Mulheres grávidas com COVID-19 grave ou crítica apresentam maior morbidade composta em comparação com controles pareados de mulheres não grávidas

DeBolt, C.A. ; Bianco, A. ; Limaye, M.A. ; Silverstein, J., ; Penfield, C.A. ; Roman, A.S. ; Rosenberg, H.M.
Título original:
Pregnant women with severe or critical coronavirus disease 2019 have increased composite morbidity compared with nonpregnant matched controls
Resumo:

Antecedentes: Em março de 2020, à medida que a propagação comunitária do coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) se tornava cada vez mais prevalente, as mulheres grávidas pareciam igualmente suscetíveis ao desenvolvimento da doença do coronavírus de 2019. Embora o curso da doença pareça geralmente leve, os casos graves e críticos de doença podem provocar uma morbidade substancial, incluindo a internação em unidade de terapia intensiva com hospitalização prolongada, intubação, ventilação mecânica e até mesmo a morte. Embora haja relatos recentes sobre o impacto da COVID-19 na gravidez, faltam informações sobre a gravidade da doença em mulheres grávidas em comparação com não grávidas. Objetivo: Procuramos descrever os desfechos de casos graves e críticos de COVID-19 em mulheres grávidas vs. mulheres não grávidas em idade reprodutiva. Desenho: Realizamos um estudo de caso-controle multicêntrico retrospectivo em mulheres com infecção pelo SARS-CoV-2 confirmada em laboratório, hospitalizadas com COVID-19 grave ou crítica em 4 hospitais universitários em Nova York e 1 na Filadélfia entre 12 de março e 5 de maio de 2020. Os casos incluíram mulheres grávidas internadas especificamente por COVID-19 grave ou crítica, e não por indicações obstétricas. Os controles incluíram mulheres não grávidas em idade reprodutiva, internadas por COVID-19 grave ou crítica. O desfecho primário foi a morbidade composta, incluindo: morte, necessidade de intubação, oxigenação por membrana extracorpórea, ventilação não invasiva por pressão positiva ou suplementação de O2 por cânula nasal de alto fluxo. Os desfechos secundários incluíram internação em unidade de terapia intensiva, tempo de internação, necessidade de alta hospitalar para instalação de cuidado agudo de longa permanência e alta com necessidade de O2 domiciliar. Resultados: Ao todo, 38 mulheres grávidas com infecção pelo SARS-CoV-2 confirmada por PCR foram internadas em 5 hospitais, especificamente por COVID-19, das quais 29 (76,3%) satisfizeram os critérios para doença grave e 9 (23,7%) para doença crítica. A idade e o índice de massa corporal médios foram marcadamente mais altos no grupo-controle de mulheres não grávidas. A coorte de mulheres não grávidas também apresentou maior frequência de comorbidades clínicas preexistentes, incluindo diabetes, hipertensão e doença arterial coronariana. As mulheres grávidas tiveram maior propensão a apresentar o desfecho primário do que o grupo controle (34,2% vs. 14,9%; p=0,03; odds ratio [OR] ajustado, 4,6; intervalo de confiança de 95%, 1,2-18,2). As pacientes grávidas apresentaram taxas mais altas de internação em unidade de terapia intensiva (39,5% vs. 17,0%; p<0,01; OR ajustado, 5,2; intervalo de confiança de 95%, 1,5-17,5). Ao todo, 72,7% dos partos foram por cesárea, e a idade gestacional média no momento do parto foi de 33,8±5,5 semanas em pacientes com COVID-19 grave e de 35±3,5 semanas naquelas com COVID-19 crítica. Conclusão: Mulheres grávidas com COVID-19 grave ou crítica têm um maior risco de apresentar certos tipos de morbidade quando comparadas com controles não grávidas. Apesar das maiores taxas de comorbidades como diabetes e hipertensão no grupo controle, as gestantes apresentaram um maior risco de morbidade composta, incluindo intubação, ventilação mecânica e internação em unidade de terapia intensiva. Estes resultados sugerem que a gravidez pode estar associada a piores resultados em mulheres com COVID-19 grave ou crítica. Nosso estudo sugere que, tal como ocorre com outras infecções virais, como a síndrome respiratória aguda grave do coronavírus e a síndrome respiratória do Oriente Médio, a COVID-19 em mulheres grávidas pode cursar com maior risco de morbidade e doença grave. 
 

Resumo Original:

Background: In March 2020, as community spread of severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 became increasingly prevalent, pregnant women seemed to be equally susceptible to developing coronavirus disease 2019. Although the disease course usually appears mild, severe and critical cases of coronavirus disease 2019 seem to lead to substantial morbidity, including intensive care unit admission with prolonged hospital stay, intubation, mechanical ventilation, and even death. Although there are recent reports regarding the impact of coronavirus disease 2019 on pregnancy, there is a lack of information regarding the severity of coronavirus disease 2019 in pregnant vs nonpregnant women. Objective: We aimed to describe the outcomes of severe and critical cases of coronavirus disease 2019 in pregnant vs nonpregnant, reproductive-aged women. Study Design: This is a multicenter, retrospective, case-control study of women with laboratory-confirmed severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 infection hospitalized with severe or critical coronavirus disease 2019 in 4 academic medical centers in New York City and 1 in Philadelphia between March 12, 2020, and May 5, 2020. The cases consisted of pregnant women admitted specifically for severe or critical coronavirus disease 2019 and not for obstetrical indications. The controls consisted of reproductive-aged, nonpregnant women admitted for severe or critical coronavirus disease 2019. The primary outcome was a composite morbidity that includes the following: death, a need for intubation, extracorporeal membrane oxygenation, noninvasive positive pressure ventilation, or a need for high-flow nasal cannula O2 supplementation. The secondary outcomes included intensive care unit admission, length of stay, a need for discharge to long-term acute care facilities, and discharge with a home O2 requirement. Results: A total of 38 pregnant women with severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 polymerase chain reaction-confirmed infections were admitted to 5 institutions specifically for coronavirus disease 2019, 29 (76.3%) meeting the criteria for severe disease status and 9 (23.7%) meeting the criteria for critical disease status. The mean age and body mass index were markedly higher in the nonpregnant control group. The nonpregnant cohort also had an increased frequency of preexisting medical comorbidities, including diabetes, hypertension, and coronary artery disease. The pregnant women were more likely to experience the primary outcome when compared with the nonpregnant control group (34.2% vs 14.9%; P=.03; adjusted odds ratio, 4.6; 95% confidence interval, 1.2–18.2). The pregnant patients experienced higher rates of intensive care unit admission (39.5% vs 17.0%; P&lt;.01; adjusted odds ratio, 5.2; 95% confidence interval, 1.5–17.5). Among the pregnant women who underwent delivery, 72.7% occurred through cesarean delivery and the mean gestational age at delivery was 33.8±5.5 weeks in patients with severe disease status and 35±3.5 weeks in patients with critical coronavirus disease 2019 status. Conclusion: Pregnant women with severe and critical coronavirus disease 2019 are at an increased risk for certain morbidities when compared with nonpregnant controls. Despite the higher comorbidities of diabetes and hypertension in the nonpregnant controls, the pregnant cases were at an increased risk for composite morbidity, intubation, mechanical ventilation, and intensive care unit admission. These findings suggest that pregnancy may be associated with a worse outcome in women with severe and critical cases of coronavirus disease 2019. Our study suggests that similar to other viral infections such as severe acute respiratory syndrome coronavirus and Middle East respiratory syndrome coronavirus, pregnant women may be at risk for greater morbidity and disease severity. 
 

Fonte:
American Journal of Obstetrics and Gynecology ; 224(5): 510.e1-510.e12; 2021. DOI: 10.1016/j.ajog.2020.11.022.