Introdução: Durante a última década, foram publicados nos EUA, Austrália e Reino Unido muitos estudos sobre a incidência e a evitabilidade de eventos adversos no cuidado de saúde. Até o momento, não foi realizado nenhum estudo deste tipo na Dinamarca. Para determinar se os resultados de outros países podem ser generalizados ao cuidado de saúde dinamarquês, fizemos um estudo-piloto sobre eventos adversos em hospitais dinamarqueses dedicados ao cuidado de pacientes agudos.
Método: Fizemos a revisão de prontuários de 1.097 internações hospitalares de pacientes agudos, selecionados a partir do Registro Nacional de Pacientes da Dinamarca. A amostra foi verdadeiramente proporcional, sem sobreamostragem de grupos de alto risco. A revisão de prontuários foi feita em 17 hospitais dedicados ao cuidado de pacientes agudos. Foram revistas entre 20 e 204 internações por hospital. Os eventos adversos foram identificados por meio de um procedimento dividido em três etapas: (1) rastreamento por enfermeiros de 18 critérios que identificavam grupos de alto risco; (2) revisões independentes por pares de consultores; e (3) em caso de discordância entre os consultores da segunda etapa, duas outras revisões independentes foram realizadas por novos consultores (clínico e cirurgião), seguidas de uma conferência. Todas as revisões de prontuários foram realizadas independentemente da especialidade médica. Todos os enfermeiros e médicos eram profissionais com experiência clínica que ocupavam cargos de chefia.
Resultados: Em 114 internações, foram identificados 176 eventos adversos (EAs). A prevalência geral de internações com eventos adversos foi de 9,0%. Em 46 internações (40,4% de todos os EAs), os EAs foram considerados evitáveis. Os eventos adversos causaram, em média, um prolongamento de 7,0 dias na internação hospitalar. A maior parte dos eventos adversos resultou em incapacidade leve e transitória. Em 30 internações, o evento adverso levou à incapacidade permanente ou à morte.
Discussão: Os resultados do Estudo Dinamarquês de Eventos Adversos são semelhantes aos de estudos realizados na Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. Recomenda-se, portanto, que as próximas pesquisas na Dinamarca sejam dirigidas a grupos de alto risco, focando-se nas narrativas, na intervenção e na pesquisa voltada à atenção primária.
Introduction: Over the past decade a number of studies on the incidence and preventability of adverse events in the health care have been published in the US, Australia and the UK. So far no similar study has been performed in Denmark. In order to determine whether foreign findings could be generalised to Danish health care, a pilot study on adverse events was carried out in Danish acute care hospitals.
Method: Chart reviews were carried out on 1.097 acute care hospital admissions, sampled from the central Danish National Patient Register. The sample was truly proportional with no over-sampling of high-risks groups. Chart reviews was done in 17 different acute care hospitals, reviewing between 20 and 204 admissions per hospital. Adverse events was identified using a three-step procedure: 1) Nurse screening by 18 criteria identifying high-risk groups. 2) Independent reviews by pairs of consultants. 3) In case of disagreement between second step consultants, two additional independent reviews was performed by new consultants (internist and surgeon) followed by conference. All chart reviews were performed independent of medical specialty. All nurses and doctors were senior and experienced clinicians.
Results: In 114 admissions 176 Adverse Events (AEs) were identified. The prevalence of admissions with adverse events were 9.0% of all admissions. Preventability of adverse events was found in 46 of admissions (40.4% of AEs). The adverse events caused on average a 7.0 days prolonged hospital stay. Most adverse events resulted in minor, transient disabilities. Permanent disability or death in relation to adverse event were recorded in 30 admissions.
Discussion: The findings from the Danish Adverse Event Study are similar to the results found in Australia, United Kingdom and the United States. It is therefore recommended that further Danish research, is directed towards high-risk groups focussing on narratives and intervention and towards research in primary health care.
Os artigos estão disponíveis no site da revista Ugeskr Laeger somente a partir de 2002.
