Segurança do paciente em serviços de emergência: um problema para os sistemas de saúde? Um inquérito internacional

Roberta Petrino ; Eeva Tuunainen ; Giulia Bruzzone ; Luis Garcia-Castrillo
Título original:
Patient safety in emergency departments: a problem for health care systems? An international survey
Resumo:

CONTEXTO E IMPORTÂNCIA: A segurança do paciente no setor da saúde é um dos pilares da qualidade do cuidado. O serviço de emergência (SE), por sua própria natureza, é um local onde podem ocorrer erros e problemas de segurança. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar as percepções dos profissionais da saúde sobre o nível de segurança em SEs e identificar em quais domínios do trabalho a segurança parece estar mais em risco. DESENHO E PARTICIPANTES: Entre 30 de janeiro e 27 de fevereiro de 2023, um questionário sobre os principais domínios da segurança foi distribuído aos profissionais de saúde de SEs através da rede de contatos da European Society of Emergency Medicine. O questionário abordava cinco domínios principais: trabalho em equipe, liderança para a segurança, ambiente físico e equipamentos, profissionais/equipes externas e fatores organizacionais e informáticos, com várias perguntas para cada domínio. Também foram incluídas outras perguntas sobre o controle de infecções e o moral da equipe. O coeficiente alfa de Cronbach foi calculado para garantir a consistência interna. MEDIDAS E ANÁLISE: Foi desenvolvida uma pontuação para cada domínio somando os valores das questões usando a seguinte classificação: nunca (1), raramente (2), às vezes (3), geralmente (4) e sempre (5), e os resultados foram agregados em três categorias. Foi calculado um tamanho amostral necessário de 1.000 participantes. Usamos o método de Wald para analisar a consistência das perguntas e o teste X2 para a análise inferencial. RESULTADOS PRINCIPAIS: O inquérito contou com 1.256 respostas de 101 países diferentes; 70% dos participantes eram de países europeus. O questionário foi respondido por 1.045 (84%) médicos e 199 (16%) enfermeiros. Ao todo, 568 profissionais (45,2%) tinham menos de 10 anos de experiência. Entre os participantes, 80,61% (intervalo de confiança [IC] de 95%, 78,42 a 82,8) afirmaram que havia dispositivos de monitoramento disponíveis, e 74,7% (IC 95%, 72,28 a 77,11) afirmaram que havia protocolos para medicações de alto risco e para triagem (66,19%) disponíveis em seus SEs. A área mais preocupante foi o desequilíbrio entre as necessidades e a disponibilidade de pessoal nos momentos de maior fluxo, considerado suficiente por apenas 22,4% (IC 95%, 20,07 a 24,69) dos médicos e 20,7% (IC 95%, 18,41 a 22,9) dos enfermeiros. Outras questões críticas foram a superlotação e uma percepção de falta de apoio por parte da administração hospitalar. Apesar dessas condições de trabalho difíceis, 83% dos profissionais disseram estar orgulhosos de trabalhar no SE (IC 95%, 81,81 a 85,89). CONCLUSÃO: Este inquérito destacou que a maioria dos profissionais da saúde identifica o SE como um ambiente com problemas de segurança específicos. Os principais fatores pareceram ser a falta de pessoal durante os períodos de grande fluxo, superlotação e percepção de falta de apoio por parte da administração hospitalar.
 

Resumo Original:

BACKGROUND AND IMPORTANCE: Patient safety in healthcare is one of the cornerstones of quality of care. The emergency department (ED) is by its very nature a place where errors and safety issues are liable to occur. OBJECTIVE: The aim of the study was to assess health professionals' perception of the level of safety in EDs and to identify in which work domains safety appears most at risk. DESIGN AND PARTICIPANTS: Between 30 January and 27 February 2023, a survey addressing the main domains of safety was distributed to ED health care professionals through the European Society of Emergency Medicine contact network. It addressed five main domains: teamwork, safety leadership, physical environment and equipment, staff/external teams, and organisational factors and informatics, with a number of items for each domain. Further questions about infection control and team morale were added. The Cronbach's alpha measure was calculated to assure internal consistency. MEASURES AND ANALYSIS: A score was developed for each domain by adding the question's value using the following ranking: never (1), rarely (2), sometimes (3), usually (4), and always (5) and was aggregated in three categories. The calculated sample size needed was 1000 respondents. The Wald method was used for analysis of the questions' consistency and X2 for the inferential analysis. MAIN RESULTS: The survey included 1256 responses from 101 different countries; 70% of respondents were from Europe. The survey was completed by 1045 (84%) doctors and 199 (16%) nurses. It was noted that 568 professionals (45.2%) had less than 10 years' experience. Among respondents, 80.61% [95% confidence interval (CI) 78.42-82.8] reported that monitoring devices were available, and 74.7% (95% CI 72.28-77.11) reported that protocols for high-risk medication and for triage (66.19%) were available in their ED. The area of greatest concern was the disproportionate imbalance between needs and the availability of staff at times of greatest flow, considered sufficient by only 22.4% (95% CI 20.07-24.69) of doctors and 20.7% (95% CI 18.41-22.9) of nurses. Other critical issues were overcrowding due to boarding and a perceived lack of support from hospital management. Despite these difficult working conditions, 83% of the professionals said they were proud to work in the ED (95% CI 81.81-85.89). CONCLUSION: This survey highlighted that most health professionals identify the ED as an environment with specific safety issues. The main factors appeared to be a shortage of personnel during busy periods, overcrowding due to boarding, and a perceived lack of support from hospital management.
 

Fonte:
European Journal of Emergency Medicine ; 30(4): 280-286; 2023. DOI: 10.1097/MEJ.0000000000001044..