Tendências temporais nas taxas de danos a pacientes causados pelo cuidado médico

BONES, C. B. ; LANDRIGAN, C. ; PARRY, G.
Título original:
Temporal Trends in Rates of Patient Harm Resulting from Medical Care
Resumo:

Contexto: Nos 10 anos desde a publicação do relatório Errar é Humano (To Err Is Human), do Instituto de Medicina (EUA), têm sido realizados grandes esforços para melhorar a segurança do paciente. O êxito desses esforços ainda não está claro.

Métodos: Realizamos um estudo retrospectivo com uma amostra aleatória estratificada de 10 hospitais da Carolina do Norte, EUA. Foi feita a revisão de 100 internações por trimestre de janeiro de 2002 a dezembro de 2007, selecionadas em sequência aleatória, por equipes de enfermeiros-revisores tanto dentro dos hospitais (revisores internos) como fora (revisores externos). Para tal, foi utilizada a Ferramenta de Rastreamento Global para Medição de Eventos Adversos (Global Trigger Tool for Measuring Adverse Events) do Instituto para Melhoria do Cuidado (IHI) dos EUA. Os danos suspeitos [de terem sido causados pelo cuidado hospitalar], identificados numa revisão inicial, foram avaliados por dois médicos-revisores independentes. Avaliamos mudanças nas taxas de danos usando um modelo de regressão de Poisson de efeitos aleatórios, com ajuste para agrupamento ao nível hospitalar, características demográficas dos pacientes, serviço e condições de saúde de alto risco.

Resultados: Dentre 2.341 internações, os revisores internos identificaram 588 danos (25,1 danos por 100 internações; intervalo de confiança [IC] de 95%, 21,4 a 24,9). Análises multivariadas dos danos identificados pelos revisores internos não apresentaram mudanças significativas na taxa geral de danos por 1.000 pacientes-dia (fator de redução, 0,99 por ano; IC 95%, 0,94 a 1,04; P=0,61) nem na taxa de danos evitáveis. Observou-se uma redução nos danos evitáveis identificados por revisores externos, que não atingiu significância estatística (fator de redução, 0,92; IC 95%, 0,85 a 1,00; P=0,06), sem mudança significativa na taxa geral de danos (fator de redução, 0,98; IC 95%, 0,93 a 1,04; P=0,47).

Conclusões: Nesse estudo que envolveu 10 hospitais da Carolina do Norte, revelou-se que os danos ainda são comuns, com poucas evidências de melhorias disseminadas. São necessários maiores esforços para transformar intervenções eficazes de segurança em práticas rotineiras e para monitorar a segurança do cuidado de saúde ao longo do tempo. (Projeto financiado pela Rx Foundation.)

Resumo Original:

Background: In the 10 year s since publication of the Institute of Medicine's repor t To Err Is Human, extensive efforts have been undertaken to improve patient safety. The success of these efforts remains unclear.

Methods: We conducted a retrospective study of a stratified random sample of 10 hospitals in North Carolina. A total of 100 admissions per quarter from January 2002 through December 2007 were reviewed in random order by teams of nurse reviewer s both within the hospitals (internal reviewer s) and outside the hospitals (external reviewer s) with the use of the Institute for Healthcare Improvement's Global Trigger Tool for Measuring Adverse Events. Suspected harms that were identified on initial review were evaluated by two independent physician reviewer s. We evaluated changes in the rates of harm, using a random-effects Poisson regression model with adjustment for hospital-level clustering, demographic characteristics of patients, hospital service, and high-risk conditions.

Results: Among 2341 admissions, internal reviewer s identified 588 harms (25.1 harms per 100 admissions; 95% confidence interval [CI], 21.4 to 24.9). Multivariate analyses of harms identified by internal reviewer s showed no significant changes in the overall rate of harms per 1.000 patient-days (reduction factor , 0.99 per year ; 95% CI, 0.94 to 1.04; P=0.61) or the rate of preventable harms. There was a reduction in preventable harms identified by external reviewer s that did not reach statistical significance (reduction factor , 0.92; 95% CI, 0.85 to 1.00; P=0.06), with no significant change in the overall rate of harms (reduction factor , 0.98; 95% CI, 0.93 to 1.04; P=0.47).

Conclusions: In a study of 10 North Carolina hospitals, we found that harms remain common, with little evidence of widespread improvement. Further efforts are needed to translate effective safety interventions into routine practice and to monitor health care safety over time.

Fonte:
The New England Journal of Medicine ; 363(22): 2124-34; 2010. DOI: 10.1056/NEJMsa1004404.
DECS:
hospitais, erros médicos, análise multivariada, estudos retrospectivos, dano ao paciente