Pico de incidência de infecções da corrente sanguínea associadas a cateteres venosos centrais por bactérias gram-negativas durante o verão: um estudo de coorte nacional sobre sazonalidade
As infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS) associadas a cateteres venosos centrais causam aumentos parcialmente evitáveis da morbidade, da mortalidade e dos custos hospitalares. O fenômeno da sazonalidade nas taxas de IPCS não foi inteiramente elucidado, mas tem implicações para a vigilância precisa e para os estudos relacionados à prevenção de infecções. Realizamos um estudo de coorte dinâmico longitudinal em hospitais que realizaram a vigilância de infecções da corrente sanguínea em todo o hospital ou em unidades de terapia intensiva durante pelo menos um ano completo entre 2000 e 2014. Utilizamos a análise de regressão binomial negativa de efeitos mistos para calcular a razão entre as taxas máxima e mínima de IPCS entre os meses como uma razão de taxas de incidência (RTI) ajustada, com intervalos de confiança (IC) de 95%. Usamos modelos de regressão multivariada para examinar as associações entre os patógenos das IPCS e a temperatura ambiente e umidade relativa. A população do estudo incluiu 104 hospitais, compreendendo 11.239 IPCS. A análise de regressão identificou um aumento das taxas totais de IPCS em todo o hospital durante os meses de julho e agosto, com uma maior razão entre as taxas máxima e mínima de infecção por bactérias gram-negativas (RTI 2,52 [IC 95% 1,92-3,30], p<0,001) em comparação com bactérias gram-positivas (RTI 1,29 [IC 95% 1,11-1,48], p<0,001). A análise de subgrupos confirmou esta tendência para IPCS diagnosticadas na unidade de terapia intensiva. Apenas as taxas de IPCS por bactérias gram-negativas estiveram associadas ao aumento da temperatura (RTI +30,3% por aumento de 5 °C [IC 95% 17,3-43,6], p<0,001) e da umidade (RTI +22,9% por aumento de 10% [IC 95% 7,7-38,3], p<0,001). A incidência e a proporção de IPCS por bactérias gram-negativas praticamente dobrou durante as épocas de verão. A temperatura e umidade ambiente estiveram associadas a um aumento de infecções por bactérias gram-negativas adquiridas em hospitais. A vigilância de IPCS, os estudos sobre intervenções preventivas e os estudos epidemiológicos devem considerar a variação sazonal e os fatores climatológicos ao preparar os desenhos de estudo ou ao interpretar os seus resultados.
Abstract
Central line-associated bloodstream infections (CLABSI) cause increased morbidity, mortality, and hospital costs that are partially preventable. The phenomenon of seasonality among CLABSI rates has not been fully elucidated, but has implications for accurate surveillance and infection prevention trials. Longitudinal dynamic cohort of hospitals participating in hospital-wide and intensive care unit bloodstream infection surveillance for at least one full year over 2000 to 2014. Mixed-effects negative binomial regression analysis calculated the peak-to-low ratio between months as an adjusted CLABSI incidence rate ratio (IRR) with 95% confidence intervals (CI). Multivariate regression models examined the associations between CLABSI pathogens and ambient temperature and relative humidity. The study population included 104 hospital sites comprising 11,239 CLABSI. Regression analysis identified a hospital-wide increase in total CLABSI during July-August, with a higher gram-negative peak-to-low incidence rate ratio (IRR 2.52 [95% CI 1.92-3.30], p < 0.001) compared to gram-positive bacteria (IRR 1.29 [95% CI 1.11-1.48], p < 0.001). Subgroup analysis replicated this trend for CLABSI diagnosed in the intensive care unit. Only gram-negative CLABSI rates were associated with increased temperature (IRR + 30.3% per 5 °C increase [95% CI 17.3-43.6], p < 0.001) and humidity (IRR + 22.9% per 10% increase [95% CI 7.7-38.3), p < 0.001). The incidence and proportion of gram-negative CLABSI approximately doubled during the summer periods. Ambient temperature and humidity were associated with increases of hospital-acquired gram-negative infections. CLABSI surveillance, preventive intervention trials and epidemiological studies should consider seasonal variation and climatological factors when preparing study designs or interpreting their results.