Uma avaliação do impacto do treinamento em fatores humanos voltado para maternidades na cultura de segurança de uma maternidade de nível terciário
Resumo
Contexto: Tem sido dada cada vez mais atenção aos fatores humanos como elementos importantes para os danos sofridos por pacientes em maternidades. Apesar das recomendações nacionais sobre o treinamento multidisciplinar em fatores humanos, há uma escassez de diretrizes e programas de treinamento orientados ao cuidado de saúde.
Objetivos: O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de um programa de treinamento em fatores humanos voltado para maternidades na cultura de segurança de uma maternidade de nível terciário.
Métodos: Este estudo de coorte observacional prospectivo foi realizado ao longo de 6 meses em uma maternidade de nível terciário. Participantes envolvidos no cuidado intraparto de alto risco preencheram o Inquérito Hospitalar sobre Cultura de Segurança do Paciente (Hospital Survey of Patient Safety Culture) antes e depois da intervenção. Realizamos uma análise estatística utilizando o teste χ com significância estatística de 5% (p=0,05).
Intervenção: O currículo de fatores humanos utilizado incluiu os temas de consciência situacional, comunicação, tomada de decisões, resolução de conflitos, trabalho em equipe e liderança. Utilizando uma abordagem de formação de formadores, foi possível estabelecer um corpo docente para difundir o treinamento multidisciplinar. As bases pedagógicas incluíram métodos de ensino tradicional em sala de aula, conteúdos em redes sociais e atividades cognitivas. Métodos de dramatização e simulações comportamentais ensinaram questões complexas de comunicação. Simulações regulares em salas de parto ajudaram a incorporar o treinamento na prática clínica.
Resultados: Os resultados demonstraram melhorias estatisticamente significativas nos seguintes domínios da cultura de segurança: abertura da comunicação, transições do cuidado, respostas não punitivas aos erros e percepção geral da segurança. Os participantes se sentiram mais capazes de questionar as decisões ou ações dos seus superiores: 33% responderam “na maioria das vezes ou sempre” em agosto, aumentando para 42% em janeiro, com uma redução de 50% nos que responderam “nunca” (p=0,02). Não constatamos mudanças relacionadas ao trabalho em equipe, aos contingentes de pessoal ou às expectativas dos administradores sobre a promoção da segurança do paciente.
Conclusões: Este estudo é uma prova de conceito de que o treinamento em fatores humanos voltado para maternidades pode melhorar a cultura de segurança.
Abstract
Background: Human factors have risen to attention in maternity as key contributors to patient harm. Despite national recommendation for multidisciplinary human factors training, there is a lack of guidance and healthcare-orientated training.
Objectives: The aim of the study was to evaluate the impact of maternity-orientated human factors training program on safety culture in a tertiary maternity unit.
Methods: This prospective observational cohort study was conducted for 6 months in a tertiary maternity unit. Participants involved in high-risk intrapartum care completed the Hospital Survey of Patient Safety Culture before and after intervention. Statistical analysis was performed using the χ test with statistical significance at 5% (P = 0.05).
Intervention: The human factors curriculum included situational awareness, communication, decision-making, conflict resolution, teamwork, and leadership. A train-the-trainer approach generated a faculty to disseminate multidisciplinary training. Traditional classroom teaching, social media content, and cognitive activities provided theoretical foundations. Forum theater and behavioral simulation taught complex communication issues. Regular labor ward simulations helped embed training into clinical practice.
Results: The results demonstrated statistically significant improvement in safety culture domains of communication openness, handover, nonpunitive response to error, and overall safety perception. Participants felt more able to challenge decisions or actions of those in authority, 33% responded "most of the time or always" in August increasing to 42% in January with a reduction of 50% in those responding "never" (P = 0.02). No change was found relating to team working, staffing or manager expectations promoting patient safety.
Conclusions: This study is proof-of-concept that maternity-orientated human factors training can improve safety culture.