Métodos e medidas usados na atenção primária. Pesquisa em segurança do paciente. Resultados de uma revisão da literatura
Contexto e objetivos: Como a maior parte da pesquisa em segurança do paciente feita até o momento concentrou-se em questões hospitalares, o objetivo do presente estudo foi determinar os métodos usados na pesquisa em segurança do paciente na atenção primária, seus pontos fortes e fracos, os indicadores produzidos e as lacunas existentes na pesquisa.
Métodos: Revisão das bases de dados MEDLINE, MEDLINE in-process, PubMed-not-MEDLINE, OLDMEDLINE, CINAHL e EMBASE de 1966 a 2007. Examinamos as bibliografias dos artigos selecionados em busca de publicações adicionais. Utilizamos a terminologia MeSH relacionada à segurança do paciente, à atenção primária e à notificação de incidentes. Excluímos estudos que examinassem apenas um tipo de incidente de segurança do paciente ou um só processo de atenção primária, assim como estudos baseados apenas em dados hospitalares. Incluímos estudos que utilizassem tanto dados de atenção primária como dados hospitalares e estudos sobre medicina complementar ou alternativa baseados na comunidade. Investigamos os sítios virtuais de organizações nacionais de segurança do paciente e os sítios em língua inglesa de 92 organizações internacionais, nacionais ou regionais ligadas à medicina geral/medicina de família, bem como uma agência internacional e uma nacional de seguros para médicos.
Resultados: Identificamos 9 estudos retrospectivos, 34 estudos concorrentes ou prospectivos ou de método único e 6 estudos de métodos mistos. O método mais comum foi a análise das notificações de incidentes em segurança do paciente feitas por profissionais da atenção primária, profissionais de consultórios ou pacientes (22 artigos). Não identificamos nenhum estudo sobre a segurança do paciente na atenção primária vindo de países em desenvolvimento. Não encontramos nenhum estudo comparável às revisões retrospectivas de prontuários médicos hospitalares ou aos estudos baseados em autópsias. As perspectivas dos pacientes foram mal representadas. As estimativas de incidentes de segurança do paciente na atenção primária foram de 0,004-240,0 por 1.000 consultas, e 45-76% de todos os "erros" foram considerados evitáveis. Muitos estudos incluíram medidas da frequência relativa de diferentes tipos de incidentes de segurança do paciente: 26-57% dos incidentes envolveram "erros" diagnósticos, 7-52% envolveram o tratamento, 13-47% envolveram investigação, 9-56% envolveram questões administrativas e 5%-72% foram erros de comunicação. Os danos resultantes de incidentes de segurança variaram de 1,3 incidentes menores significativos por 1.000 tratamentos a 4% de incidentes que resultaram na morte do paciente, 17-39% que resultaram em danos e 70-76% com potencial de danos.
Conclusões: Muito trabalho útil já foi feito, mas o estudo da segurança do paciente na atenção primária ainda está dando seus primeiros passos. É preciso que sejam adotados métodos mais rigorosos e claros; o uso definições mais consistentes de termos comuns auxiliaria na comparabilidade dos resultados.
Background and Aims: As most patient safety research to date has focused on hospital-related issues, we aimed to determine the methods used in patient safety research conducted in primary care, their strengths and weaknesses, the measures they produced, and research gaps.
Methods: Review of MEDLINE, in-process and PubMed-not-MEDLINE, OLDMEDLINE, CINAHL and EMBASE records from 1966 to 2007. Bibliographies of selected articles were scanned for additional publications. MeSH terms relating to patient safety, primary care and incident reporting were used. We excluded studies that examined only one type of patient safety incident or only one primary care process, and studies based on hospital data only. We included research using both primary care and hospital data and research about community-based complementary or alternative medicine. We searched the internet sites of national patient safety organizations and the English language websites of 92 international, national or provincial general practice/family medicine organizations, and one international and one national physician insurance agency.
Results: We identified nine retrospective studies, 34 concurrent or prospective or single method studies and six mixed methods studies. The most common method was analysis of reports of patient safety incidents made by primary care clinicians, practice staffs, or patients (22 papers). We indentified no primary care patient safety research from developing countries. No studies comparable to hospital-based retrospective record reviews or autopsy research were found. Patients' perspectives were poorly represented. Estimates of patient safety incidents in primary care were 0.004-240.0 per 1000 primary care consultations and 45%-76% of all "errors" were preventable. Many studies included measures of the relative frequency of different types of patient safety incident: 26%-57% of incidents involved diagnostic "errors"; 7%-52% involved treatment; 13%-47% involved investigations; 9%-56% involved office administration; 5%-72% were communication errors. Harm from safety incidents ranged from 1.3 significant minor incidents per 1000 treatments to 4% of incidents resulting in death, 17%-39% resulting in harm, and 70%-76% had potential for harm.
Conclusions: Much useful work has been done but the study of patient safety in primary care is still in its infancy. More rigorous methods need to be used and clearer and more consistent definitions of common terms would assist comparability of results.