Persistência viral, reativação e mecanismos da COVID longa

Resumo
A pandemia global de COVID-19 causada pela infecção pelo coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) infectou centenas de milhões de pessoas. Após a infecção por COVID-19, um subconjunto de pacientes pode desenvolver uma ampla gama de sintomas crônicos que afetam diversos sistemas orgânicos, conhecidos como sequelas pós-agudas da infecção pelo SARS-CoV-2 (SPASC) ou simplesmente como COVID longa. Uma iniciativa patrocinada pelos National Institutes of Health, RECOVER: Researching COVID to Enhance Recovery, procurou entender a base da COVID longa em uma grande coorte de pacientes. Dada a variedade dos sintomas que ocorrem na COVID longa, os mecanismos que podem estar por trás desses sintomas variados também podem ser diversos. Esta revisão se concentra na literatura emergente que destaca o papel da persistência viral ou da reativação do vírus na COVID longa. A persistência do RNA ou de antígenos do SARS-CoV-2 é observada em alguns órgãos; no entanto, o mecanismo para tal e sua associação com respostas imunes patogênicas não estão claros. A compreensão dos mecanismos de persistência do RNA, antígeno ou outros vírus reativados e sua possível relação com respostas inflamatórias específicas que produzem os sintomas da COVID longa podem indicar uma base para o tratamento.
 

Abstract
The COVID-19 global pandemic caused by the severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) infection has infected hundreds of millions of individuals. Following COVID-19 infection, a subset can develop a wide range of chronic symptoms affecting diverse organ systems referred to as post-acute sequelae of SARS-CoV-2 infection (PASC), also known as long COVID. A National Institutes of Health-sponsored initiative, RECOVER: Researching COVID to Enhance Recovery, has sought to understand the basis of long COVID in a large cohort. Given the range of symptoms that occur in long COVID, the mechanisms that may underlie these diverse symptoms may also be diverse. In this review, we focus on the emerging literature supporting the role(s) that viral persistence or reactivation of viruses may play in PASC. Persistence of SARS-CoV-2 RNA or antigens is reported in some organs, yet the mechanism by which they do so and how they may be associated with pathogenic immune responses is unclear. Understanding the mechanisms of persistence of RNA, antigen or other reactivated viruses and how they may relate to specific inflammatory responses that drive symptoms of PASC may provide a rationale for treatment.