Associação entre a comunicação aberta e o impacto emocional e comportamental dos erros no cuidado de saúde sobre os pacientes e seus familiares: um inquérito transversal de alcance estadual

Julia C Prentice ; Sigall K Bell ; Eric J Thomas ; Eric C Schneider ; Saul N Weingart ; Joel S Weissman ; Mark J Schlesinger
Título original:
Association of open communication and the emotional and behavioural impact of medical error on patients and families: state-wide cross-sectional survey
Resumo:

CONTEXTO: A comunicação aberta por parte de profissionais da saúde após a ocorrência de um erro durante a prestação do cuidado pode ter impactos a longo prazo. Procuramos entender se uma comunicação mais aberta tem efeitos sobre o impacto emocional persistente, o comportamento de evitar o cuidado de saúde e a perda de confiança. MÉTODOS: Em 2018, realizamos um inquérito transversal para avaliar as experiências de pacientes e familiares com erros no cuidado de saúde, voltando a entrar em contato com residentes do estado de Massachusetts que havíamos contatado aleatoriamente por telefone em 2017. Ao todo, 253 participantes relataram erros no cuidado de saúde. Os dados sociodemográficos dos participantes foram semelhantes aos dos não-participantes, confirmando a existência de vieses mínimos nas respostas. O tempo decorrido desde o erro foi classificado como <1, 1-2 ou 3-6 anos antes da entrevista. A abertura da comunicação foi medida através de seis perguntas que avaliaram diferentes elementos da comunicação. Os impactos persistentes incluíram efeitos emocionais (como tristeza e raiva), o comportamento de evitar o cuidado de saúde (com profissionais específicos ou qualquer tipo de serviço de saúde) e a perda de confiança no cuidado de saúde. Utilizamos regressões logísticas para examinar a associação entre a comunicação aberta e os impactos a longo prazo. RESULTADOS: Dos entrevistados que relataram um erro no cuidado de saúde há 3-6 anos, 51% descreveram pelo menos um impacto emocional atual; 57% relataram evitar o envolvimento com os médicos ou organizações envolvidos no erro; 67% relataram a perda de confiança. A comunicação aberta variou: 34% não relataram nenhuma comunicação, e 24% relataram ≥5 elementos. Fazendo o controle segundo a gravidade do erro, os participantes que relataram a comunicação mais aberta tiveram uma propensão significativamente menor de apresentar tristeza persistente (OR=0,17, IC 95% 0,05 a 0,60, p=0,006), depressão (OR=0,16, IC 95% 0,03 a 0,77, p=0,022) ou de sentir-se abandonados/traídos (OR=0,10, IC 95% 0,02 a 0,48, p=0,004) em comparação com os participantes que não relataram nenhuma comunicação. A comunicação aberta previu significativamente um menor comportamento de evitar médicos ou organizações de saúde específicos, mas não influenciou o comportamento de evitar os serviços de saúde como um todo ou a confiança no cuidado de saúde. CONCLUSÕES: Os impactos emocionais negativos dos erros no cuidado de saúde podem persistir por anos. A comunicação aberta está associada a menores impactos emocionais e a um menor comportamento de evitar os médicos ou organizações envolvidos no erro. Programas de comunicação e resolução poderiam facilitar um diálogo transparente e reduzir alguns dos impactos negativos dos erros no cuidado de saúde.

Resumo Original:

BACKGROUND: How openly healthcare providers communicate after a medical error may influence long-term impacts. We sought to understand whether greater open communication is associated with fewer persisting emotional impacts, healthcare avoidance and loss of trust. METHODS: Cross-sectional 2018 recontact survey assessing experience with medical error in a 2017 random digit dial survey of Massachusetts residents. Two hundred and fifty-three respondents self-reported medical error. Respondents were similar to non-respondents in sociodemographics confirming minimal response bias. Time since error was categorised as <1, 1-2 or 3-6 years before interview. Open communication was measured with six questions assessing different communication elements. Persistent impacts included emotional (eg, sadness, anger), healthcare avoidance (specific providers or all medical care) and loss of trust in healthcare. Logistic regressions examined the association between open communication and long-term impacts. RESULTS: Of respondents self-reporting a medical error 3-6 years ago, 51% reported at least one current emotional impact; 57% reported avoiding doctor/facilities involved in error; 67% reported loss of trust. Open communication varied: 34% reported no communication and 24% reported ≥5 elements. Controlling for error severity, respondents reporting the most open communication had significantly lower odds of persisting sadness (OR=0.17, 95% CI 0.05 to 0.60, p=0.006), depression (OR=0.16, 95% CI 0.03 to 0.77, p=0.022) or feeling abandoned/betrayed (OR=0.10, 95% CI 0.02 to 0.48, p=0.004) compared with respondents reporting no communication. Open communication significantly predicted less doctor/facility avoidance, but was not associated with medical care avoidance or healthcare trust. CONCLUSIONS: Negative emotional impacts from medical error can persist for years. Open communication is associated with reduced emotional impacts and decreased avoidance of doctors/facilities involved in the error. Communication and resolution programmes could facilitate transparent conversations and reduce some of the negative impacts of medical error.

 

Fonte:
BMJ Quality & Safety ; 29(11): 883-894; 2021. DOI: 10.1136/bmjqs-2019-010367.