A comunicação e a construção da cultura de segurança do paciente: interfaces e possibilidades no cenário do hospital
O Programa Nacional de Segurança do Paciente criado, no Brasil, em 2013 definiu como uma das suas metas ―melhorar a comunicação‖. Tal indicação levou-nos a propor uma pesquisa visando: discutir as interfaces sobre comunicação e a construção da cultura de segurança do paciente; investigar sobre as (im)possibilidades da comunicação no ambiente hospitalar; compreender como a comunicação está atrelada à cultura de segurança do paciente; e evidenciar as competências dos profissionais de saúde para a comunicação. Para o desenvolvimento da pesquisa selecionamos um hospital universitário da região metropolitana de Porto Alegre, RS. A estratégia metodológica foi a Hermenêutica em Profundidade de Thompson, tendo como procedimentos de investigação o estudo de campo, entrevista em profundidade com profissionais da instituição e observação não-participante. A partir das falas dos respondentes, emergiram seis dimensões de análise : a percepção sobre informação e comunicação; a comunicação e a passagem de plantão: refletindo sobre os cenários; aspectos envolvidos no processo de comunicação no hospital; a relação entre segurança do paciente e comunicação; a construção da cultura de segurança do paciente na perspectiva dos profissionais; e competências dos profissionais de saúde para a comunicação, as quais foram (re) interpretadas à luz da análise de conteúdo de Bardin. As análises evidenciaram que o viés instrumental/informacional da comunicação é o mais presente no hospital e que as dimensões cultural, humana e estratégica ainda não estão contempladas, embora necessitem acontecer concomitantemente para a concretização da cultura de segurança do paciente. Constatamos, ainda, uma necessidade manifestada pelas pessoas que trabalham no hospital de que a comunicação aconteça; e, de que os profissionais têm uma expectativa sobre os procedimentos de controle e avaliação das práticas assistenciais e de seu desempenho. Há necessidade de rever o processo de comunicação, pois este constitui a rede que possibilita e/ou sustenta a articulação entre as competências existentes na organização e as necessárias para a implantação do Programa de Segurança do Paciente.