Não transferência pelo EMS: uma prática segura para diminuir a aglomeração do Serviço de Emergência ou uma ameaça à segurança do paciente?
Resumo: CONTEXTO: A segurança da decisão de não transferência do Serviço Médico de Emergência (EMS) foi avaliada por meio de novos contatos do EMS, consultas na atenção primária à saúde ou no serviço de emergência (SE) e hospitalização dentro de 48 horas. O desfecho secundário foi mortalidade em 28 dias. MÉTODOS: Este estudo de coorte utilizou dados coletados prospectivamente em pacientes que não foram transferidos pelo EMS de três regiões diferentes na Finlândia entre 1º de junho e 30 de novembro de 2018. A Classificação Internacional de Atenção Primária Ajustada (CIAP2) como motivo para o atendimento foi comparada aos diagnósticos de alta hospitalar (CID10). Regressões logísticas multivariadas foram usadas para determinar fatores que estavam independentemente associados a desfechos adversos. Os resultados são apresentados com odds-ratio ajustados (aORs) juntamente com intervalos de confiança de 95% (ICs). Os dados referentes aos pacientes falecidos foram revisados pelo grupo de estudo. RESULTADOS: Dos pacientes que não foram transferidos pelo EMS (n = 11.861), 6,3% entraram novamente em contato com a emergência, 8,3% compareceram a uma unidade de atenção primária, 4,2% foram ao SE, 1,6% foi hospitalizado e 0,1% morreu 0-24 horas após a missão da emergência. A taxa de eventos adversos em 0-24 h foi superior a 24-48 h. Após a não transferência, 32 (0,3%) pacientes foram admitidos em uma unidade de terapia intensiva em 24 horas. Uma missão primária não urgente de EMS (aOR 1,49; IC95% 1,25 a 1,77), chegada de EMS à noite (aOR 1,82; IC95% 1,58 a 2,09), tipo de unidade ALS vs. BLS (aOR 1,43; IC95% 1,16 a 1,77), área rural (aOR 1,74; IC95% 1,51 a 1,99) e idade mais avançada do paciente (aOR 1,41; IC95% 1,20 a 1,66) foram associados a visitas subsequentes a unidades de cuidados de atenção primária (0-24 h). CONCLUSÕES: Quatro em cada cinco pacientes que não foram transferidos não tiveram um novo contato no período de acompanhamento. A não transferência pelo EMS parece ser um método relativamente seguro de concentrar os recursos do serviço de emergência e evitar a aglomeração neste.
Abstract: BACKGROUND: The safety of the Emergency Medical Service's (EMS's) non-conveyance decision was evaluated by EMS re-contacts, primary health care or emergency department (ED) visits, and hospitalization within 48 h. The secondary outcome was 28-day mortality. METHODS: This cohort study used prospectively collected data on non-conveyed EMS patients from three different regions in Finland between June 1 and November 30, 2018. The Adjusted International Classification of Primary Care (ICPC2) as the reason for care was compared to hospital discharge diagnoses (ICD10). Multivariable logistic regressions were used to determine factors that were independently associated with adverse outcomes. Results are presented with adjusted odds ratios (aORs) together with 95% confidence intervals (CIs). Data regarding deceased patients were reviewed by the study group. RESULTS: Of the non-conveyed EMS patients (n = 11,861), 6.3% re-contacted the EMS, 8.3% attended a primary health care facility, 4.2% went to the ED, 1.6% were hospitalized, and 0.1% died 0-24 h after the EMS mission. The 0-24 h adverse event rate was higher than 24-48 h. After non-conveyance, 32 (0.3%) patients were admitted to an intensive care unit within 24 h. Primary non-urgent EMS mission (aOR 1.49; 95% CI 1.25 to 1.77), EMS arrival at night (aOR 1.82; 95% CI 1.58 to 2.09), ALS unit type vs BLS (aOR 1.43; 95% CI 1.16 to 1.77), rural area (aOR 1.74; 95% CI 1.51 to 1.99), and older patient age (aOR 1.41; 95% CI 1.20 to 1.66) were associated with subsequent primary health care visits (0-24 h). CONCLUSIONS: Four in five non-conveyed patients did not have any re-contact in follow-up period. EMS non-conveyance seems to be a relatively safe method of focusing ED resources and avoiding ED crowding.