A prática do debriefing de eventos críticos: um estudo transversal baseado em pesquisa com anestesiologistas portugueses

O debriefing é um procedimento essencial para identificar erros, melhorar a comunicação, analisar o desempenho da equipe e fornecer apoio emocional após um evento crítico. Este estudo teve como objetivo descrever a prática atual e as limitações do debriefing e avaliar opiniões sobre o melhor momento, a eficácia, a necessidade de treinamento, o uso do formato estabelecido e os objetivos esperados do debriefing entre anestesiologistas portugueses. MÉTODOS: Realizamos uma pesquisa nacional transversal on-line analisando a prática de debriefing dos anestesiologistas após eventos críticos em hospitais portugueses. O questionário foi distribuído usando uma técnica de amostragem em bola de neve de julho a setembro de 2021. Os dados foram analisados de forma descritiva e comparativa. RESULTADOS: Obtivemos respostas de 186 anestesiologistas (11,3% do total). O evento respiratório agudo foi o tipo de evento crítico mais relatado (96%). O debriefing ocorreu raramente ou nunca em 53% dos casos, 59% dos entrevistados precisaram de mais treinamento em debriefing e apenas 4% relataram ter ferramentas específicas em suas instituições para realizá-lo. Não houve associação estatística entre ter um protocolo de debriefing e a ocorrência de eventos críticos (P=0,474) ou ter uma equipe treinada (P=0,95). A existência de protocolos foi associada a menores frequências de debriefing (P=0,017). CONCLUSÕES: Os anestesiologistas portugueses sabem que o debriefing é um processo essencial que aumenta a segurança do paciente, mas, entre os pesquisados, há a necessidade de uma cultura ou prática de debriefing adequada.
 

Debriefing is an essential procedure for identifying medical errors, improving communication, reviewing team performance, and providing emotional support after a critical event. This study aimed to describe the current practice and limitations of debriefing and gauge opinions on the best timing, effectiveness, need for training, use of established format, and expected goals of debriefing among Portuguese anesthesiologists. METHODS: We performed a national cross-sectional online survey exploring the practice of anesthesiologists' debriefing practice after critical events in Portuguese hospitals. The questionnaire was distributed using a snowball sampling technique from July to September 2021. Data were descriptively and comparatively analyzed. RESULTS: We had replies from 186 anesthesiologists (11.3% of the Portuguese pool). Acute respiratory event was the most reported type of critical event (96%). Debriefing occurred rarely or never in 53% of cases, 59% of respondents needed more training in debriefing, and only 4% reported having specific tools in their institutions to carry it out. There was no statistical association between having a debriefing protocol and the occurrence of critical events (P=.474) or having trained personnel (P=.95). The existence of protocols was associated with lower frequencies of debriefing (P=.017). CONCLUSIONS: Portuguese anesthesiologists know that debriefing is an essential process that increases patient safety, but among those surveyed, there is a need for an adequate debriefing culture or practice. TRIAL REGISTRATION: Research registry 7741 (https://www.researchregistry.com/browse-the-registry#home).