Manifestação de preocupações com o cuidado na UTI: experiências, atitudes e obstáculos segundo pacientes e seus familiares.

A Bell, S. K. ; A Roche, S. D. ; A Mueller, A. ; A Dente, E. ; A O'Reilly, K ; A Sarnoff Lee, B. ; A Sands, K.
Título original:
T Speaking up about care concerns in the ICU: patient and family experiences, attitudes and perceived barriers.
Resumo:

CONTEXTO: Sabe-se pouco sobre a expressão de preocupações com o cuidado, em tempo real, por pacientes e seus familiares, especialmente na unidade de terapia intensiva (UTI), onde os riscos são mais altos e a disponibilidade de tempo é baixa. Os especialistas defendem o envolvimento dos pacientes e familiares no trabalho de segurança; para isso, devem ser capazes de expressar as suas preocupações. Há poucos dados sobre as atitudes e experiências dos pacientes e familiares em relação ao ato de manifestar as suas preocupações, e os estudos na área concentram-se principalmente no relato de eventos de forma retrospectiva, em vez de preventiva, para tentar evitar a ocorrência de danos. Neste estudo, procuramos (1) avaliar a manifestação de preocupações comuns na UTI por parte de pacientes e familiares, (2) identificar as barreiras percebidas pelos pacientes e familiares ao ato de manifestar suas preocupações e (3) explorar os fatores associados à manifestação de preocupações pelos pacientes e familiares. MÉTODOS: Em colaboração com pacientes e seus familiares, desenvolvemos um inquérito para avaliar suas atitudes e comportamentos em relação ao ato de manifestar suas preocupações. Entrevistamos de forma presencial os familiares de pacientes atualmente internados na UTI de um centro médico universitário urbano nos EUA, complementando o estudo através de um inquérito on-line com uma amostra nacional maior de pessoas com experiência prévia na UTI. RESULTADOS: O inquérito contou com a participação de 105/125 (84%) dos familiares de pacientes atuais e 1.050 participantes do estudo on-line com histórico de internação numa UTI. Entre os familiares de pacientes internados atualmente na UTI, 50 a 70% expressaram hesitação em manifestar suas preocupações sobre possíveis erros, discordâncias em relação aos objetivos do cuidado, informações confusas/conflitantes e higienização das mãos inadequada. Os resultados entre os participantes do inquérito on-line foram semelhantes. A metade de todos os entrevistados mencionou pelo menos uma barreira à manifestação de preocupações, com comentários frequentes do tipo: “não quero criar problemas”, “a equipe já está muito ocupada” ou “não sei como fazê-lo”. As participantes mulheres de idade mais avançada e pessoas que trabalham ou que têm parentes que trabalham no setor da saúde foram mais propensas a afirmar que se sentem confortáveis em manifestar as suas preocupações. CONCLUSÃO: Os pacientes internados na UTI e seus familiares podem ter dificuldade em manifestar as suas preocupações. A educação de pacientes e familiares sobre como manifestar as suas preocupações e a garantia de que isso não criará “problemas” pode ajudar a promover discussões abertas sobre as preocupações com o cuidado e com possíveis erros na UTI.

Resumo Original:

BACKGROUND: Little is known about patient/family comfort voicing care concerns in real time, especially in the intensive care unit (ICU) where stakes are high and time is compressed. Experts advocate patient and family engagement in safety, which will require that patients/families be able to voice concerns. Data on patient/family attitudes and experiences regarding speaking up are sparse, and mostly include reporting events retrospectively, rather than pre-emptively, to try to prevent harm. We aimed to (1) assess patient/family comfort speaking up about common ICU concerns; (2) identify patient/family-perceived barriers to speaking up; and (3) explore factors associated with patient/family comfort speaking up. METHODS: In collaboration with patients/families, we developed a survey to evaluate speaking up attitudes and behaviours. We surveyed current ICU families in person at an urban US academic medical centre, supplemented with a larger national internet sample of individuals with prior ICU experience. RESULTS: 105/125 (84%) of current families and 1050 internet panel participants with ICU history completed the surveys. Among the current ICU families, 50%-70% expressed hesitancy to voice concerns about possible mistakes, mismatched care goals, confusing/conflicting information and inadequate hand hygiene. Results among prior ICU participants were similar. Half of all respondents reported at least one barrier to voicing concerns, most commonly not wanting to be a 'troublemaker', 'team is too busy' or 'I don't know how'. Older, female participants and those with personal or family employment in healthcare were more likely to report comfort speaking up. CONCLUSION: Speaking up may be challenging for ICU patients/families. Patient/family education about how to speak up and assurance that raising concerns will not create 'trouble' may help promote open discussions about care concerns and possible errors in the ICU.

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 2018. DOI: 10.1136/bmjqs-2017-007525.