Corticoides inalatórios em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica estável: Revisão sistemática e meta-análise

Autor pessoal
DRUMMOND, M. B.
DASENBROOK, E. C.
PITZ, M. W.
MURPHY, D. J.
FAN, E.
Título original
Inhaled Corticosteroids in Patients With Stable Chronic Obstructive Pulmonary Disease: A Systematic Review and Meta-analysis
Resumo

Contexto: Estudos recentes sobre o uso de corticoides inalatórios (CIs) para tratamento de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) têm apresentado resultados conflitantes com relação à sobrevida e ao risco de eventos adversos.

Objetivo: Realizar uma revisão sistemática e síntese quantitativa dos efeitos da terapia com CIs sobre mortalidade e eventos adversos em pacientes com DPOC estável.

Fontes de dados: Buscas na MEDLINE, CENTRAL, EMBASE, CINAHL,Web of Science e PsychInfo até 9 de fevereiro de 2008.

Seleção de estudos: Foram considerados elegíveis os estudos duplo-cegos randomizados e controlados que comparassem a terapia com CIs durante 6 meses ou mais com a terapia inalatória não esteroide em pacientes com DPOC.

Extração de dados: Dois autores extraíram dados independentemente. Os dados incluíram as características do estudo, a mortalidade por todas as causas e a ocorrência de pneumonia e fraturas ósseas. A heterogeneidade foi avaliada por meio da estatística I2. Os dados de cada estudo foram agrupados usando-se um modelo de efeitos aleatórios (quando I2 > ou = 50%) ou um modelo de efeitos fixos (quando I2 < 50%). No caso do desfecho primário (mortalidade por todas as causas em 1 ano), nossa meta-análise apresentava poder estatístico para detectar uma diferença absoluta de 1% na mortalidade, assumindo-se um alfa bicaudal de 0,05 e um poder estatístico de 0,80.

Resultados: Onze estudos randomizados e controlados foram considerados elegíveis (14.426 participantes). Em estudos com dados sobre mortalidade, não observamos diferenças na mortalidade por todas as causas em 1 ano (128 mortes entre 4.636 pacientes no grupo de tratamento e 148 entre 4.597 pacientes no grupo controle; risco relativo [RR], 0,86; intervalo de confiança [IC] de 95%, 0,68 a 1,09, p = 0,20, I2 = 0%). Nos estudos com dados sobre pneumonia, a terapia com CIs esteve associada a uma incidência significativamente mais alta de pneumonia (777 entre 5.405 pacientes no grupo de tratamento e 561 entre 5.371 pacientes no grupo controle; RR, 1,34; IC 95%, 1,03 a 1,75; p = 0,03; I2 = 72%). As análises de subgrupos indicaram um maior risco de pneumonia nos seguintes subgrupos: maior dose de CI (RR, 1,46; IC 95%, 1,10 a 1,92; P=0,008; I2 = 78%), duração mais curta do uso de CI (RR, 2,12; IC 95%, 1,47 a 3,05; p = 0,001; I2 = 0%), menor volume expiratório forçado no primeiro segundo de expiração na linha de base (RR, 1,90; IC 95%, 1,26 a 2,85; p = 0,002; I2 = 0%) e terapia combinada com CI e broncodilatador (RR, 1,57; IC 95%, 1,35 a 1,82; p = 0,001; I2 = 24%).

Conclusões: Em pacientes com DPOC, a terapia com CIs não afetou a mortalidade por todas as causas em 1 ano. A terapia com CIs está associada a um maior risco de pneumonia. Estudos futuros devem determinar se subconjuntos específicos de pacientes com DPOC se beneficiam da terapia com CIs.

Resumo original

Context: Recent studies of inhaled corticosteroid (ICS) therapy for managing stable chronic obstructive pulmonary disease (COPD) have yielded conflicting results regarding survival and risk of adverse events.

Objective: To systematically review and quantitatively synthesize the effects of ICS therapy on mortality and adverse events in patients with stable COPD. Data Sources: Search of MEDLINE, CENTRAL, EMBASE, CINAHL, Web of Science, and PsychInfo through February 9, 2008.

Study Selection: Eligible studies were double-blind, randomized controlled trials comparing ICS therapy for 6 or more months with nonsteroid inhaled therapy in patients with COPD.

Data Extraction: Two authors independently abstracted data including study characteristics, all-cause mortality, pneumonia, and bone fractures. The I2 statistic was used to assess heterogeneity. Study-level data were pooled using a random-effects model (when I2 > or = 50%) or a fixed-effects model (when I2 < 50%). For the primary outcomeof all-cause mortality at 1 year, our meta-analysis was powered to detect a 1.0% absolute difference in mortality, assuming a 2-sided alpha of .05 and power of 0.80.

Results: Eleven eligible randomized controlled trials (14 426 participants) were included. In trials with mortality data, no difference was observed in 1-year all-causemortality (128 deaths among 4636 patients in the treatment group and 148 deaths among 4597 patients in the control group; relative risk [RR], 0.86; 95% confidence interval [CI],0.68-1.09; P= .20; I2= 0%). In the trials with data on pneumonia, ICS therapy was associated with a significantly higher incidence of pneumonia (777 cases among 5405 patients in the treatment group and 561 cases among 5371 patients in the control group; RR, 1.34; 95% CI, 1.03-1.75; P=.03; I2 =72%). Subgroup analyses indicated an increased risk of pneumonia in the following subgroups: highest ICS dose (RR, 1.46; 95% CI, 1.10-1.92; P=.008; I2 =78%), shorter duration of ICS use (RR 2.12; 95%CI, 1.47- 3.05; P .001; I2 =0%), lowest baseline forced expiratory volume in the first second of expiration (RR, 1.90; 95%CI, 1.26-2.85; P=.002; I =0%), and combined ICS and bronchodilator therapy (RR, 1.57; 95% CI, 1.35-1.82; P= .001; I2 =24%).

Conclusions: Among patients with COPD, ICS therapy does not affect 1-year all cause mortality. ICS therapy is associated with a higher risk of pneumonia. Future studies should determine whether specific subsets of patients with COPD benefit from ICS therapy.

Revista
JAMA : the Journal of the American Medical Association
doi
10.1001/jama.2008.717
Volume
300
Fascículo
20
Páginas
2407-2416
Público Alvo
Médicos
Objetivo
Realizar uma revisão sistemática e síntese quantitativa dos efeitos da terapia com CIs sobre a mortalidade e eventos adversos em pacientes com DPOC estável.
Data de publicação