Experiências de pacientes e profissionais com a incerteza no processo diagnóstico: compreensão atual e direções futuras

Objetivo: Durante todo o processo diagnóstico ocorrem incertezas, que devem ser gerenciadas para que o diagnóstico e o tratamento sejam precisos e executados em tempo hábil. Uma melhor caracterização das incertezas pode ajudar a fundamentar estratégias para geri-las com mais eficácia na prática clínica. Apresentamos um panorama abrangente da literatura atual sobre as incertezas relacionadas ao diagnóstico, descrevendo (1) os momentos em que pacientes e profissionais clínicos vivenciam incertezas ao longo do processo diagnóstico, (2) como as incertezas afetam o processo diagnóstico, (3) as raízes das incertezas relacionadas a probabilidade/risco, ambiguidade ou complexidade e (4) estratégias para gerenciar as incertezas. Discussão: Cada etapa do processo diagnóstico envolve incertezas, incluindo o envolvimento do paciente com o sistema de saúde, a coleta, interpretação e integração de informações, a formulação de diagnósticos de trabalho e a comunicação de diagnósticos aos pacientes. As estratégias gerais de gestão incluem o reconhecimento da incerteza, a obtenção de mais informações contextuais junto aos pacientes (por exemplo, a coleta de uma história ocupacional e familiar), a criação de redes de segurança diagnóstica (informar os pacientes sobre os sinais de alerta aos quais devem estar atentos), o envolvimento no planejamento para o melhor/pior cenário e a comunicação da incerteza diagnóstica aos pacientes, familiares e colegas. Delineamos aqui possíveis estratégias adaptadas a vários aspectos da incerteza diagnóstica. Conclusão: Os conhecimentos científicos sobre a incerteza diagnóstica, mais vagos no passado, estão se tornando mais claramente definidos. São necessários mais estudos para avaliar de que forma a gestão e a comunicação da incerteza diagnóstica se relacionam com melhorias nos resultados do cuidado. 

Objective: Uncertainty occurs throughout the diagnostic process and must be managed to facilitate accurate and timely diagnoses and treatments. Better characterization of uncertainty can inform strategies to manage it more effectively in clinical practice. We provide a comprehensive overview of current literature on diagnosis-related uncertainty describing (1) where patients and clinicians experience uncertainty within the diagnostic process, (2) how uncertainty affects the diagnostic process, (3) roots of uncertainty related to probability/risk, ambiguity, or complexity, and (4) strategies to manage uncertainty. Discussion: Each diagnostic process step involves uncertainty, including patient engagement with the healthcare system; information gathering, interpretation, and integration; formulating working diagnoses; and communicating diagnoses to patients. General management strategies include acknowledging uncertainty, obtaining more contextual information from patients (e.g., gathering occupations and family histories), creating diagnostic safety nets (e.g., informing patients what red flags to look for), engaging in worst case/best case scenario planning, and communicating diagnostic uncertainty to patients, families, and colleagues. Potential strategies tailored to various aspects of diagnostic uncertainty are also outlined. Conclusion: Scientific knowledge on diagnostic uncertainty, while previously elusive, is now becoming more clearly defined. Next steps include research to evaluate relationships between management and communication of diagnostic uncertainty and improved patient outcomes.