Reuniões de mortalidade e morbidade: um recurso não explorado na melhoria da governança da segurança do paciente?
Introdução: Os hospitais e as agências governamentais do National Health Service britânico utilizam cada vez mais as taxas de mortalidade para monitorar a qualidade do cuidado prestado a pacientes internados. As reuniões de Mortalidade e Morbidade (M&M), criadas com o objetivo de estabelecer a revisão de óbitos como parte do aprendizado profissional, permitem fornecer aos administradores hospitalares a confiança de que os óbitos não são decorrentes de práticas clínicas inseguras. Este artigo examina se e como essas reuniões podem contribuir para a governança da segurança do paciente.
Métodos: Para compreender a organização e a função das reuniões de M&M em um hospital inglês, recorremos à observação não participante das reuniões (n = 9) e fizemos entrevistas semiestruturadas com os coordenadores das reuniões (n = 19). Em seguida, coprojetamos um processo de revisão estruturada da mortalidade, que foi introduzido em três especialidades clínicas ao longo de 12 meses. Utilizamos uma abordagem qualitativa de observações (n = 30) e entrevistas (n = 40) para examinar o impacto desse processo sobre as reuniões e sobre os médicos, os administradores e os diretores do hospital.
Resultados: O estudo inicial das reuniões de M&M demonstrou uma variação considerável no modo como os óbitos eram revistos e uma ausência de integração dessas reuniões no quadro de governança do hospital. A introdução de uma estratégia padronizada de revisão da mortalidade fortaleceu esses processos. Os médicos apoiaram a introdução desta estratégia nas reuniões de M&M, e os administradores e diretores consideraram que o uso de um processo padronizado em toda a instituição gerou níveis mais altos de confiança.
Conclusão: As reuniões de M&M já existem em muitas organizações de saúde e representam um recurso subutilizado de apoio à governança. As reuniões podem melhorar o processo de responsabilização diante dos dados sobre mortalidade e fomentar a melhoria de qualidade sem comprometer o aprendizado profissional, especialmente quando forem facilitadas por um processo padronizado de revisão da mortalidade.
Introduction: National Health Service hospitals and government agencies are increasingly using mortality rates to monitor the quality of inpatient care. Mortality and Morbidity (M&M) meetings, established to review deaths as part of professional learning, have the potential to provide hospital boards with the assurance that patients are not dying as a consequence of unsafe clinical practices. This paper examines whether and how these meetings can contribute to the governance of patient safety.
Methods: To understand the arrangement and role of M&M meetings in an English hospital, non-participant observations of meetings (n=9) and semistructured interviews with meeting chairs (n=19) were carried out. Following this, a structured mortality review process was codesigned and introduced into three clinical specialties over 12 months. A qualitative approach of observations (n=30) and interviews (n=40) was used to examine the impact on meetings and on frontline clinicians, managers and board members.
Findings: The initial study of M&M meetings showed a considerable variation in the way deaths were reviewed and a lack of integration of these meetings into the hospital's governance framework. The introduction of the standardised mortality review process strengthened these processes. Clinicians supported its inclusion into M&M meetings and managers and board members saw that a standardised trust-wide process offered greater levels of assurance.
Conclusion: M&M meetings already exist in many healthcare organisations and provide a governance resource that is underutilised. They can improve accountability of mortality data and support quality improvement without compromising professional learning, especially when facilitated by a standardised mortality review process.