O que os pacientes podem nos dizer sobre a qualidade e a segurança do cuidado hospitalar? Resultados de um estudo multicêntrico no Reino Unido.

O'Hara JK
Reynolds C
Moore S
Armitage G
Sheard L
Marsh C
Watt I
Wright J
Lawton R
Título original
What can patients tell us about the quality and safety of hospital care? Findings from a UKmulticentre survey study.
Resumo

CONTEXTO:
A medição da segurança do paciente ainda é um desafio em todo o mundo. Os pacientes são uma fonte de aprendizagem importante, mas negligenciada. Assim, sabe-se pouco sobre o que os pacientes podem acrescentar à nossa compreensão sobre a segurança. Procuramos entender a incidência e a natureza das preocupações de segurança expressas por pacientes em hospitais.
MÉTODOS:
Coletamos feedback sobre as experiências com a segurança em hospitais junto a 2.471 pacientes internados, como parte de um estudo multicêntrico randomizado por conglomerados e controlado em lista de espera que avaliou uma intervenção realizada em 33 enfermarias de três Trusts do NHS inglês entre maio de 2013 e setembro de 2014. Pacientes voluntários, apoiados por pesquisadores, desenvolveram um referencial de classificação de preocupações de segurança relatadas pelos pacientes a partir de uma amostra aleatória de 231 relatos. Todos os relatos foram então classificados usando as categorias desenvolvidas pelos pacientes. Depois disso, todas as preocupações de segurança relatadas pelos pacientes foram submetidas a um processo de revisão clínica em duas etapas para a identificação de incidentes de segurança do paciente.
RESULTADOS:
Dos 2.471 pacientes internados recrutados, 579 apresentaram 1.155 relatos de incidentes. Foram desenvolvidas 14 categorias para a classificação dos relatos, das quais a mais frequente foi a categoria “comunicação” (22%), seguida por “problemas ligados ao pessoal” (13%) e “problemas ligados ao ambiente do cuidado” (12%). Ao todo, 406 (35%) dos 1.155 relatos de incidentes dos pacientes foram classificados por profissionais clínicos como incidentes de segurança do paciente, de acordo com a definição-padrão. Dentre os 264 pacientes, 1 em cada 10 identificou um incidente de segurança do paciente; os erros de medicação foram os incidentes relatados com mais frequência.
CONCLUSÕES:
Os nossos resultados sugerem que os pacientes podem fornecer perspectivas sobre a segurança que complementam os métodos existentes de medição da segurança do paciente, relatando incidentes com uma frequência semelhante à que é observada na revisão de casos. No entanto, os pacientes apresentam um ponto de vista único sobre a segurança hospitalar, que é diferente e complementar às definições atuais de incidentes de segurança do paciente.
PALAVRAS-CHAVE:
eventos adversos, epidemiologia e detecção; fatores humanos, erros no cuidado de saúde medição/epidemiologia; segurança do paciente; medição da qualidade.

Resumo original

BACKGROUND:
Patient safety measurement remains a global challenge. Patients are an important but neglected source of learning; however, little is known about what patients can add to our understanding of safety. We sought to understand the incidence and nature of patient-reported safety concerns in hospital.
METHODS:
Feedback about the experience of safety within hospital was gathered from 2471 inpatients as part of a multicentre, waitlist cluster randomised controlled trial of an intervention, undertaken within 33 wards across three English NHS Trusts, between May 2013 and September 2014. Patient volunteers, supported by researchers, developed a classification framework of patient-reported safety concerns from a random sample of 231 reports. All reports were then classified using the patient-developed categories. Following this, all patient-reported safety concerns underwent a two-stage clinical review process for identification of patient safety incidents.
RESULTS:
Of the 2471 inpatients recruited, 579 provided 1155 patient-reported incident reports. 14 categories were developed for classification of reports, with communication the most frequently occurring (22%), followed by staffing issues (13%) and problems with the care environment (12%). 406 of the total 1155 patient incident reports (35%) were classified by clinicians as a patient safety incident according to the standard definition. 1 in 10 patients (264 patients) identified a patient safety incident, with medication errors the most frequently reported incident.
CONCLUSIONS:
Our findings suggest that patients can provide insight about safety that complements existing patient safety measurement, with a frequency of reported patient safety incidents that is similar to those obtained via case note review. However, patients provide a unique perspective about hospital safety which differs from and adds to current definitions of patient safety incidents.

KEYWORDS:
adverse events, epidemiology and detection; human factors; medical error, measurement/epidemiology; patient safety; quality measurement.

 

Revista
BMJ Quality & Safety
Data de publicação
Volume
27
Fascículo
9
doi
doi.org/10.1136/bmjqs-2017-006974