Objetivo: Avaliar o valor agregado da fundoscopia na avaliação de rotina de pacientes hipertensos.
Desenho: Revisão sistemática. Participantes: Adultos de 19 anos ou mais com retinopatia hipertensiva.
Fontes de dados: Medline, Embase e Cochrane Library desde 1990.
Métodos de revisão: Incluímos estudos que avaliassem a retinopatia hipertensiva usando examinadores mascarados para a pressão arterial dos pacientes e seus fatores de risco cardiovasculares. Os estudos de concordância interobservadores deviam ser avaliados por dois ou mais observadores e expressos por meio da estatística. Os estudos sobre a associação entre retinopatia hipertensiva e lesão hipertensiva de órgãos-alvo foram realizados em pacientes hipertensos. A associação entre retinopatia hipertensiva e risco cardiovascular foi avaliada em pessoas não selecionadas, normotensas e hipertensas, sem diabetes melito.
Resultados: A avaliação de alterações retinianas microvasculares é limitada pela grande variação entre os observadores. Os valores preditivos positivo e negativo da associação entre retinopatia hipertensiva e pressão arterial foram baixos (47 a 72% e 32 a 67%, respectivamente). As associações entre alterações retinianas microvasculares e risco cardiovascular foram inconsistentes, exceto para retinopatia e acidente vascular encefálico (AVE). O maior risco de AVE, entretanto, também esteve presente em pessoas normotensas com retinopatia. Esses estudos não fizeram o ajuste para outros indicadores de lesão hipertensiva de órgãos-alvo.
Conclusão: Há poucas evidências de que a fundoscopia apresente um valor agregado no acompanhamento de pacientes hipertensos.
Objective: To evaluate the additional value of funduscopy in the routine management of patients with hypertension.
Design: Systematic review. Participants: Adults aged 19 or more with hypertensive retinopathy.
Data sources: Medline, Embase, and the Cochrane Library from 1990. Review methods: Studies were included that assessed hypertensive retinopathy with blinding for blood pressure and cardiovascular risk factors. Studies on observer agreement had to be assessed by two or more observers and expressed as a statistic. Studies on the association between hypertensive retinopathy and hypertensive organ damage were carried out in patients with hypertension. The association between hypertensive retinopathy and cardiovascular risk was carried out in unselected normotensive and hypertensive people without diabetes mellitus.
Results: The assessment of microvascular changes in the retina is limited by large variation between observers. The positive and negative predictive values for the association between hypertensive retinopathy and blood pressure were low (47% to 72% and 32% to 67%, respectively). Associations between retinal microvascular changes and cardiovascular risk were inconsistent, except for retinopathy and stroke. The increased risk of stroke, however, was also present in normotensive people with retinopathy. These studies did not adjust for other indicators of hypertensive organ damage.
Conclusion: Evidence is lacking that routine funduscopy is of additional value in the management of hypertensive patients.