CONTEXTO: Os países de renda baixa/média (PRBM) concentram uma proporção substancial das complicações cirúrgicas em todo o mundo. O problema é agravado pela documentação aparentemente deficiente das complicações pós-cirúrgicas e pela falta de uma média nacional para comparação. Neste contexto, a implementação do Programa Nacional de Melhoria da Qualidade Cirúrgica (NSQIP, na sigla em inglês) do American College of Surgeons (ACS), que compara o desempenho hospitalar com base nos dados de complicações pós-cirúrgicas fornecidos por uma grande variedade de centros, poderia ser uma iniciativa importante em um cenário de recursos limitados. A implementação do NSQIP tem comprovadamente mitigado a morbidade e mortalidade pós-operatória em muitos centros em todo o mundo. Até onde sabemos, este artigo é o primeiro a descrever o efeito do programa nas complicações neurocirúrgicas pós-operatórias em um PRBM em comparação com benchmarks internacionais. MÉTODOS: Nosso hospital aderiu ao NSQIP em 2019. Utilizando um protocolo padronizado do ACS, revisores clínicos cirúrgicos (RCCs) treinados pelo ACS revisaram e extraíram dados de prontuários médicos de pacientes neurocirúrgicos escolhidos aleatoriamente, desde o período pré-operatório até o pós-operatório (30 dias), usando definições de dados validadas e padronizadas. Os RCCs inseriram dados anonimizados em uma plataforma on-line segura, baseada no Health Insurance Portability and Accountability Act. Os dados validados foram então enviados à sede do ACS nos Estados Unidos, onde foram analisados e comparados com dados similares de outros centros registrados no NSQIP. Desta forma, o nosso hospital foi avaliado em cada uma das variáveis relacionadas a complicações pós-cirúrgicas após procedimentos vertebrais e cranianos, e os resultados nos foram enviados de volta na forma de texto, tabelas e gráficos. RESULTADOS: O relatório inicial sugeriu um odds ratio relativamente mais alto para sepse e reinternações após procedimentos vertebrais em nosso hospital, além de um odds ratio mais alto para morbidade, sepse, infecção do trato urinário e infecção de sítio cirúrgico para procedimentos cranianos. Para estas variáveis, nosso hospital caiu na categoria "precisa melhorar" do NSQIP. Para as demais variáveis estudadas, tanto para os procedimentos vertebrais quanto cranianos, o hospital caiu na categoria "conforme esperado" do NSQIP. CONCLUSÕES: A implementação do NSQIP é um primeiro passo importante na criação de uma cultura de transparência, segurança e qualidade. Este é o primeiro artigo a descrever a implementação do NSQIP em um PRBM, tendo sido encontrados resultados comparáveis aos de países desenvolvidos.
BACKGROUND: Low-middle-income countries (LMICs) share a substantial proportion of global surgical complications. This is compounded by the seemingly deficient documentation of postsurgical complications and the lack of a national average for comparison. In this context, the implementation of the American College of Surgeons (ACS) National Surgical Quality Improvement Program (NSQIP) that compares hospital performance based on postsurgical complication data provided by a wide array of centers, could be a major initiative in a resource-challenged setting. Implementation of the NSQIP has provenly mitigated postoperative morbidity and mortality across many centers all over the world. To our knowledge, this report is the first from an LMIC to report its postoperative neurosurgical complications in comparison with international benchmarks. METHODS: Our hospital joined the NSQIP in 2019. Through a standardized ACS protocol, ACS-trained surgical clinical reviewers (SCRs) reviewed and extracted data from randomly assigned neurosurgical patients' medical records from preoperative to postoperative (30-day) data using validated, standardized data definitions. SCRs entered deidentified data in an online Health Insurance Portability and Accountability Act web-based secure platform. The validated data were then consigned to the ACS NSQIP head office in the United States where the data were analyzed and compared with similar data from other centers registered with the NSQIP. In this way, our hospital was rated for each of the variables related to postsurgical complications after both spinal and cranial procedures, and the results were sent back to us in the form of text, tables, and graphs. RESULTS: Our initial report suggested a relatively higher odds ratio for sepsis and readmissions after spinal procedures at our hospital, and a similarly higher odds ratio for morbidity, sepsis, urinary tract infection, and surgical site infection for cranial procedures. For these variables, our hospital fell in the needs improvement category of the NSQIP. For the rest of the variables studied for both spinal and cranial procedures, the hospital fell in the as expected category of the NSQIP. CONCLUSIONS: Implementation of the NSQIP is an important first step in creating a culture of transparency, safety, and quality. This is the first report of NSQIP implementation in an LMIC, and we have shown comparable results to developed countries.