A coordenação clínica melhora a qualidade e reduz os custos?

Resumo: 

A necessidade de aumentar a eficiência no uso de recursos no cuidado de saúde por meio da melhoria de qualidade (em particular, a qualidade dos resultados do cuidado) e de, ao mesmo tempo, reduzir os custos é um desafio enfrentado pelos serviços de saúde de todo o mundo. O NHS [National Health Service] está passando por um período de restrições financeiras; nos últimos três anos seu orçamento disponível praticamente não aumentou, enquanto a demanda pelos serviços continuou a crescer cerca de 7% ao ano. Em 2009, quando a mudança na situação financeira começava a ficar mais clara, a Health Foundation encomendou ao Dr. John Øvretveit uma revisão das evidências para responder à pergunta: "A melhoria da qualidade reduz custos?". A revisão foi extremamente relevante, pois revelou a ausência de evidências para responder à pergunta e estimulou o debate não só sobre os custos das intervenções destinadas a melhorar o cuidado de saúde, como também sobre a importância do método de implementação utilizado, a fim de analisar os benefícios em termos de redução de custos. O trabalho também identificou outras áreas nas quais seria útil fazer uma revisão das evidências. Uma das áreas fundamentais a serem estudadas é o papel da coordenação clínica na redução de gastos desnecessários e na melhoria dos resultados do cuidado a custos mais baixos. A Health Foundation tem agora o prazer de publicar a avaliação do Dr. Øvretveit sobre as evidências disponíveis a respeito da coordenação clínica e o modo como esta pode auxiliar na tomada de decisões de administradores e médicos em sua busca por novos modelos e maneiras de organizar os serviços. A revisão sugere que certos modelos de cuidado melhoram a coordenação clínica e reduzem comprovadamente os custos, mas as tentativas de reaplicá-los devem ser consideradas com muito cuidado. Por sua própria natureza, a coordenação depende do contexto local; por isso, as oportunidades e os custos irão variar nos diferentes sistemas de saúde e nos diferentes ambientes dentro de cada sistema. A revisão resume e classifica o grau de evidência, de modo a deixar claro quais são as abordagens avaliadas de forma mais robusta. Além disso, traz boas ideias para uma melhor coordenação clínica, que podem ser efetivas especialmente se associadas a outras abordagens para melhorar o cuidado, como o manejo da doença e os programas de autocuidado. O grau de evidência é baixo, pois muitas das mudanças testadas para melhorar a coordenação não foram bem avaliadas. A seção final do relatório sugere como pacientes, profissionais de saúde, membros de comitês, administradores e organizações profissionais podem assumir parte da responsabilidade pela melhoria da coordenação clínica, reduzindo, assim, a duplicação, o desperdício, em suma, os custos gerais do cuidado de saúde. Esta revisão destaca as áreas nas quais precisamos adquirir mais conhecimentos para direcionar os esforços de melhoria, especialmente a identificação dos pacientes mais afetados pela má coordenação e os fatores que mais influenciam a efetividade das intervenções. A Health Foundation está desenvolvendo diversas pesquisas ligadas à eficiência no uso de recursos no cuidado de saúde; entre eles, projetos destinados a analisar o cuidado de saúde ao nível macroeconômico, examinar o valor comparativo de componentes dos percursos do cuidado e determinar em que medida a mudança na relação entre pacientes e prestadores de cuidado melhora a qualidade e aumenta a relação custo-benefício nos serviços de saúde. Esperamos que este trabalho contribua para a base de evidências que dá apoio às mudanças nos serviços de saúde, uma vez que estes enfrentam o desafio de continuar a melhorar a qualidade do cuidado diante de um contexto de restrições financeiras. Martin Marshall, Diretor Clínico e Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, The Health Foundation.

Autor pessoal: 
ØVRETVEIT, J. ;
Título original: 
Does clinical coordination improve quality and save money?
Fonte: 
2011
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