Incidência de complicações trombóticas em pacientes críticos internados em UTI com COVID-19
INTRODUÇÃO:
A COVID-19 pode predispor ao tromboembolismo venoso (TEV) e arterial em razão de inflamação excessiva, hipóxia, imobilização e coagulação intravascular disseminada. No entanto, não há relatos sobre a incidência de complicações trombóticas.
MÉTODOS:
Avaliamos a incidência de resultados compostos de embolia pulmonar (EP) aguda sintomática, trombose venosa profunda, acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico, infarto do miocárdio ou embolia arterial sistêmica em todos os pacientes com COVID-19 internados em UTIs de 2 hospitais universitários holandeses e 1 hospital de ensino holandês.
RESULTADOS:
Estudamos 184 pacientes internados em UTIs com pneumonia comprovada por COVID-19, dos quais 23 (13%) morreram, 22 tiveram alta com vida (12%) e 139 (76%) ainda estavam na UTI em 5 de abril de 2020. Todos os pacientes receberam no mínimo doses-padrão de tromboprofilaxia. A incidência cumulativa dos resultados compostos foi de 31% (IC95% 20-41), sendo observado TEV confirmado por angiografia por tomografia computadorizada e/ou ultrassonografia em 27% (IC95% 17-37%) e eventos trombóticos arteriais em 3,7% (IC95% 0-8,2%). A EP foi a complicação trombótica mais frequente (n=25, 81%). Idade (razão de risco ajustada [aHR] 1,05/ano, IC95% 1,004-1,01) e coagulopatia, definida como prolongamento espontâneo do tempo de protrombina >3 segundos ou tempo de tromboplastina parcial ativada >5 segundos (aHR 4,1, IC95% 1,9-9,1), foram preditores independentes de complicações trombóticas.
CONCLUSÃO:
A incidência de 31% de complicações trombóticas em pacientes internados em UTI com infecção por COVID-19 é notadamente elevada. Estes resultados reforçam a recomendação de aplicar rigorosamente tromboprofilaxia farmacológica em todos os pacientes internados em UTI com COVID-19 e sugerem fortemente a utilização de doses profiláticas elevadas, mesmo na ausência de evidências oriundas de estudos randomizados.
PALAVRAS-CHAVE:
COVID-19; trombose venosa profunda; embolia pulmonar; acidente vascular encefálico; tromboprofilaxia
INTRODUCTION:
COVID-19 may predispose to both venous and arterial thromboembolism due to excessive inflammation, hypoxia, immobilisation and diffuse intravascular coagulation. Reports on the incidence of thrombotic complications are however not available.
METHODS:
We evaluated the incidence of the composite outcome of symptomatic acute pulmonary embolism (PE), deep-vein thrombosis, ischemic stroke, myocardial infarction or systemic arterial embolism in all COVID-19 patients admitted to the ICU of 2 Dutch university hospitals and 1 Dutch teaching hospital.
RESULTS:
We studied 184 ICU patients with proven COVID-19 pneumonia of whom 23 died (13%), 22 were discharged alive (12%) and 139 (76%) were still on the ICU on April 5th 2020. All patients received at least standard doses thromboprophylaxis. The cumulative incidence of the composite outcome was 31% (95%CI 20-41), of which CTPA and/or ultrasonography confirmed VTE in 27% (95%CI 17-37%) and arterial thrombotic events in 3.7% (95%CI 0-8.2%). PE was the most frequent thrombotic complication (n = 25, 81%). Age (adjusted hazard ratio (aHR) 1.05/per year, 95%CI 1.004-1.01) and coagulopathy, defined as spontaneous prolongation of the prothrombin time > 3 s or activated partial thromboplastin time > 5 s (aHR 4.1, 95%CI 1.9-9.1), were independent predictors of thrombotic complications.
CONCLUSION:
The 31% incidence of thrombotic complications in ICU patients with COVID-19 infections is remarkably high. Our findings reinforce the recommendation to strictly apply pharmacological thrombosis prophylaxis in all COVID-19 patients admitted to the ICU, and are strongly suggestive of increasing the prophylaxis towards high-prophylactic doses, even in the absence of randomized evidence.
KEYWORDS:
COVID-19; Deep vein thrombosis; Pulmonary embolism; Stroke; Thromboprophylaxis