Incidência de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos de alta vigilância: uma revisão sistemática de estudos clínicos randomizados
Contexto: Os medicamentos de alta vigilância (MAV) têm mais probabilidade de causar danos significativos aos pacientes, mesmo quando usados da forma indicada. Além de causarem sofrimento ao paciente, os danos relacionados aos MAV também aumentam os custos do cuidado de saúde. Objetivo: Avaliar a incidência de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos de alta vigilância. Métodos: Conduzimos uma busca ativa por informações nas bases de dados COCHRANE, LILACS, SciELO, SCOPUS, PubMed/MEDLINE e WEB OF SCIENCE. A estratégia de pesquisa incluiu os seguintes termos: "segurança do paciente", "erros de medicação" e "hospital" e "medicamentos de alta vigilância" ou "fármacos perigosos", em diferentes combinações. A seguir, dois revisores fizeram uma avaliação preliminar independente dos títulos relevantes, resumos e, por fim, do texto completo. A qualidade dos estudos foi avaliada de acordo com a declaração PRISMA. Resultados: A revisão sistemática avaliou sete artigos, que mostraram que apenas 11 MAV identificados na literatura poderiam causar eventos graves. Os mais citados foram varfarina (22,2%), associada a trombose venosa profunda e gangrena, sugerindo a necessidade de doses iniciais mais baixas, seguida de ciclofosfamida (22,2%) e ciclosporina (22,2%), associadas a infecção fúngica invasiva e morte. Além desses fármacos, a morfina foi comparada com seu metabólito ativo (M6G), sendo observado que o M6G causa menos eventos clínicos graves relacionados a náusea e vômitos, reduzindo a necessidade de uso concomitante de antieméticos. Conclusões: As seguintes classes de medicamentos foram as mais citadas nos artigos incluídos, que avaliaram a incidência de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos de alta vigilância: morfina, M6G-glucuronida, haloperidol, prometazina, ivabradina, digoxina, varfarina, ximelagatrana, ciclofosfamida, ciclosporina e ATG. É importante formular protocolos para o uso desses medicamentos, com ênfase em avaliar, em cada classe, o medicamento que causa menos danos.
BACKGROUND: High-alert medication (HAM) is more predictable to cause significant harm to the patient, even when used as intended. The damage related to the HAM lead not only suffering to the patient, but also raise the additional costs associated with care. OBJECTIVE: Evaluate the incidence of drug-related adverse events related to the use of high-alert medications. METHODS: It was conducted an active search for information through COCHRANE databases, LILACS, SciELO, SCOPUS, PubMed/MEDLINE and WEB OF SCIENCE. The search strategy included the following terms: "Patient safety", "Medication errors" and "Hospital" and "High Alert Medications" or "Dangerous Drugs" in different combinations. Then two reviewers independently conducted a preliminary evaluation of relevant titles, abstracts and finally full-text. Studies quality was evaluated according to PRISMA declaration. RESULTS: The systematic review evaluated seven articles, which showed that only 11 HAM identified in the literature could have serious events. The most frequently cited were warfarin (22.2%) which progressed from deep vein thrombosis to gangrene, suggesting lower initial doses, followed by cyclophosphamide (22.2%) and cyclosporine (22.2%) which presented invasive fungal infection and death. In addition to these, morphine was compared with its active metabolite (M6G), with M6G causing fewer serious clinical events related to nausea and vomiting, reducing the need for concomitant use of antiemetics. CONCLUSIONS: The most reported drug classes in the articles included that were related to incidence of drug-related adverse events in use of high-alert medications: morphine, M6G-glucuronide, haloperidol, promethazine, ivabradine, digoxin, warfarin, ximelagatran, cyclophosphamide, cyclosporine, and ATG. The formulate protocols for the use of these medications, with importance placed on evaluating, among the classes, the medication that causes the least harm.