Introdução: O sistema de saúde irlandês tem passado por grandes mudanças, com cortes de despesas e um foco em iniciativas de qualidade; porém, sabe-se pouco sobre a ocorrência de eventos adversos.
Objetivo: Avaliar a frequência e a natureza dos eventos adversos em hospitais irlandeses.
Métodos: Realizamos uma revisão retrospectiva de 1574 internações de pacientes adultos (53% mulheres, com idade média de 54 anos) selecionadas aleatoriamente de uma amostra de oito hospitais, estratificados por região e dimensão, de toda a República da Irlanda em 2009. A revisão foi realizada em duas etapas (revisão de prontuários por enfermeiros, seguida de outra revisão, por médicos, dos prontuários selecionados na primeira revisão) e utilizou a captura de dados eletrônicos. Os resultados foram ponderados para refletir a estratégia de amostragem. Também examinamos o impacto de diferenças na aplicação de critérios internacionais para eventos adversos sobre a taxa de eventos adversos.
Resultados: No total, 45% dos prontuários foram selecionados. A prevalência de eventos adversos em internações foi de 12,2% (IC 95%, 9,5% a 15,5%), com uma incidência de 10,3 eventos por cada 100 internações (IC 95%, 7,5 a 13,1). Mais de 70% dos eventos foram considerados evitáveis. Dois terços dos eventos tiveram um impacto de leve a moderado sobre o paciente, 9,9% causaram danos permanentes e 6,7% contribuíram para o óbito. Em média, os eventos causaram um aumento de 6,1 dias na duração da internação, o que representa um custo de 5550 euros por evento. A taxa de eventos adversos variou consideravelmente (8,6% a 17,0%) quando foram utilizados diferentes critérios de elegibilidade de eventos adversos publicados.
Conclusões: Este primeiro estudo sobre eventos adversos na Irlanda encontrou taxas semelhantes às de outros países. Em tempos de austeridade, estimamos que os eventos adversos em pacientes adultos internados custaram mais de 194 milhões de euros. Estes resultados servem como uma importante linha de base para a carga de eventos adversos e, juntamente com a revisão online de prontuários, proporcionam um incentivo e uma metodologia para o monitoramento de iniciativas futuras de segurança do paciente.
Introduction: Irish healthcare has undergone extensive change recently with spending cuts and a focus on quality initiatives; however, little is known about adverse event occurrence.
Objective: To assess the frequency and nature of adverse events in Irish hospitals.
Methods: 1574 (53% women, mean age 54?years) randomly selected adult inpatient admissions from a sample of eight hospitals, stratified by region and size, across the Republic of Ireland in 2009 were reviewed using two-stage (nurse review of patient charts, followed by physician review of triggered charts) retrospective chart review with electronic data capture. Results were weighted to reflect the sampling strategy. The impact on adverse event rate of differing application of international adverse event criteria was also examined.
Results: 45% of charts were triggered. The prevalence of adverse events in admissions was 12.2% (95% CI 9.5% to 15.5%), with an incidence of 10.3 events per 100 admissions (95% CI 7.5 to 13.1). Over 70% of events were considered preventable. Two-thirds were rated as having a mild-to-moderate impact on the patient, 9.9% causing permanent impairment and 6.7% contributing to death. A mean of 6.1 added bed days was attributed to events, representing an expenditure of €5550 per event. The adverse event rate varied substantially (8.6%–17.0%) when applying different published adverse event eligibility criteria.
Conclusions: This first study of adverse events in Ireland reports similar rates to other countries. In a time of austerity, adverse events in adult inpatients were estimated to cost over €194 million. These results provide important baseline data on the adverse event burden and, alongside web-based chart review, provide an incentive and methodology to monitor future patient-safety initiatives.