Fazendo das decisões compartilhadas uma realidade. Nenhuma decisão sobre mim sem a minha participação.

Resumo: 

As decisões compartilhadas são um processo no qual profissionais de saúde e pacientes trabalham juntos para escolher os exames, os tratamentos, a gestão da doença ou as medidas de apoio, baseados em evidências clínicas e nas preferências informadas pelo paciente. O processo envolve o fornecimento de informações sobre as opções, os resultados do cuidado e as incertezas nele envolvidas, juntamente com o aconselhamento de apoio às decisões e um sistema para registrar e implementar as preferências informadas pelos pacientes. O governo britânico quer que as decisões compartilhadas se tornem a norma no Serviço Nacional de Saúde (NHS) do país, mas existe certa confusão sobre a importância do projeto, os fatores envolvidos e as possíveis implicações para os pacientes, para os profissionais de saúde e para o sistema de saúde como um todo. Este relatório esclarece o conceito e descreve as ações necessárias para transformar essa aspiração em realidade. Por que é importante tomar decisões compartilhadas. As decisões compartilhadas são vistas como um imperativo ético pelos organismos de regulamentação profissional, que esperam que os profissionais de saúde trabalhem em parceria com os pacientes, informando-os e envolvendo-os sempre que possível. Esse processo é importante para os pacientes, pois estes querem ter um maior envolvimento nas decisões sobre sua própria saúde e sobre o processo de cuidado. Também existem evidências convincentes de que os pacientes que participam ativamente da gestão de sua saúde e de seu cuidado têm resultados melhores que aqueles que recebem o cuidado passivamente. As decisões compartilhadas também são importantes para os gestores de recursos financeiros, pois reduzem as variações injustificadas na prática clínica. As decisões compartilhadas são o principal mecanismo para assegurar que os pacientes recebam "o cuidado de que precisam e nada menos, o cuidado que querem e nada mais" (Al Mulley, comunicação pessoal), sendo a base fundamental para um cuidado verdadeiramente centrado no paciente. O que está envolvido nas decisões compartilhadas. Existe certa confusão sobre a relação entre as decisões compartilhadas, o apoio ao autocuidado e o planejamento personalizado do cuidado. Nós defendemos que estas são filosofias semelhantes, nas quais os profissionais de saúde reconhecem e respeitam o papel do paciente na gestão de sua própria saúde. Tais métodos também exigem habilidades de comunicação avançadas e o uso de diversas ferramentas e técnicas que favoreçam a partilha de informações, a comunicação de riscos e a discussão sobre as opções. As decisões compartilhadas são adequadas nos casos em que é preciso decidir se o paciente deve: ser submetido a um exame diagnóstico ou de rastreamento; ser submetido a um procedimento clínico ou cirúrgico; participar de um programa de educação para o autocuidado ou de intervenção psicológica; tomar medicamentos; tentar modificar seu estilo de vida. Quais são as implicações para os pacientes, para os profissionais de saúde e para o sistema de saúde (o NHS)? A principal mensagem é que podemos e devemos melhorar. As decisões compartilhadas ainda não são a norma, e muitos pacientes querem mais informações e um maior envolvimento nas decisões sobre o tratamento, o cuidado ou as medidas de apoio do que desfrutam atualmente. A inclusão das decisões compartilhadas nos sistemas, nos processos e nas atitudes, habilidades e comportamentos dos profissionais de saúde é um desafio. Existem diversos projetos-piloto de implementação em andamento, que trarão uma experiência valiosa para a prática futura. Temos diversas sugestões sobre o que é preciso para fazer das decisões compartilhadas uma realidade significativa. São elas: maior provisão em âmbito nacional de ferramentas para a decisão e o desenvolvimento de abordagens frequentes e consistentes; identificação de pontos de decisão nos itinerários clínicos [pathways] e monitoramento da qualidade das decisões compartilhadas; melhor provisão, registro e apoio às decisões compartilhadas pelos prestadores do cuidado; inclusão do tema nos programas de formação e incentivos adequados; inclusão da noção de decisões compartilhadas nas normas de gestão de recursos financeiros e nos contratos.

Autor pessoal: 
COULTER, A.; COLLINS, A.;
Título original: 
Making shared decision - making a reality. No decision about me, without me.
Resumo original: 

Shared decision-making is a process in which clinicians and patients work together to select tests, treatments, management or support packages, based on clinical evidence and the patient's informed preferences. It involves the provision of evidence-based information about options, outcomes and uncertainties, together with decision support counselling and a system for recording and implementing patients' informed preferences. The government wants shared decision-making to become the norm in the NHS, but there is confusion about why it is important, what it involves and what the implications might be for patients, clinicians and the wider health service. This report clarifies the concept and outlines the actions needed to make the aspirationa reality. Why shared decision-making is importantShared decision-making is viewed as an ethical imperative by the professional regulatory bodies which expect clinicians to work in partnership with patients, informing and involving them whenever possible. It is important for patientsbecause they want to be more involved than they currently are in making decisions about their own health and health care. There is also compellingevidence that patients who are active participants in managing their health andhealth care have better outcomes than patients who are passive recipients of care. Shared decision-making is also important for commissioners because it reduces unwarranted variation in clinical practice. Shared decision-making is the principal mechanism for ensuring that patients get "the care they need andno less, the care they want, and no more" (Al Mulley, personal communication) and is the essential underpinning for truly patient-centred care delivery. What shared decision-making involves. There is some confusion about the relationship between shared decision-making,self-management support and personalised care planning. We argue that they are similar philosophies, each requiring that clinicians recognise and respect the patient's role in managing their own health. They also require advanced communication skills and the use of a number of tools and techniques to support information-sharing, risk communication and deliberation about options. Shared decision-making is appropriate for decisions about whether to: undergo a screening or diagnostic test; undergo a medical or surgical procedure; participate in a self-management education programme or psychological intervention; take medication; attempt a lifestyle change.What are the implications for patients, clinicians and the NHS? The key message is that we could, and need to, do better. Effective shareddecision-making is not yet the norm and many patients want more information and involvement in decisions about treatment, care or support than they currently experience. Embedding shared decision-making into systems, processes and workforce attitudes, skills and behaviours is a challenge. Several pilot implementation projects are under way and they will offer valuable experience for practice in the future. We make a number of suggestions about what needs to happen to make shared decision-making a meaningful reality. These include: greater national provision of decision aids and the development of common and consistent aproaches; the identification of decision points in care pathways and the monitoring of the quality of shared decision-making; better provision, recording of, and support for, shared decision-making by providers; inclusion of the subject in training; appropriate incentivisation; the inclusion of shared decision-making in commissioning standards and contracts.

Páginas: 
56
Data de publicação: 
2011
Cidade de publicação: 
Londres
Idioma do conteúdo: