Objetivo: Rever a precisão da eletrocardiografia na pesquisa da hipertrofia ventricular esquerda em pacientes com hipertensão.
Desenho: Revisão sistemática de estudos de acurácia de seis índices eletrocardiográficos: índice de Sokolow-Lyon, índice da voltagem de Cornell, índice do produto de Cornell, índice de Gubner e escores de Romhilt-Estes com limiares para teste positivo de 4 pontos ou 5 pontos.
Fontes de dados: Bancos de dados eletrônicos ([Pre-]Medline, Embase), listas de referências de estudos relevantes e revisões anteriores e especialistas.
Seleção de estudos: Dois revisores escrutinizaram resumos e examinaram os estudos potencialmente elegíveis. Foram incluídos estudos que comparassem índices eletrocardiográficos com ecocardiografia em pacientes hipertensos e que relatassem dados suficientes.
Extração de dados: Foram extraídos dados sobre as populações dos estudos, os critérios ecocardiográficos e a qualidade metodológica dos estudos.
Síntese de dados: Foram calculadas as razões de probabilidade negativas, que indicam em que medida a probabilidade posterior de hipertrofia ventricular esquerda é reduzida por um teste negativo.
Resultados: Foram analisados os resultados de 21 estudos e dados sobre 5608 pacientes. A prevalência média de hipertrofia ventricular esquerda foi de 33% (amplitude interquartil 23-41%) em serviços de atendimento primário (10 estudos) e de 65% (37-81%) em serviços de atendimento secundário (11 estudos). A razão de probabilidade negativa mediana foi semelhante entre os índices eletrocardiográficos, variando de 0,85 (variação de 0,34-1,03) para o escore de Romhilt-Estes (com limiar de 4 pontos) a 0,91 (0,70-1,01) para o índice de Gubner. Usando o escore de Romhilt-Estes no atendimento primário, um resultado eletrocardiográfico negativo reduziria a probabilidade pré-teste típica de 33% para 31%. No atendimento secundário, a probabilidade pré-teste típica de 65% seria reduzida para 63%.
Conclusão: Os critérios eletrocardiográficos não devem ser usados para descartar a hipertrofia ventricular esquerda em pacientes com hipertensão.
Objective: To review the accuracy of electrocardiography in screening for left ventricular hypertrophy in patients with hypertension.
Design: Systematic review of studies of test accuracy of six electrocardiographic indexes: the Sokolow-Lyon index, Cornell voltage index, Cornell product index, Gubner index, and Romhilt-Estes scores with thresholds for a positive test of 4 points or 5 points.
Data sources: Electronic databases ((Pre-)Medline, Embase), reference lists of relevant studies and previous reviews, and experts.
Study selection: Two reviewers scrutinised abstracts and examined potentially eligible studies. Studies comparing the electrocardiographic index with echocardiography in hypertensive patients and reporting sufficient data were included.
Data extraction: Data on study populations, echocardiographic criteria, and methodological quality of studies were extracted.
Data synthesis: Negative likelihood ratios, which indicate to what extent the posterior odds of left ventricular hypertrophy is reduced by a negative test, were calculated. Results 21 studies and data on 5608 patients were analysed. The median prevalence of left ventricular hypertrophy was 33% (interquartile range 23-41%) in primary care settings (10 studies) and 65% (37-81%) in secondary care settings (11 studies). The median negative likelihood ratio was similar across electrocardiographic indexes, ranging from 0.85 (range 0.34-1.03) for the Romhilt-Estes score (with threshold 4 points) to 0.91 (0.70-1.01) for the Gubner index. Using the Romhilt-Estes score in primary care, a negative electrocardiogram result would reduce the typical pre-test probability from 33% to 31%. In secondary care the typical pre-test probability of 65% would be reduced to 63%.
Conclusion: Electrocardiographic criteria should not be used to rule out left ventricular hypertrophy in patients with hypertension.
A hipertrofia ventricular esquerda nos pacientes com hipertensão arterial está associada a um aumento significativo do risco cardiovascular. Neste estudo é avaliada a capacidade do eletrocardiograma em diagnosticar os pacientes que realmente possuem hipertrofia ventricular esquerda.