Por que a segurança do paciente representa um desafio? Percepções sobre o comportamento profissional dos estudantes de medicina
OBJETIVOS: Apesar da ênfase crescente na educação e no treinamento para a segurança do paciente em faculdades de medicina, sabe-se pouco sobre os fatores que influenciam a tomada de decisões relativas aos comportamentos de segurança do paciente. Este estudo examinou a natureza e a magnitude dos fatores que podem influenciar as opiniões sobre comportamentos relacionados à segurança do paciente como um meio de gerar informações sobre a forma como médicos e estudantes de medicina australianos enxergam essas questões em comparação com o público em geral. MÉTODOS: Realizamos um estudo nacional multicêntrico, prospectivo e transversal utilizando respostas a cenários hipotéticos de segurança do paciente, envolvendo os seguintes aspectos: fabricação de resultados, equipamentos de proteção pessoal, presenteísmo e expressão de preocupações. Aplicamos um inquérito junto a estudantes de medicina, médicos e membros do público em geral. Comparamos as respostas dos participantes em relação a diferentes variáveis contextuais em cada cenário, avaliando também as características demográficas dos participantes. RESULTADOS: No total, participaram do estudo 2.602 estudantes de medicina, 809 médicos e 503 membros do público australiano. Os três grupos demográficos tiveram opiniões significativamente diferentes sobre muitos dos dilemas de segurança do paciente. Os médicos foram mais tolerantes em relação ao fato de os estudantes de medicina não comunicarem comportamentos preocupantes e participarem de atividades apesar de terem estado doentes recentemente. As opiniões dos estudantes de medicina frequentemente apresentaram um "efeito de transição", fazendo uma ponte entre as atitudes dos médicos e as do público, o que é consistente com a formação da identidade profissional. CONCLUSÕES: As opiniões sobre a aceitabilidade dos comportamentos de segurança do paciente dos estudantes de medicina foram influenciadas pela demografia da coorte e pela complexidade contextual do cenário. Embora o inquérito tenha utilizado cenários hipotéticos, as opiniões de médicos e estudantes de medicina parecem ser influenciadas por dissonâncias cognitivas, vieses e heurísticas que podem afetar negativamente a segurança do paciente.
OBJECTIVES: Despite increased emphasis on education and training for patient safety in medical schools, there is little known about factors influencing decision making regarding patient safety behaviors. This study examined the nature and magnitude of factors that may influence opinions around patient safety-related behaviors as a means of providing insights into how Australian doctors and medical students view these issues relative to members of the public. METHODS: A national, multicenter, prospective, cross-sectional survey was conducted using responses to hypothetical patient safety scenarios involving the following: fabricating results, personal protective equipment, presenteeism, and reporting concerns.Australian enrolled medical students, medical doctors, and members of the public were surveyed.Participant responses were compared for the different contextual variables within the scenarios and the participants' demographic characteristics. RESULTS: In total, 2602 medical student, 809 doctors, and 503 members of the Australian public participated. The 3 demographic groups had significantly differing opinions on many of the patient safety dilemmas. Doctors were more tolerant of medical students not reporting concerning behaviors and attending placements despite recent illness. Medical students' opinions frequently demonstrated a "transition effect," bridging between the doctors and publics' attitudes, consistent with professional identity formation. CONCLUSIONS: Opinions on the acceptability of medical students' patient safety-related behaviors were influenced by the demographics of the cohort and the contextual complexity of the scenario. Although the survey used hypothetical scenarios, doctors and medical students' opinions seem to be influenced by cognitive dissonances, biases, and heuristics, which may negatively affect patient safety.