Pesquisa da Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue sobre experiências de bancos de sangue e serviços de transfusão durante a pandemia de COVID-19
Contexto e objetivos: A pandemia do coronavírus 2019 (COVID-19) afetou os sistemas de transfusão de sangue em todo o mundo. Os desafios incluíram a manutenção do suprimento de sangue e o início da coleta e uso do plasma convalescente de COVID-19 (PCC). Compartilhar informações sobre os desafios pode ajudar a melhorar a coleta e a utilização do sangue.
Materiais e métodos: Um questionário de pesquisa foi distribuído aos membros da Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue em 95 países. Registramos informações demográficas dos entrevistados, impactos no suprimento de sangue, coleta e uso de PCC, demandas transfusionais e desafios operacionais.
Resultados: Foram analisadas 82 respostas de 42 países, incluindo 24 países de baixa e média renda. Os participantes trabalhavam em estabelecimentos de sangue nacionais (26,8%) e regionais (26,8%) e em instituições hospitalares (42,7%). A coleta e a transfusão de PCC foram relatadas por 63% e 36,6% dos entrevistados, respectivamente. Ocorreram diminuições nas doações de sangue em 70,6% das unidades de coleta. Apesar das medidas de segurança e das estratégias de recrutamento, o medo dos doadores e a recusa das instituições em receber doações de sangue foram os principais fatores que contribuíram para isso. Quase metade dos entrevistados que trabalhavam nos serviços médicos de transfusão era de hospitais de grande porte, com mais de 10 mil transfusões de hemácias por ano, e 76,8% desses hospitais apresentavam escassez de sangue. As práticas variaram na aceitação de doadores de sangue ou PCC após um histórico de infecção por COVID-19, transfusão de PCC ou vacinação. Os desafios operacionais incluíram perda de pessoal, aumento das cargas de trabalho e atrasos no fornecimento de reagentes. Quase metade das instituições modificou seus planos de desastre durante a pandemia.
Conclusão: Os desafios enfrentados pelos sistemas de transfusão de sangue durante a pandemia da COVID-19 destacam a necessidade de orientação, harmonização e fortalecimento da preparação e da capacidade dos sistemas de transfusão de sangue contra futuras ameaças infecciosas.
Background and objectives: The coronavirus disease 2019 (COVID-19) pandemic has impacted blood systems worldwide. Challenges included maintaining blood supplies and initiating the collection and use of COVID-19 convalescent plasma (CCP). Sharing information on the challenges can help improve blood collection and utilization.
Materials and methods: A survey questionnaire was distributed to International Society of Blood Transfusion members in 95 countries. We recorded respondents' demographic information, impacts on the blood supply, CCP collection and use, transfusion demands and operational challenges.
Results: Eighty-two responses from 42 countries, including 24 low- and middle-income countries, were analysed. Participants worked in national (26.8%) and regional (26.8%) blood establishments and hospital-based (42.7%) institutions. CCP collection and transfusion were reported by 63% and 36.6% of respondents, respectively. Decreases in blood donations occurred in 70.6% of collecting facilities. Despite safety measures and recruitment strategies, donor fear and refusal of institutions to host blood drives were major contributing factors. Almost half of respondents working at transfusion medicine services were from large hospitals with over 10,000 red cell transfusions per year, and 76.8% of those hospitals experienced blood shortages. Practices varied in accepting donors for blood or CCP donations after a history of COVID-19 infection, CCP transfusion, or vaccination. Operational challenges included loss of staff, increased workloads and delays in reagent supplies. Almost half of the institutions modified their disaster plans during the pandemic.
Conclusion: The challenges faced by blood systems during the COVID-19 pandemic highlight the need for guidance, harmonization, and strengthening of the preparedness and the capacity of blood systems against future infectious threats.