Uma revisão exploratória de indicadores captados em prontuários eletrônicos para avaliar a qualidade do cuidado prestado em UTIs
Contexto: A morbidade e a mortalidade adicionais observadas após uma doença crítica são cada vez mais atribuídas a complicações potencialmente evitáveis que ocorrem como resultado do tratamento complexo em UTIs (Berenholtz et al., J Crit Care 17:1-2, 2002; De Vos et al., J Crit Care 22:267-74, 2007; Zimmerman J Crit Care 1:12-5, 2002). A medição de rotina de indicadores de qualidade (IQs) Prontuários Eletrônicos de Saúde (PESs) é cada vez mais usada para comparar a qualidade do cuidado prestado e avaliar as intervenções de melhoria. Entretanto, os indicadores de qualidade existentes para terapia intensiva são derivados quase exclusivamente de subconjuntos relativamente limitados de pacientes em UTIs situadas em sistemas de saúde de alta renda. O objetivo desta revisão exploratória foi pesquisar sistematicamente a literatura sobre IQs usados para avaliar unidades de terapia intensiva, identificar IQs, mapear suas definições e sua base de evidências, descrever as variações na medição e destacar as vantagens e dificuldades ligadas à sua implementação. Métodos: Fizemos pesquisas nas bases de dados MEDLINE, EMBASE, CINAHL e Cochrane Library desde a primeira data disponível até janeiro de 2019. Para aumentar a sensibilidade da pesquisa, revisamos a literatura cinzenta e listas de referências. Os critérios de inclusão mínimos foram a descrição de um ou mais IQs usados para avaliar o cuidado prestado a pacientes em UTIs, captados por meio de um sistema de registros ou PESs adaptado para a vigilância da qualidade do cuidado. Resultados: A pesquisa identificou 4.780 citações. Após a revisão dos resumos, obtivemos 276 artigos de texto completo, dos quais 123 foram aceitos. Ao todo, 51 IQs únicos foram classificados utilizando os três componentes da qualidade do cuidado de saúde propostos pelo referencial High Quality Health Systems (HQSS). Os IQs mais comuns estiveram ligados a eventos adversos, como infecções adquiridas no hospital (13,7%), processos hospitalares (54,9%) e resultados do cuidado (31,4%). Os IQs para resultados relatados pelos pacientes representaram menos de 6% do total. As barreiras à implementação de IQs foram descritas em 35,7% dos artigos, sendo divididas entre barreiras operacionais (51%) e barreiras de aceitabilidade (49%). Conclusões: Apesar da complexidade e do risco associado ao cuidado em UTIs, só é utilizado um pequeno número de indicadores operacionais. Uma futura seleção de IQs se beneficiaria de uma abordagem centrada nos principais interessados, dando prioridade aos valores dos pacientes e das comunidades e às preferências dos profissionais da saúde quanto às melhorias práticas a serem implementadas, com maior ênfase na medição de processos de cuidado específicos.
Background: Excess morbidity and mortality following critical illness is increasingly attributed to potentially avoidable complications occurring as a result of complex ICU management (Berenholtz et al., J Crit Care 17:1-2, 2002; De Vos et al., J Crit Care 22:267-74, 2007; Zimmerman J Crit Care 1:12-5, 2002). Routine measurement of quality indicators (QIs) through an Electronic Health Record (EHR) or registries are increasingly used to benchmark care and evaluate improvement interventions. However, existing indicators of quality for intensive care are derived almost exclusively from relatively narrow subsets of ICU patients from high-income healthcare systems. The aim of this scoping review is to systematically review the literature on QIs for evaluating critical care, identify QIs, map their definitions, evidence base, and describe the variances in measurement, and both the reported advantages and challenges of implementation. Method: We searched MEDLINE, EMBASE, CINAHL, and the Cochrane libraries from the earliest available date through to January 2019. To increase the sensitivity of the search, grey literature and reference lists were reviewed. Minimum inclusion criteria were a description of one or more QIs designed to evaluate care for patients in ICU captured through a registry platform or EHR adapted for quality of care surveillance. Results: The search identified 4780 citations. Review of abstracts led to retrieval of 276 full-text articles, of which 123 articles were accepted. Fifty-one unique QIs in ICU were classified using the three components of health care quality proposed by the High Quality Health Systems (HQSS) framework. Adverse events including hospital acquired infections (13.7%), hospital processes (54.9%), and outcomes (31.4%) were the most common QIs identified. Patient reported outcome QIs accounted for less than 6%. Barriers to the implementation of QIs were described in 35.7% of articles and divided into operational barriers (51%) and acceptability barriers (49%). Conclusions: Despite the complexity and risk associated with ICU care, there are only a small number of operational indicators used. Future selection of QIs would benefit from a stakeholder-driven approach, whereby the values of patients and communities and the priorities for actionable improvement as perceived by healthcare providers are prioritized and include greater focus on measuring discriminable processes of care.