high levels of fatigue, depression and cognitive impairment. Fatigue was found to be the main symptom contributing to a high WSAS score.
Conclusion: A high proportion of this PCS treatment-seeking population was of working age with over half reporting moderately severe or worse functional limitation. There were substantial impacts on ability to work and activities of daily living in people with PCS. Clinical care and rehabilitation should address the management of fatigue as the dominant symptom explaining variation in functionality.