Vinhetas de casos clínicos envolvendo processos judiciais por má prática médica ajudam a melhorar a precisão diagnóstica e a aceitação do ensino do raciocínio clínico durante a formação de médicos de atenção primária?
Contexto: O uso de casos clínicos envolvendo processos por má prática médica como vinhetas é uma abordagem promissora para melhorar a educação para o raciocínio clínico (ERC), pois tais processos podem servir como exemplos repletos de conteúdo e contexto. No entanto, ainda não está claro quais podem ser os efeitos da inclusão, nos cursos de formação, de informações sobre tais processos judiciais, que podem provocar uma resposta emocional profunda. Este estudo examinou se a presença de informações, na vinheta clínica, sobre um erro diagnóstico que resultou em um processo judicial afeta a precisão diagnóstica e a confiança autorrelatada dos médicos em formação no diagnóstico de casos futuros. Além disso, avaliamos as perspectivas dos participantes sobre se era adequado utilizar casos envolvendo erros, com ou sem informações sobre os processos judiciais resultantes, durante a ERC. Métodos: Na primeira sessão deste estudo em duas fases, 81 residentes de primeiro ano em atenção primária foram expostos a casos envolvendo erros com (P) e sem (SP) informações sobre processos judiciais por má prática clínica, derivados de um banco de dados sobre processos judiciais na área médica. Os participantes avaliaram a adequação dos casos para a ERC em uma escala de Likert de cinco pontos. Na segunda sessão, uma semana depois, os participantes resolveram quatro casos diferentes com os mesmos diagnósticos. A precisão diagnóstica foi medida com três perguntas, pontuadas em uma escala de 0 a 1: (1) Qual é o próximo passo? (2) Qual é o diagnóstico diferencial? (3) Qual é o diagnóstico provável e qual é o seu nível de certeza sobre ele? Comparamos as pontuações sobre a adequação subjetiva e a precisão diagnóstica entre as duas versões (P e SP) usando a ANOVA de medidas repetidas. Resultados: Não observamos diferenças nos parâmetros de precisão diagnóstica (próximo passo, P vs. SP: 0,79 vs. 0,77, p=0,505; diagnóstico diferencial, 0,68 vs. 0,75, p=0,072; diagnóstico provável, 0,52 vs. 0,57, p=0,216) e confiança autorrelatada (53,7% vs. 55,8% p=0,390) entre os diagnósticos feitos com ou sem informações prévias sobre processos judiciais. As pontuações de adequação subjetiva e complexidade nas duas versões foram semelhantes (adequação, 3,68 vs. 3,84, p=0,568; complexidade, 3,71 vs. 3,88, p=0,218) e aumentaram significativamente nos níveis de educação mais elevados em ambas as versões. Conclusão: As taxas semelhantes de precisão diagnóstica entre os casos estudados com ou sem informações sobre processos judiciais por má prática sugerem que ambas as versões são igualmente eficazes para a ERC na formação de médicos de atenção primária. Os residentes consideraram que as duas versões eram igualmente adequadas para a ERC; ambas foram consideradas mais adequadas para estudantes mais avançados do que para iniciantes.
BACKGROUND: Using malpractice claims cases as vignettes is a promising approach for improving clinical reasoning education (CRE), as malpractice claims can provide a variety of content- and context-rich examples. However, the effect on learning of adding information about a malpractice claim, which may evoke a deeper emotional response, is not yet clear. This study examined whether knowing that a diagnostic error resulted in a malpractice claim affects diagnostic accuracy and self-reported confidence in the diagnosis of future cases. Moreover, suitability of using erroneous cases with and without a malpractice claim for CRE, as judged by participants, was evaluated. METHODS: In the first session of this two-phased, within-subjects experiment, 81 first-year residents of general practice (GP) were exposed to both erroneous cases with (M) and erroneous cases without (NM) malpractice claim information, derived from a malpractice claims database. Participants rated suitability of the cases for CRE on a five-point Likert scale. In the second session, one week later, participants solved four different cases with the same diagnoses. Diagnostic accuracy was measured with three questions, scored on a 0-1 scale: (1) What is your next step? (2) What is your differential diagnosis? (3) What is your most probable diagnosis and what is your level of certainty on this? Both subjective suitability and diagnostic accuracy scores were compared between the versions (M and NM) using repeated measures ANOVA. RESULTS: There were no differences in diagnostic accuracy parameters (M vs. NM next step: 0.79 vs. 0.77, p = 0.505; differential diagnosis 0.68 vs. 0.75, p = 0.072; most probable diagnosis 0.52 vs. 0.57, p = 0.216) and self-reported confidence (53.7% vs. 55.8% p = 0.390) of diagnoses previously seen with or without malpractice claim information. Subjective suitability- and complexity scores for the two versions were similar (suitability: 3.68 vs. 3.84, p = 0.568; complexity 3.71 vs. 3.88, p = 0.218) and significantly increased for higher education levels for both versions. CONCLUSION: The similar diagnostic accuracy rates between cases studied with or without malpractice claim information suggests both versions are equally effective for CRE in GP training. Residents judged both case versions to be similarly suitable for CRE; both were considered more suitable for advanced than for novice learners.