Uma análise de erros pré-hospitalares na dosagem de medicamentos pediátricos após a implementação de um manual de referência para serviços de emergência
Contexto: Os erros na dosagem de medicamentos são comuns em pacientes pediátricos pré-hospitalares. Trabalhos anteriores mostraram que a taxa geral de erros de medicação em serviços de emergência em Michigan foi de 34,7%. Para reduzir a ocorrência desses erros, o estado de Michigan implementou em 2014 um manual de referência para a dosagem de medicamentos pediátricos, listando as doses e os volumes a serem administrados.
Objetivo: Examinar as mudanças nos erros de dosagem por serviços de emergência em Michigan após a implementação deste manual.
Métodos: Realizamos uma revisão retrospectiva do Sistema de Informação dos Serviços Médicos de Emergência de Michigan para crianças com idade ≤12 anos tratadas por 16 serviços de emergência de junho de 2016 a maio de 2017. As agências incluíram um misto de organizações públicas, privadas, do terceiro setor e ligadas aos corpos de bombeiros. Um erro de dosagem foi definido como >20% de desvio em relação à dose apropriada para o peso e listada no manual para a dosagem pediátrica. Apresentamos os resultados na forma de estatísticas descritivas, com intervalos de confiança e desvios-padrão.
Resultados: Durante o período do estudo, foram atendidos 9.247 pacientes pediátricos, dos quais 727 (7,9%) receberam medicamentos e foram incluídos no estudo. Foram administrados medicamentos em 1.078 ocasiões, com 380 erros de dosagem (35,2% [IC 95% 25,3-48,4]). As maiores taxas de erro ocorreram com dextrose a 50% (3 de 4 administrações, ou 75% [IC 95% 32,57-100,0]) e glucagon (3 de 4, ou 75% [IC 95% 32,57-100,0]). O segundo medicamento com as maiores proporções de doses incorretas foram opioides: fentanil intranasal (11 de 16, ou 68,8% [IC 95% 46,04-91,46]) e fentanil intravenoso (89 de 130, ou 68,5% [IC 95% 60,47-76,45]). A morfina apresentou uma taxa de erro muito menor (24 de 51, ou 47,1% [IC 95% 33,36-60,76]). Midazolam teve a terceira maior taxa de erro, por via intravenosa (27 de 50, ou 54,0% [IC 95% 40,19-67,81]) e intramuscular (25 de 68, ou 36,8% [IC 95% 40,19-67,81]). A adrenalina 1 mg/10 ml apresentou uma taxa de dosagem incorreta de 35 de 119 administrações (29,4% [IC 95% 20,64-36,99]). Os medicamentos para asma apresentaram a menor taxa de dosagem incorreta (sulfato de albuterol: 9 de 247, ou 3,6% [IC 95% 1,31-5,98]).
Conclusões: Os medicamentos administrados a pacientes pediátricos pré-hospitalares continuam sujeitos a erros de dosagem, apesar da implementação do manual de referência para a dosagem pediátrica. Embora tenha havido melhorias nas taxas de erro em medicamentos para asma, a taxa geral aumentou. É necessário continuar o trabalho em estratégias de segurança do paciente para reduzir os erros na dosagem de medicamentos pediátricos por serviços de emergência.
Background: Medication dosing errors are common in prehospital pediatric patients. Prior work has shown the overall medication error rate by emergency medical services (EMS) in Michigan was 34.7%. To reduce these errors, the state of Michigan implemented a pediatric dosing reference in 2014 listing medication doses and volume to be administered.
Objective: To examine changes in pediatric dosing errors by EMS in Michigan after implementation of the pediatric dosing reference.
Methods: We conducted a retrospective review of the Michigan Emergency Medical Services Information System of children ≤ 12 years of age from June 2016-May 2017 treated by 16 EMS agencies. Agencies were a mix of public, private, third-service, and fire-based. A dosing error was defined as >20% deviation from the weight-appropriate dose listed on the pediatric dosing reference. Descriptive statistics with confidence intervals and standard deviations are reported.
Results: During the study period, there were 9,247 pediatric encounters, of whom 727 (7.9%) received medications and are included in the study. There were 1078 medication administrations, with 380 dosing errors (35.2% [95% CI 25.3-48.4]). The highest error rates were for dextrose 50% (3/4 or 75% [95% CI 32.57-100.0]) and glucagon (3/4 or 75% [95% CI 32.57-100.0]). The next highest proportions of incorrect doses were opioids: intranasal fentanyl (11/16 or 68.8% [95% CI 46.04-91.46]) and intravenous fentanyl (89/130 or 68.5% [95% CI 60.47-76.45]). Morphine had a much lower error rate (24/51 or 47.1% [95% CI 33.36-60.76]). Midazolam had the third highest error rate, for intravenous (27/50 or 54.0% [95% CI (40.19-67.81]) and intramuscular (25/68 or 36.8% [95% CI 40.19-67.81]) routes. Epinephrine 1 mg/10 ml had an incorrect dosage rate of 35/119 (29.4% [95% CI 20.64-36.99]). Asthma medications had the lowest rate of incorrect dosing (albuterol sulfate 9/247 or 3.6% [95% CI 1.31-5.98]).
Conclusions: Medications administered to prehospital pediatric patients continue to demonstrate dosing errors despite pediatric dosing reference implementation. Although there have been improvements in error rates in asthma medications, the overall error rate has increased. Continued work to build patient safety strategies to reduce pediatric medication dosing errors by EMS is needed.