Interferência na comunicação verbal na sala de cirurgia

Austin Bachar ; Margaret Brommelsiek ; Richard John Simonson ; Yui-Yee Raymond Chan ; Amber Davies ; Ken Catchpole ; Gary Sutkin
Título original:
Speech Communication Interference in the Operating Room
Resumo:

Introdução: A comunicação na sala de cirurgia é interrompida com frequência, o que cria preocupações de segurança. Usamos um instrumento de Interferência na Comunicação Verbal (ICV) para medir a frequência, o impacto e as causas desses eventos. Métodos: Neste estudo prospectivo fizemos a observação de 40 cirurgias, principalmente em cirurgia geral, para medir a frequência dos eventos de ICV, definidos como “discurso em grupo interrompido em função dos participantes, objetivos ou contexto físico e situacional do diálogo”. Também realizamos observações complementares, baseadas em entrevistas pós-cirurgia com os participantes de eventos de ICV, para identificar fatores contextuais. Realizamos a análise temática das notas e entrevistas. RESULTADOS: Observamos 103 eventos de ICV em 40 cirurgias (média de 2,58), envolvendo principalmente cirurgiões (50,5%), enfermeiros circulantes (44,6%), residentes (44,6%) ou técnicos de enfermagem (42,7%). A maioria (82,1%) dos eventos de ICV ocorreu durante outra tarefa relacionada ao paciente. Ao todo, 17,5% dos eventos ocorreram em um momento crítico. Além disso, 27,2% dos eventos não foram reconhecidos ou repetidos, e a mensagem se perdeu. Incluindo as observações complementares, 97,0% dos eventos de ICV causaram algum atraso (média de 5 segundos). A confiabilidade interavaliadores, calculada pelo AC(1) de Gwet, foi de 0,87 a 0,98. As entrevistas pós-cirurgia confirmaram as falhas de comunicação e distrações. As principais causas de desvio da atenção foram ruídos altos (tais como sucção), conversas ou realização de muitas tarefas ao mesmo tempo (por exemplo, uso do prontuário eletrônico). As estratégias bem-sucedidas para lidar com o problema incluíram a repetição ou o adiamento do pedido até que as tarefas concorrentes estivessem concluídas. CONCLUSÕES: A interferência na comunicação pode ter implicações para a segurança do paciente, decorrentes de conflitos com outras tarefas relacionadas ao caso, ruídos de máquinas e outras conversas. A reorganização do fluxo de trabalho, das tarefas e dos comportamentos de comunicação pode reduzir as falhas de comunicação e melhorar a segurança e a eficiência cirúrgica.
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Resumo Original:

INTRODUCTION: Operating room communication is frequently disrupted, raising safety concerns. We used a Speech Interference Instrument to measure the frequency, impact, and causes of speech communication interference (SCI) events. METHODS: In this prospective study, we observed 40 surgeries, primarily general surgery, to measure the frequency of SCI, defined as "group discourse disrupted according to the participants, the goals, or the physical and situational context of the exchange." We performed supplemental observations, focused on conducting postsurgery interviews with SCI event participants to identify contextual factors. We thematically analyzed notes and interviews. RESULTS: The observed 103 SCI events in 40 surgeries (mean 2.58) mostly involved the attending (50.5%), circulating nurse (44.6%), resident (44.6%), or scrub tech (42.7%). The majority (82.1%) of SCI events occurred during another patient-related task. 17.5% occurred at a critical moment. 27.2% of SCI events were not acknowledged or repeated and the message was lost. Including the supplemental observations, 97.0% of SCI events caused a delay (mean 5 s). Inter-rater reliability, calculated by Gwet's AC(1) was 0.87-0.98. Postsurgery interviews confirmed miscommunication and distractions. Attention was most commonly diverted by loud noises (e.g., suction), conversations, or multitasking (e.g., using the electronic health record). Successful strategies included repetition or deferment of the request until competing tasks were complete. CONCLUSIONS: Communication interference may have patient safety implications that arise from conflicts with other case-related tasks, machine noises, and other conversations. Reorganization of workflow, tasks, and communication behaviors could reduce miscommunication and improve surgical safety and efficiency.
 

Fonte:
The Journal of Nursing Research ; 723-731; 2024. DOI: 10.1016/j.jss.2023.11.064.