Resultados maternos e perinatais de mulheres grávidas com infecção pelo SARS-CoV-2
Objetivos: Avaliar os resultados maternos e perinatais de gestações afetadas por uma infecção pelo SARS-CoV-2. Métodos: Realizamos um estudo de coorte retrospectivo multinacional incluindo mulheres com uma gestação única e infecção pelo SARS-CoV-2 confirmada em laboratório, realizado em 72 centros de 22 países da Europa, EUA, América do Sul, Ásia e Austrália, entre 1 de fevereiro e 30 de abril de 2020. A infecção confirmada pelo SARS-CoV-2 foi definida como um resultado positivo no exame de reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) de amostras de esfregaços nasofaríngeos. O desfecho primário foi uma medida composta da mortalidade e morbidade materna, incluindo internação em unidade de terapia intensiva (UTI), uso de ventilação mecânica e morte. Resultados: Ao todo, 388 mulheres com gestação única testaram positivo e foram incluídas no estudo. O resultado materno adverso composto foi observado em 47/388 (12,1%) mulheres; 43 (11,1%) mulheres foram internadas na UTI, 36 (9,3%) precisaram de ventilação mecânica e três (0,8%) morreram. Das 388 mulheres incluídas no estudo, 122 (31,4%) ainda estavam grávidas no momento da análise dos dados. Entre as outras 266 mulheres, 6 (19,4% das 31 mulheres com infecção no primeiro trimestre) tiveram aborto espontâneo, 3 (1,1%) tiveram interrupção da gravidez, 6 (2,3%) deram à luz um bebê natimorto e 251 (94,4%) deram à luz um bebê nascido vivo. A taxa de nascimento pré-termo antes da 37ª semana de gestação foi de 26,3% (70/266). Dos 251 bebês nascidos vivos, 69/251 (27,5%) foram internados na UTI neonatal, e houve 5 (2,0%) mortes neonatais. A taxa geral de morte perinatal foi de 4,1% (11/266). Apenas um (1/251, 0,4%) bebê, nascido de uma mãe que testou positivo durante o terceiro trimestre, testou positivo para o SARS-CoV-2 no RT-PCR. Conclusões: A infecção pelo SARS-CoV-2 em mulheres grávidas está associada a uma taxa de mortalidade materna de 0,8%, mas também a uma taxa de 11,1% de internação na UTI. O risco de transmissão vertical parece ser insignificante.
Objectives: To evaluate the maternal and perinatal outcomes of pregnancies affected by SARS-CoV-2 infection. Methods: This was a multinational retrospective cohort study including women with a singleton pregnancy and laboratory-confirmed SARS-CoV-2 infection, conducted in 72 centers in 22 different countries in Europe, the USA, South America, Asia and Australia, between 1 February 2020 and 30 April 2020. Confirmed SARS-CoV-2 infection was defined as a positive result on real-time reverse-transcription polymerase chain reaction (RT-PCR) assay of nasopharyngeal swab specimens. The primary outcome was a composite measure of maternal mortality and morbidity, including admission to the intensive care unit (ICU), use of mechanical ventilation and death. Results: In total, 388 women with a singleton pregnancy tested positive for SARS-CoV-2 on RT-PCR of a nasopharyngeal swab and were included in the study. Composite adverse maternal outcome was observed in 47/388 (12.1%) women; 43 (11.1%) women were admitted to the ICU, 36 (9.3%) required mechanical ventilation and three (0.8%) died. Of the 388 women included in the study, 122 (31.4%) were still pregnant at the time of data analysis. Among the other 266 women, six (19.4% of the 31 women with first-trimester infection) had miscarriage, three (1.1%) had termination of pregnancy, six (2.3%) had stillbirth and 251 (94.4%) delivered a liveborn infant. The rate of preterm birth before 37 weeks' gestation was 26.3% (70/266). Of the 251 liveborn infants, 69/251 (27.5%) were admitted to the neonatal ICU, and there were five (2.0%) neonatal deaths. The overall rate of perinatal death was 4.1% (11/266). Only one (1/251, 0.4%) infant, born to a mother who tested positive during the third trimester, was found to be positive for SARS-CoV-2 on RT-PCR. Conclusions: SARS-CoV-2 infection in pregnant women is associated with a 0.8% rate of maternal mortality, but an 11.1% rate of admission to the ICU. The risk of vertical transmission seems to be negligible.
