Contexto: A síndrome da angústia respiratória (SAR) do recém-nascido é uma complicação grave do parto pré-termo, sendo a principal causa de mortalidade e incapacidade neonatal precoce.
Objetivo: Avaliar os efeitos da administração de corticosteróides para a mãe antes de um parto pré-termo previsto sobre a morbidade e mortalidade fetal e neonatal, morbidade e mortalidade materna e sobre a criança em idades mais avançadas.
Critérios para a consideração de estudos nesta revisão: Investigamos o Cochrane Pregnancy and Childbirth Group Trials Register (30 de outubro de 2005).
Critérios de seleção: Comparações randomizadas e controladas da administração pré-natal de corticosteróides (betametasona, dexametasona ou hidrocortisona) com placebo ou ausência de tratamento em mulheres em gestação única ou múltipla, com parto pré-termo previsto em virtude de trabalho de parto pré-termo espontâneo, ruptura prematura de membranas pré-trabalho de parto ou parto pré-termo eletivo.
Coleta e análise de dados: Dois revisores avaliaram a qualidade dos estudos e extraíram os dados de maneira independente.
Resultados principais: Foram incluídos vinte e um estudos (3885 mulheres e 4269 bebês). O tratamento com corticosteróides pré-natais não aumenta o risco de morte, corioamnionite ou sepse puerperal para a mãe. O tratamento com corticosteróides pré-natais está associado a uma redução geral na mortalidade neonatal (risco relativo [RR] de 0,69, intervalo de confiança [IC] de 95% de 0,58 a 0,8, 18 estudos, 3956 bebês), SAR (RR 0,66, IC 95% 0,59 a 0,73, 21 estudos, 4038 bebês), hemorragia cérebro-ventricular (RR 0,54, IC 95% 0,43 a 0,69, 13 estudos, 2872 bebês), enterocolite necrosante (RR 0,46, IC 95% 0,29 a 0,74, 8 estudos, 1675 bebês), suporte respiratório, internações em unidade de terapia intensiva (RR 0,80, IC 95% 0,65 a 0,99, 2 estudos, 277 bebês) e infecções sistêmicas nas primeiras 48 horas de vida (RR 0,56, IC 95% 0,38 a 0,85, 5 estudos, 1319 bebês). O uso pré-natal de corticosteróides é efetivo em mulheres com ruptura prematura de membranas e gravidez relacionada a síndromes hipertensivas.
Conclusões dos autores: As evidências desta nova revisão corroboram o uso continuado de uma dose única de corticosteróides pré-natais para acelerar a maturação pulmonar fetal em mulheres com risco de parto pré-termo. A dose única de corticosteróides pré-natais deve ser considerada um procedimento de rotina no parto pré-termo, com poucas exceções. São necessárias mais informações sobre o intervalo ideal entre a administração e o parto, o corticosteróide ideal a ser utilizado, os efeitos sobre as gestações múltiplas e os efeitos de longo prazo na vida adulta.
Background: Respiratory distress syndrome (RDS) is a serious complication of preterm birth and the primary cause of early neonatal mortality and disability.
Objective: To assess the effects on fetal and neonatal morbidity and mortality, on maternal mortality and morbidity, and on the child in later life of administering corticosteroids to the mother before anticipated preterm birth.
Criteria for considering studies for this review: We searched the Cochrane Pregnancy and Childbirth Group Trials Register (30 October 2005).
Selection criteria: Randomised controlled comparisons of antenatal corticosteroid administration (betamethasone, dexamethasone, or hydrocortisone) with placebo or with no treatment given to women with a singleton or multiple pregnancy, expected to deliver preterm as a result of either spontaneous preterm labour, preterm prelabour rupture of the membranes or elective preterm delivery.
Data collection and analysis: Two review authors assessed trial quality and extracted data independently.
Main results: Twenty-one studies (3885 women and 4269 infants) are included. Treatment with antenatal corticosteroids does not increase risk to the mother of death, chorioamnionitis or puerperal sepsis. Treatment with antenatal corticosteroids is associated with an overall reduction in neonatal death (relative risk (RR) 0.69, 95% confidence interval (CI) 0.58 to 0.81, 18 studies, 3956 infants), RDS (RR 0.66, 95% CI 0.59 to 0.73, 21 studies, 4038 infants), cerebroventricular haemorrhage (RR 0.54, 95% CI 0.43 to 0.69, 13 studies, 2872 infants), necrotising enterocolitis (RR 0.46, 95% CI 0.29 to 0.74, eight studies, 1675 infants), respiratory support, intensive care admissions (RR 0.80, 95% CI 0.65 to 0.99, two studies, 277 infants) and systemic infections in the first 48 hours of life (RR 0.56, 95% CI 0.38 to 0.85, five studies, 1319 infants). Antenatal corticosteroid use is effective in women with premature rupture of membranes and pregnancy related hypertension syndromes. Authors\'
Conclusions: The evidence from this new review supports the continued use of a single course of antenatal corticosteroids to accelerate fetal lung maturation in women at risk of preterm birth. A single course of antenatal corticosteroids should be considered routine for preterm delivery with few exceptions. Further information is required concerning optimal dose to delivery interval, optimal corticosteroid to use, effects in multiple pregnancies, and to confirm the long-term effects into adulthood.