Incidência de eventos adversos e negligência em pacientes hospitalizados. Resultados do Estudo sobre Prática Médica de Harvard I (Harvard Medical Practice Study I)

RENNAN, T. A. ; LEAPE, L. L. ; LAIRD, N. M. ; HEBERT, L. ; LOCALIO, A. R. ; LAWTHERS, A. G. ; NEWHOUSE, J. P.
Título original:
Incidence of Adverse Events and Negligence in Hospitalized Patients. Results of the Harvard Medical Practice Study I
Resumo:

Contexto: Como parte de um estudo interdisciplinar sobre litígios referentes a lesões e má prática médica, calculamos a incidência de eventos adversos, definidos como lesões causadas pelo cuidado médico, e o subgrupo de tais lesões que resultaram do cuidado negligente ou de baixa qualidade.

Métodos: Analisamos 30.121 prontuários selecionados aleatoriamente em 51 hospitais não psiquiátricos, dedicados ao cuidado de pacientes agudos no estado de Nova York em 1984.  Em seguida, elaboramos estimativas populacionais para as lesões e calculamos as taxas segundo a idade e o sexo dos pacientes, além da especialidade médica.

Resultados: Ocorreram eventos adversos em 3,7% das hospitalizações (intervalo de confiança de 95% [IC 95%], 3,2 a 4,2), e 27,6% destes deveram-se à negligência (IC 95%, 22,5 a 32,6). Embora 70,5% dos eventos adversos tenham gerado incapacidade com menos de seis meses de duração, 2,6% causaram lesões incapacitantes permanentes e 13,6% levaram ao óbito. A porcentagem de eventos adversos atribuíveis à negligência aumentou nas categorias de lesões mais graves (teste chi 2 de Wald = 21,04, P < 0,0001). Usando totais ponderados, estimamos que, dentre os 2.671.863 pacientes que receberam alta de hospitais de Nova York em 1984, houve 98.609 eventos adversos e 27.179 eventos adversos envolvendo negligência. As taxas de eventos adversos aumentaram com a idade (P < 0,0001). A porcentagem de eventos adversos causados por negligência foi marcadamente mais alta entre pacientes idosos (P < 0,01). Houve diferenças significativas nas taxas de eventos adversos entre as categorias de especialidades clínicas (P < 0,0001), mas não houve diferenças na porcentagem causada por negligência.

Conclusões: A gestão do cuidado de saúde causa uma quantidade substancial de lesões aos pacientes, e muitas delas resultam de um cuidado de baixa qualidade.

Resumo Original:

Background: As part of an interdisciplinary study of medical injury and malpractice litigation, we estimated the incidence of adverse events, defined as injuries caused by medical management, and of the subgroup of such injuries that resulted from negligent or substandard care.

Methods: We reviewed 30,121 randomly selected records from 51 randomly selected acute care, nonpsychiatric hospitals in New York State in 1984. We then developed population estimates of injuries and computed rates according to the age and sex of the patients as well as the specialities of the physicians.

Results: Adverse events occurred in 3.7 percent of the hospitalizations (95 percent confidence interval, 3.2 to 4.2), and 27.6 percent of the adverse events were due to negligence (95 percent confidence interval, 22.5 to 32.6). Although 70.5 percent of the adverse events gave rise to disability lasting less than six months, 2.6 percent caused permanently disabling injuries and percent led to death. The percentage of adverse events attributable to negligence increased in the categories of more severe injuries (Wald test chi 2 = 21.04, P<0.0001). Using weighted totals, we estimated that among the 2,671,863 patients discharged from New York hospitals in 1984 there were 98,609 adverse events and 27,179 adverse events involving negligence. Rates of adverse events rose with age (P<0.0001). The percentage of adverse events due to negligence was markedly higher among the elderly (P<0.01). There were significant differences in rates of adverse events among categories of clinical specialties (P<0.0001), but no differences in the percentage due to negligence.

Conclusions: There is a substantial amount of injury to patients from medical management, and many injuries are the result of substandard care.

Fonte:
The New England Journal of Medicine ; 324(6): 370-376; 1991. DOI: 10.1056/NEJM199102073240604.
DECS:
pré-escolar, avaliação da deficiência, registros hospitalares, hospitais, doença iatrogênica, recém-nascido, pacientes internados, imperícia, morbidade, distribuição aleatoria, amostragem