Estima-se que 10% dos pacientes internados no Reino Unido adquiram infecções hospitalares, o que resulta em uma maior morbidade e maiores custos ao sistema de saúde. A higienização das mãos é considerada uma estratégia essencial para a prevenção de infecções hospitalares. Apesar do consenso sobre a importância da higienização das mãos na contenção de infecções nosocomiais, foi demonstrado que a adesão a boas práticas de higienização é baixa, variando de 30% a 60% na ausência de qualquer intervenção. Em resposta a este problema, foram propostas diversas estratégias destinadas a melhorar a adesão a práticas ideais de higienização das mãos, mas há poucas evidências para confirmar quais são as melhores estratégias. Foi sugerida uma abordagem multifacetada que inclua a utilização de soluções à base de álcool, lembretes visuais, educação e, por fim, auditorias e retroalimentação; esta última estratégia é considerada fundamental para aumentar a adesão. Embora a abordagem baseada em auditorias e retroalimentação tenha sido questionada, devido ao fato de que pode levar a melhorias apenas moderadas, é provável que os efeitos relativos sejam maiores quando a adesão à prática recomendada é baixa na linha de base e quando a retroalimentação é feita de forma mais intensa. O objetivo deste breve relatório é descrever uma estratégia para melhorar e manter a adesão a boas práticas de higienização das mãos no Hospital de Antrim Area, na Irlanda do Norte — um hospital geral de ensino com 426 leitos. Em 2008, após a declaração de um grande surto de infecções por Clostridium difficile no Hospital de Antrim Area, foram tomadas medidas para melhorar a adesão às práticas de higienização das mãos no hospital. Estas medidas incluíram: auditoria das áreas clínicas e envio dos resultados ao Escritório de Governança para a Segurança de Paciente, introdução de uma política de tolerância zero entre todos os profissionais clínicos com relação à norma de usar mangas curtas e nenhum acessório abaixo dos cotovelos, treinamento intensivo de todos os profissionais do hospital sobre o controle de infecções, instalação de lembretes visuais em todas as áreas clínicas, indicando aos profissionais que utilizassem os dispensadores e pias, e aconselhamento dos pacientes e seus familiares sobre a higienização das mãos. Os profissionais da saúde do hospital foram estimulados a aderir a práticas adequadas de higienização das mãos, e sua adesão à política de higienização das mãos foi observada e registrada por meio de um procedimento e de um formulário padronizados. A ferramenta de auditoria foi concebida pela equipe de controle de infecções do hospital. Esta teve como objetivo monitorar a adesão dos profissionais do hospital à política de higienização das mãos nas seguintes oportunidades: no momento de entrar na área clínica, antes de vestir luvas e capotes e após a retirada das luvas, antes de todos os procedimentos clínicos e entre procedimentos clínicos, antes e depois do contato com o paciente, depois de manusear itens ou ambientes contaminados, depois do risco de exposição a líquidos corporais ou sangue, depois de sair de um quarto de isolamento, antes de manusear alimentos, quando as mãos estiverem visivelmente sujas, depois de ir ao banheiro e antes de deixar a área clínica. Pedimos aos coordenadores de enfermarias e aos enfermeiros-chefes que realizassem a auditoria todas as semanas, como parte da rotina clínica, em suas respectivas enfermarias; registramos 20 oportunidades de higienização das mãos por semana, por enfermaria. Os resultados das auditorias semanais foram exibidos em quadros brancos instalados em cada enfermaria e enviados ao Escritório de Governança para a Segurança do Paciente, que preparou um relatório de desempenho sobre infecções associadas ao cuidado de saúde. Este relatório foi então apresentado ao Comitê de Prevenção e Controle de Infecções e Higiene Ambiental do hospital. No período de setembro de 2008 a junho de 2010, calculamos as taxas mensais médias de adesão à higienização das mãos. As taxas de adesão à higienização das mãos no início do estudo (em setembro de 2008) apresentaram variações acentuadas segundo o tipo de profissional da saúde, com uma adesão geral de 85%. A adesão geral a práticas adequadas de higienização das mãos melhorou com o tempo, chegando a 95% em fevereiro de 2009. Entretanto, não foi possível medir a contribuição relativa do processo de auditoria e retroalimentação em comparação com outras variáveis utilizadas nesta abordagem multifacetada. O aumento observado na adesão geral, que se manteve acima de 95% (a partir de fevereiro de 2009; Tabela 1), pode indicar a importância da estratégia de auditoria e retroalimentação na manutenção dos efeitos a longo prazo. Nossos achados corroboram os resultados de uma revisão sistemática publicada recentemente, que concluiu que a estratégia de auditoria e retroalimentação apresentava maior eficácia quando a retroalimentação era feita de forma mais intensa. Em conclusão, o estudo mostrou que uma estratégia de auditoria e retroalimentação pode atuar como um fator essencial na melhoria e manutenção das taxas de adesão de profissionais da saúde, corroborando a visão de que a manutenção de uma estratégia regular de auditoria e retroalimentação como um processo de rotina na prática clínica é o fator fundamental para assegurar o êxito persistente da estratégia.
Estratégia para melhorar e manter a adesão a práticas adequadas de higienização das mãos no hospital
Autor pessoal
ALDEYAB, M. A.
BALDWIN, N.
McELANAYlnay, J. C.
SCOTT, M. G.
McNALLY, M.
KEARNEY, M. P.
Resumo
Título original
Strategy for improving and maintaining compliance with adequate hospital hand hygiene practices
Data de publicação
Fonte
J. Hosp. Infect.; 77(1): 87-88, 2011.DOI: 10.1016/j.jhin.2010.09.016