O papel mediador do esgotamento profissional na relação entre as percepções de um ambiente de trabalho amigável e com boa segurança do paciente e as percepções de desempenho inseguro em uma unidade obstétrica

Os erros no cuidado de saúde em departamentos obstétricos são relatados com frequência e podem envolver tanto a mãe como o recém-nascido. Devido à complexidade do cuidado obstétrico, às interações entre as diversas disciplinas e às limitações inerentes ao desempenho humano, é extremamente importante que esses departamentos proporcionem ambientes de trabalho seguros e amigáveis, abertos à aprendizagem e à segurança participativa. O cuidado obstétrico envolve um trabalho estressante, e os profissionais da saúde estão sujeitos ao esgotamento profissional, que está associado a práticas inseguras e a uma menor propensão a expressar preocupações de segurança. Este estudo procurou testar o papel mediador do esgotamento profissional na relação entre um ambiente de trabalho amigável e com boa segurança do paciente e o desempenho inseguro. Convidamos toda população de profissionais que trabalham em um departamento de obstetrícia em Malta a participar de um estudo transversal, obtendo uma taxa de resposta de 73,6% (n=184). A ferramenta de pesquisa foi adaptada do Questionário de Atitudes de Segurança de Sexton et al., Versão para o Trabalho de Parto e Nascimento, sendo usada para aplicar um inquérito aos participantes sobre o seu ambiente de trabalho, esgotamento profissional e a percepção de desempenho inseguro. A análise foi feita utilizando a Modelagem de Equações Estruturais. Os resultados corroboraram a existência de uma relação entre baixas percepções de um ambiente de trabalho amigável e com boa segurança do paciente e o desempenho inseguro, mediada pelo esgotamento profissional. A criação de um ambiente de trabalho que garanta boas práticas de segurança do paciente, que permita a comunicação e esteja aberto ao aprendizado pode proteger os profissionais do esgotamento profissional. Dessa forma, os profissionais terão uma maior tendência a sentir que a sua prática é segura. Este estudo contribui para a literatura de segurança do paciente ao correlacionar o ambiente de trabalho, o esgotamento profissional e a percepção de práticas inseguras, com a intenção de conscientizar os administradores de serviços de saúde da importância de assegurarem a existência de um ambiente de trabalho clínico ideal para os profissionais da saúde. 

Medical errors in obstetric departments are commonly reported and may involve both mother and neonate. The complexity of obstetric care, the interactions between various disciplines, and the inherent limitations of human performance make it critically important for these departments to provide patient-safe and friendly working environments that are open to learning and participative safety. Obstetric care involves stressful work, and health care professionals are prone to develop burnout, this being associated with unsafe practices and lower probability for reporting safety concerns. This study aims to test the mediating role of burnout in the relationship of patient-safe and friendly working environment with unsafe performance. The full population of professionals working in an obstetrics department in Malta was invited to participate in a cross-sectional study, with 73.6% (n = 184) of its members responding. The research tool was adapted from the Sexton et al.'s Safety Attitudes Questionnaire - Labor and Delivery version and surveyed participants on their working environment, burnout, and perceived unsafe performance. Analysis was done using Structural Equation Modeling. Results supported the relationship between the lack of a perceived patient-safe and friendly working environment and unsafe performance that is mediated by burnout. Creating a working environment that ensures patient safety practices, that allows communication, and is open to learning may protect employees from burnout. In so doing, they are more likely to perceive that they are practicing safely. This study contributes to patient safety literature by relating working environment, burnout, and perceived unsafe practice with the intention of raising awareness of health managers' roles in ensuring optimal clinical working environment for health care employees.