Saúde e desenvolvimento sustentável; fortalecimento do cuidado perioperatório em países de baixa renda para melhorar os resultados maternos e neonatais
Contexto: Uganda está longe de atingir as metas de desenvolvimento sustentável sobre mortalidade materna e neonatal, com uma taxa de mortalidade materna de 383/100.000 nascidos vivos. Além disso, 33% das mulheres dão à luz antes dos 18 anos de idade. A taxa de mortalidade neonatal é de 29/1.000 nascidos vivos, e 96 natimortos ocorrem todos os dias por descolamento prematuro da placenta e/ou eclâmpsia/pré-eclâmpsia e outras causas desconhecidas. Essa mortalidade poderia ser reduzida com o acesso à cirurgia segura e rápida e à anestesia segura se fossem implementados serviços de Atenção Integral Obstétrica e Neonatal (AION) e terapia intensiva pós-operatória apropriada. Um estudo multinacional feito em 2013 por Epiu et al. mostrou que a Lista de Verificação para Cirurgia Segura não estava disponível para uso nos principais hospitais de referência da África Oriental. Por isso, decidimos verificar a disponibilidade e o uso das listas de verificação da OMS em 64 hospitais públicos e privados de Uganda, investigar o cuidado pós-operatório prestado às parturientes e defender a implementação de AION em países de baixa renda com cargas de doença semelhantes. Métodos: Este estudo transversal foi realizado em 64 hospitais públicos e privados em Uganda, utilizando questionários predefinidos. Resultados: Pesquisamos 41% de todos os hospitais em Uganda: 100% dos hospitais públicos de referência regionais, 16% dos hospitais públicos distritais e 33% dos hospitais privados. Só 22/64 (34,38%; IC 95%=23,56-47,09) utilizavam a Lista de Verificação para Cirurgia Segura da OMS. Além disso, apenas 6% dos hospitais públicos e 14% dos hospitais sem fins lucrativos tinham acesso a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para atenção pós-operatória, em comparação com 57% dos hospitais privados. Conclusões: Existe uma necessidade urgente de disponibilizar e operacionalizar as listas de verificação da OMS. O reforço do cuidado perioperatório em obstetrícia diminuiria a morbidade materna e neonatal e permitiria avançar em direção às metas de maternidade segura, trabalhando para o objetivo de Cobertura Universal de Saúde.
Background: Uganda is far from meeting the sustainable development goals on maternal and neonatal mortality with a maternal mortality ratio of 383/100,000 live births, and 33% of the women gave birth by 18 years. The neonatal mortality ratio was 29/1000 live births and 96 stillbirths occur every day due to placental abruption, and/or eclampsia - preeclampsia and other unkown causes. These deaths could be reduced with access to timely safe surgery and safe anaesthesia if the Comprehensive Emergency Obstetric and Newborn Care services (CEmONC), and appropriate intensive care post operatively were implemented. A 2013 multi-national survey by Epiu et al. showed that, the Safe Surgical Checklist was not available for use at main referral hospitals in East Africa. We, therefore, set out to further assess 64 government and private hospitals in Uganda for the availability and usage of the WHO Checklists, and investigate the post-operative care of paturients; to advocate for CEmONC implementation in similarly burdened low income countries. Methods: The cross-sectional survey was conducted at 64 government and private hospitals in Uganda using preset questionnaires. Results: We surveyed 41% of all hospitals in Uganda: 100% of the government regional referral hospitals, 16% of government district hospitals and 33% of all private hospitals. Only 22/64 (34.38%: 95% CI = 23.56-47.09) used the WHO Safe Surgical Checklist. Additionally, only 6% of the government hospitals and 14% not-for profit hospitals had access to Intensive Care Unit (ICU) services for postoperative care compared to 57% of the private hospitals. Conclusions: There is urgent need to make WHO checklists available and operationalized. Strengthening peri-operative care in obstetrics would decrease maternal and neonatal morbidity and move closer to the goal of safe motherhood working towards Universal Health Care.