Plaquetas criopreservadas no tratamento do sangramento em hospitais remotos: um estudo de viabilidade clínica na Suécia

Agneta Wikman ; Beatrice Diedrich ; Karl Björling ; Per-Olof Forsberg ; Anna-Maria Harstad ; Ragnar Henningsson ; Petter Höglund
Título original:
Cryopreserved platelets in bleeding management in remote hospitals: A clinical feasibility study in Sweden
Resumo:

Resumo
Contexto: As transfusões equilibradas, incluindo a transfusão de plaquetas, são fundamentais para a manutenção da hemostase em pacientes com sangramento. Muitos hospitais rurais não possuem estoques de plaquetas ou têm estoques limitados, e o tempo de transporte para hospitais maiores é de várias horas. Este estudo procurou avaliar a viabilidade do uso de plaquetas criopreservadas, que podem ser armazenadas por vários anos, em hospitais remotos sem estoque ou com estoque limitado de plaquetas.
Materiais e métodos: Três hospitais remotos participaram de um estudo prospectivo que examinou pacientes adultos com sangramento com indicação para transfusão de plaquetas. As plaquetas criopreservadas foram preparadas em um hospital universitário, concentradas em 10 ml, transportadas em gelo seco e armazenadas a   -80°C no hospital local. Conforme necessário, os concentrados de plaquetas foram descongelados e diluídos em plasma fresco congelado. Avaliamos as indicações, as necessidades de transfusão de sangue e os parâmetros laboratoriais pré e pós-transfusão. Também examinamos questões logísticas, tais como o tempo desde o pedido até a transfusão e os esforços na preparação das plaquetas criopreservadas.
Resultados: O estudo incluiu 23 pacientes com sangramento. Destes, 9 (39%) receberam tratamento para sangramento gastrointestinal, 5 (22%) para sangramento perioperatório e 4 (17%) para sangramento traumático. As necessidades de transfusão (média ± DP) foram de 4,9 ± 3,3 unidades de hemácias, 3,2 ± 2,3 unidades de plasma e 1,9 ± 2,2 unidades de plaquetas, das quais 1,5 ± 1,1 foram criopreservadas. Um paciente teve uma reação alérgica leve. Não constatamos diferenças nos resultados laboratoriais pré e pós-transfusão nos pacientes com sangramento que receberam as unidades criopreservadas. O tempo médio desde o pedido de plaquetas criopreservadas até a transfusão foi de 64 minutos, variando de 25 a 180 minutos.
Conclusão: O uso de plaquetas criopreservadas em hospitais remotos é viável do ponto de vista logístico para o tratamento do sangramento. A possibilidade de contar com plaquetas em estoque reduz o tempo até a transfusão de plaquetas em pacientes com sangramento, nos quais a alternativa frequentemente representaria um atraso de várias horas. A eficácia clínica e a segurança, demonstradas previamente em outros estudos, foram corroboradas neste pequeno estudo de viabilidade.
 

Resumo Original:

Abstract
Background: Balanced transfusions, including platelets, are critical for bleeding patients to maintain hemostasis. Many rural hospitals have no or limited platelet inventory, with several hours of transport time from larger hospitals. This study aimed to evaluate the feasibility of using cryopreserved platelets that can be stored for years, in remote hospitals with no or limited platelet inventory.
Material and methods: Three remote hospitals participated in a prospective study including adult bleeding patients where platelet transfusions were indicated. Cryopreserved platelets were prepared in a university hospital, concentrated in 10 ml, transported on dry ice, and stored at -80°C at the receiving hospital. At request, the concentrated platelet units were thawed and diluted in fresh frozen plasma. The indications, blood transfusion needs, and laboratory parameters pre- and post-transfusion, as well as logistics, such as time from request to transfusion and work efforts in preparing cryopreserved platelets, were evaluated.
Results: Twenty-three bleeding patients were included. Nine patients (39%) were treated for gastrointestinal bleeding, five (22%) for perioperative bleeding, and four (17%) for trauma bleeding. The transfusion needs were 4.9 ± 3.3 red blood cell units, 3.2 ± 2.3 plasma units, and 1.9 ± 2.2 platelet units, whereof cryopreserved were 1.5 ± 1.1 (mean ± SD). One patient had a mild allergic reaction. We could not show the difference in laboratory results between pre- and post-transfusion of the cryopreserved units in the bleeding patients. The mean time from the order of cryopreserved platelets to transfusion was 64 min, with a range from 25 to 180 min.
Conclusion: Cryopreserved platelets in remote hospitals are logistically feasible in the treatment of bleeding. The ability to have platelets in stock reduces the time to platelet transfusion in bleeding patients where the alternative often is many hours delay. Clinical effectiveness and safety previously shown in other studies are supported in this small feasibility study.

 

 

Fonte:
Frontiers in Public Health ; 1073318.; 2024. DOI: 10.3389/fpubh.2022.1073318.