Percepções dos profissionais clínicos sobre os protocolos de recuperação pós-cirúrgica para melhorar a segurança do paciente em cirurgia: um inquérito nacional na Austrália
Contexto: Os pacientes cirúrgicos estão em risco de complicações pós-operatórias, que podem levar a um aumento da morbidade, mortalidade, tempo de internação hospitalar e custos com o cuidado de saúde. Os protocolos ERAS® (Enhanced Recovery After Surgery) são baseados em evidências e demonstram eficácia na redução de complicações e suas consequências. No entanto, sua adoção na Austrália tem sido limitada, e a razão para isso não está clara. Este estudo procurou descrever as percepções dos profissionais clínicos sobre os protocolos ERAS na Austrália. Métodos: Realizamos um inquérito nacional on-line com anestesistas, cirurgiões e enfermeiros. Os convites para participar foram distribuídos por e-mail através de colégios profissionais. O inquérito de 30 itens captou as características dos participantes, suas percepções sobre o protocolo ERAS, suas crenças, preferências em relação a educação e aprendizado e considerações para o planejamento futuro. A questão final foi uma pergunta aberta para que os participantes descrevessem melhor suas perspectivas sobre o ERAS. Utilizamos estatísticas descritivas e inferenciais para descrever e comparar as diferenças entre os grupos das diferentes disciplinas em relação às suas perspectivas sobre o ERAS. Resultados: A amostra incluiu 178 respostas (116 enfermeiros, 65,2%; 36 cirurgiões, 20,2%; 26 anestesistas, 14,6%) em seis estados e dois territórios. Mais da metade (n=104; 58,8%) já havia usado protocolos ERAS no cuidado de pacientes, e a maioria considerava conhecer o protocolo “muito bem” (n=24; 13,6%) ou “bem” (n=71; 40,3%). No entanto, menos enfermeiros haviam cuidado de pacientes usando o ERAS (p<0,01), e os enfermeiros relataram um nível de conhecimento mais baixo (p<0,001) do que seus colegas médicos. A maioria dos participantes concordou que os protocolos ERAS melhoram o cuidado e a eficiência financeira e são um investimento de tempo razoável (pontuação geral 3-5), mas os enfermeiros geralmente registraram níveis mais baixos de concordância (p de 0,013 a <0,001). A falta de informação foi a maior barreira para que os profissionais conhecessem melhor o ERAS (n=97; 62,6%), e seminários/palestras com líderes internacionais e nacionais foram o método de aprendizado preferido (n=59; 41,3%). A maioria dos participantes apoiou a ampla implementação do protocolo ERAS (n=130; 87,8%). Conclusão: É necessário promover o protocolo ERAS e oferecer educação, que pode ser ajustada com base nos resultados, para melhorar a sua implementação na Austrália. Os enfermeiros, em particular, precisam ser envolvidos nos protocolos ERAS, dado o papel significativo que desempenham durante toda a jornada cirúrgica. Também é necessário desenvolver conjuntamente estratégias de implementação com as partes interessadas para abordar os fatores facilitadores e as barreiras identificadas, incluindo a falta de apoio pelos altos diretores, administradores e profissionais, além da escassez de recursos.
BACKGROUND: Surgical patients are at risk of postoperative complications, which may lead to increased morbidity, mortality, hospital length-of-stay and healthcare costs. Enhanced Recovery After Surgery (ERAS®) protocols are evidence-based and have demonstrated effectiveness in decreasing complications and associated consequences. However, their adoption in Australia has been limited and the reason for this is unclear. This study aimed to describe clinicians' perceptions of ERAS protocols in Australia. METHODS: A national online survey of anaesthetists, surgeons and nurses was undertaken. Invitations to participate were distributed via emails from professional colleges. The 30-item survey captured respondent characteristics, ERAS perceptions, beliefs, education and learning preferences and future planning considerations. The final question was open-ended for elaboration of perceptions of ERAS. Descriptive and inferential statistics were used to describe and compare group differences across disciplines relative to perceptions of ERAS. RESULTS: The sample included 178 responses (116 nurses, 65.2%; 36 surgeons, 20.2%; 26 anaesthetists, 14.6%) across six states and two territories. More than half (n = 104; 58.8%) had used ERAS protocols in patient care, and most perceived they were 'very knowledgeable' (n = 24; 13.6%) or 'knowledgeable' (n = 71; 40.3%) of ERAS. However, fewer nurses had cared for a patient using ERAS (p <.01) and nurses reported lower levels of knowledge (p <.001) than their medical counterparts. Most respondents agreed ERAS protocols improved patient care and financial efficiency and were a reasonable time investment (overall Md 3-5), but nurses generally recorded lower levels of agreement (p.013 to < 0.001). Lack of information was the greatest barrier to ERAS knowledge (n = 97; 62.6%), while seminars/lectures from international and national leaders were the preferred learning method (n = 59; 41.3%). Most supported broad implementation of ERAS (n = 130; 87.8%). CONCLUSION: There is a need to promote ERAS and provide education, which may be nuanced based on the results, to improve implementation in Australia. Nurses particularly need to be engaged in ERAS protocols given their significant presence throughout the surgical journey. There is also a need to co-design implementation strategies with stakeholders that target identified facilitators and barriers, including lack of support from senior administration, managers and clinicians and resource constraints.