Programas de prevenção de quedas de pacientes internados como uma estratégia de segurança do paciente: uma revisão sistemática

MIAKE- LYE, I. M. ; HEMPEL, S. ; GANZ, D. A. ; SHEKELLE, P. G.
Título original:
Inpatient Fall Prevention Programs as a Patient Safety Strategy: A Systematic Review
Resumo:

A ocorrência de quedas é comum entre pacientes internados. Várias revisões, incluindo quatro metanálises que envolveram 19 estudos, mostram que os programas multifacetados de prevenção de quedas entre pacientes internados reduzem o risco relativo de quedas em até 30%. O objetivo desta revisão atualizada foi reavaliar os benefícios e danos dos programas de prevenção de quedas em ambientes de cuidado de pacientes agudos e identificar os fatores associados ao êxito na implementação desses programas. Buscamos novas evidências no banco de dados PubMed, analisando estudos publicados no período de 2005 a setembro de 2012. Dois novos estudos controlados e randomizados de grande dimensão corroboram as conclusões das metanálises existentes. Não foi identificado um conjunto ideal de componentes. Os danos não foram examinados sistematicamente; porém, dentre os danos em potencial estão o maior uso da contenção física e de medicamentos sedativos e um menor esforço para mobilizar os pacientes. Onze estudos mostraram que os seguintes temas estão associados ao êxito na implementação dos programas: apoio das lideranças, envolvimento dos profissionais da linha de frente na concepção dos programas, condução do programa de prevenção por um comitê multidisciplinar, uso de testes-piloto para avaliar as intervenções, uso de sistemas de tecnologia da informação para obter dados sobre a ocorrência de quedas, educação e treinamento dos profissionais e mudanças em atitudes niilistas quanto à prevenção de quedas. Os estudos futuros devem procurar aumentar os conhecimentos sobre o tema identificando conjuntos ideais de intervenções para pacientes específicos e determinando se a efetividade dos programas depende mais do conjunto de componentes utilizado ou da adoção de certas estratégias de implementação.

Pontos principais:

  • A taxa de quedas em hospitais de cuidado de pacientes agudos varia de 1 a 9 por 1.000
  • Evidências de alta qualidade mostram que intervenções multifacetadas podem reduzir o risco de quedas intra-hospitalares em até 30%;
  • O conjunto ideal de componentes dessas intervenções ainda não foi estabelecido; entretanto, dentre os componentes comuns estão a avaliação de risco dos pacientes, a educação de pacientes e profissionais, o uso de sinalização à beira do leito e de pulseiras de alerta, o aconselhamento sobre calçados, a programação e supervisão do uso do banheiro e a revisão dos medicamentos utilizados pelo paciente;
  • Os danos causados pelas intervenções multifacetadas não estão claros, pois não foram estudados sistematicamente; contudo, podem incluir o maior uso da contenção física e de medicamentos sedativos e um menor esforço em mobilizar os pacientes;
  • As evidências sobre o êxito na implementação de intervenções multifacetadas sugerem que os seguintes fatores sejam importantes: apoio das lideranças, envolvimento dos profissionais da linha de frente na concepção da intervenção, condução do programa por um comitê multidisciplinar, uso de testes-piloto para avaliar a intervenção e mudanças nas atitudes niilistas quanto às quedas.
Resumo Original:

Falls are common among inpatients. Several reviews, including 4 meta-analyses involving 19 studies, show that multicomponent programs to prevent falls among inpatients reduce relative risk for falls by as much as 30%. The purpose of this updated review is to reassess the benefits and harms of fall prevention programs in acute care settings and to identify factors associated with successful implementation of these programs. We searched for new evidence using PubMed from 2005 to September 2012. Two new, large, randomized, controlled trials supported the conclusions of the existing meta-analyses. An optimal bundle of components was not identified. Harms were not systematically examined, but potential harms included increased use of restraints and sedating drugs and decreased efforts to mobilize patients. Eleven studies showed that the following themes were associated with successful implementation: leadership support, engagement of front-line staff in program design, guidance of the prevention program by a multidisciplinary committee, pilot-testing interventions, use of information technology systems to provide data about falls, staff education and training, and changes in nihilistic attitudes about fall prevention. Future research would advance knowledge by identifying optimal bundles of component interventions for particular patients and by determining whether effectiveness relies more on the mix of the components or use of certain implementation strategies.

Key Summary Points:

  • The rate of falls in acute care hospitals ranges from approximately 1 to 9 per 1000 bed-days;
  • High-quality evidence shows that multicomponent interventions can reduce risk for in-hospital falls by as much as 30%;
  • The optimal bundle of components is not established, but common components include risk assessments for patients, patient and staff education, bedside signs and wristband alerts, footwear advice, scheduled and supervised toileting, and a medication review;
  • Harms of multicomponent interventions are unclear because they have not been studied systematically, but they may include the potential for increased use of restraints and sedating drugs and decreased efforts to mobilize patients;
  • Evidence about successful implementation of multicomponent interventions suggests that the following are important factors: leadership support, engagement of front-line clinical staff in the design of the intervention, guidance by a multidisciplinary committee, pilot-testing the intervention, and changing nihilistic attitudes about falls.
Fonte:
Annals of Internal Medicine ; 158(5 Part 2): 390-396; 2013. DOI: 10.7326/0003-4819-158-5-201303051-00005.
DECS:
acidentes por queda, prevenção e controle, segurança do paciente, revisão