Edição Especial do Healthcare Quarterly, Vol. 15

Autor pessoal: 
BAKER, R.;
Título original: 
Healthcare Quarterly, Vol. 15 - Editorial
Resumo: 

A segurança do paciente modificou a linguagem utilizada no cuidado de saúde. Atualmente, termos como reconciliação de medicamentos, incidente crítico e reunião de segurança fazem parte das conversas diárias de profissionais envolvidos no cuidado e de administradores hospitalares. Essas mudanças na linguagem refletem mudanças mais amplas no modo de pensar e trabalhar, formando a base do conceito atual de segurança do paciente como um componente fundamental do cuidado de saúde no Canadá.Esta é a sexta edição dos Patient Safety Papers, publicados pela editora Longwoods a partir de 2005. As cinco primeiras edições apresentaram os resultados de estudos, projetos demonstrativos e práticas pioneiras de organizações de todo o Canadá. Nesta edição, avaliamos o nosso progresso e examinamos o futuro. Para isso, selecionamos especialistas em segurança do paciente de todo o país e pedimos que refletissem sobre iniciativas cruciais de segurança do paciente em áreas específicas.Ward Flemons e Glenn McRae (2012) examinam o uso de sistemas de notificação para aprimorar o aprendizado organizacional. Os sistemas de notificação são a base dos esforços para identificar lacunas e criar sistemas mais seguros; entretanto, seu êxito depende do desenvolvimento de uma cultura organizacional que facilite a notificação e de mecanismos para transformar a notificação de incidentes em recomendações para um cuidado mais seguro. Falhas no trabalho em equipe e na comunicação contribuem para muitos incidentes relacionados à segurança do paciente. Dessa forma, não é de surpreender que a pesquisa nessas áreas tenha resultado em contribuições importantes para melhorar a segurança do cuidado. Ainda assim, os pesquisadores apenas começaram a desvendar as complexidades da comunicação em equipe e a identificar estratégias para melhorar o desempenho das mesmas. Lorelei Lingard (2012) desafia os pesquisadores e profissionais envolvidos no cuidado a examinar mais profundamente as práticas em equipe para compreender suas complexidades dinâmicas e sua contribuição para a segurança. Uma importante ferramenta utilizada na comunicação em equipe é a lista de verificação. Chris Hayes (2012) ajudou a implementar a Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica em todo o Canadá. Neste artigo, ele faz uma análise dos êxitos e desafios permanentes para garantir que as equipes cirúrgicas utilizem essa nova ferramenta de modo a assegurar maior efetividade e segurança no cuidado.A segurança do paciente tem associado as ideias de muitas disciplinas diferentes às ciências clínicas e da gestão. Joseph Cafazzo e Olivier St-Cyr (2012) examinam o impacto da engenharia de fatores humanos (EFH) na superação dos desafios à segurança do paciente e a relevância do desenho e da interface entre pessoas e máquinas. Apesar de as ferramentas e ideias da EFH terem criado várias novas oportunidades para a melhoria da segurança no cuidado, Cafazzo e St-Cyr ressaltam que a EFH ainda não atingiu todo seu impacto potencial. O desenho de trabalho e os modelos de prestação de serviços também representam uma grande promessa na prestação de um cuidado mais seguro e eficiente. Patricia O'Connor e colaboradores (2012) examinam diversos sistemas de saúde, nos quais um desenho inovador de trabalho gerou melhores resultados para pacientes e profissionais. A reestruturação dos processos e ambientes de cuidado cria o contexto para um cuidado mais seguro. Entretanto, a implementação dessas mudanças requer apoio e uma liderança forte. As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRASs) são outro problema difuso e recorrente para a segurança do paciente. Michael Gardam, Paige Reason e Leah Gitterman (2012) identificam novas maneiras de reduzir as IRASs, incluindo o uso do positive deviance com o objetivo de envolver e empoderar os profissionais para que desenvolvam soluções viáveis. Corroborando as ideias contidas em outros artigos deste volume, os autores enfatizam a importância da cultura de segurança do paciente, do trabalho em equipe e do desenho na criação de um contexto para o cuidado mais seguro. As soluções de segurança do paciente devem estar focadas no cuidado entre os diferentes setores, e não apenas dentro de cada setor. A reconciliação de medicamentos oferece ferramentas para enfrentar e prevenir eventos adversos de medicamentos causados pelo conhecimento incompleto ou impreciso sobre os medicamentos utilizados pelos pacientes no momento em que estes são internados, recebem alta ou são transferidos. Entretanto, como discutem Olavo Fernandes e Kaveh Shojania (2012), tem sido difícil implementar essa solução de forma efetiva. Segundo os autores, são necessários maiores esforços para assegurar uma reconciliação de medicamentos confiável. Em termos mais amplos, Irfan Dhalla e colaboradores (2012) examinam as ameaças à segurança do paciente geradas pela má integração e comunicação entre sistemas de cuidado. As transições são complexas e variadas, e as possíveis soluções precisam integrar uma série de intervenções e diversos prestadores de cuidado antes do momento da alta, durante as transições e depois que os pacientes retornam à comunidade. Na última década, uma boa parte dos esforços esteve focada em problemas identificados em grandes estudos nacionais de segurança do paciente. No entanto, surgiram também outras questões importantes. Pat Croskerry (2012) observa que os erros de diagnóstico receberam atenção limitada, embora contribuam fortemente para a ocorrência de eventos adversos e de litígios por má prática médica. Croskerry identifica a origem dos erros de diagnóstico na psicologia da tomada de decisões e nos vieses cognitivos. O autor clama por uma maior ênfase no raciocínio diagnóstico na educação médica e por um foco contínuo nessas habilidades durante a prática. A segurança também é um problema fora dos ambientes institucionais. Lynn Stevenson e colaboradores (2012) afirmam que o cuidado domiciliar é fundamentalmente diferente do cuidado hospitalar e que é preciso desenvolver práticas de segurança do paciente centradas no cliente e na família e adaptáveis à ampla gama de ambientes nos quais é prestado o cuidado domiciliar. Cada um desses artigos serve como uma lente através da qual podemos examinar uma questão fundamental. Ainda que sua cobertura não seja exaustiva, os artigos trazem, juntos, uma perspectiva das nossas conquistas e dos desafios que ainda temos pela frente. Em um artigo que examina os elementos estratégicos para ampliar nossos esforços direcionados à segurança do paciente e à qualidade do cuidado, defendo que precisamos enfatizar as vantagens do investimento em segurança para o negócio da organização, ampliar a escala das iniciativas atuais e investir na capacidade de melhoria das lideranças e dos profissionais (Baker, 2012). Os avanços da última década foram impressionantes, mas precisamos estender esses esforços e integrá-los estruturalmente ao sistema atual para assegurar seu impacto e sustentabilidade.

Data de publicação: 
2012
Fonte: 
Healthcare Quarterly; 15 (edição especial )
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