Destaques 10 anos Proqualis: Fale pela Segurança do Paciente

A segurança do paciente é um tema muito importante para todos os envolvidos no cuidado de saúde, principalmente para os próprios pacientes e seus familiares. Em todo o mundo, milhões de pessoas sofrem, a cada dia, as consequências da falta ou da má qualidade da assistência à saúde. Os danos decorrentes podem ser de ordem física, emocional e financeira, e atingem também as instituições e os sistemas de saúde. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde, ocorrem por ano cerca de 134 milhões de incidentes com dano, em grande parte evitáveis, associados ao cuidado de saúde nos países de baixa e média renda, o que gera 2,6 milhões de óbitos anualmente. No Brasil, os números também são significativos e se refletem na ocorrência diária de eventos adversos graves e evitáveis, como cirurgias no lado errado do corpo, erros de medicação e incêndios em hospitais, entre outras situações.

Para promover a conscientização sobre a segurança do paciente e o engajamento de instituições e profissionais de saúde em prol de um cuidado mais seguro, a OMS lançou, no Dia Mundial da Segurança do Paciente (17/09), uma campanha com o tema ‘Segurança do Paciente: uma prioridade global de saúde’ e o slogan ‘Fale pela Segurança do Paciente’ (Speak up for Patient Safety). Quanto mais falarmos sobre a segurança do paciente, mais rapidamente eliminaremos os obstáculos para um cuidado seguro, por meio da participação cada vez maior de pacientes, familiares, profissionais de saúde, gestores, autoridades e todos aqueles que contribuem para formar a opinião pública. 

A prevalência, em nosso país, de uma cultura ainda recriminadora e punitiva frente à ocorrência de eventos adversos no cuidado de saúde, o baixo letramento de pacientes e familiares quanto aos perigos e riscos presentes nos ambientes de saúde e a atuação apenas reativa das lideranças a eventos adversos de maior repercussão conferem grande importância à ideia de que a segurança do paciente seja um tema do cotidiano dos serviços de saúde. Quanto mais se estimula a abordagem do problema, mais os profissionais de saúde se sentem mais seguros do ponto de vista psicológico para falar do trabalho real, permitindo um diálogo em torno dos obstáculos para a concretização de um trabalho seguro. Criar oportunidades para que pacientes e familiares expressem suas preocupações, dúvidas e temores oferece a possibilidade de uma maior participação desses atores e permite que eles contribuam para o desenho de processos mais adequados para a segurança do paciente. Quando a liderança promove o cuidado seguro e se coloca junto à força de trabalho e aos pacientes, explicitando seu compromisso com esse objetivo, surge o que a literatura científica do campo denomina de segurança psicológica.

Selecionamos a seguir dez conteúdos do portal que abordam diferentes facetas da questão de falar abertamente sobre a segurança do paciente: temores e receios tanto de pacientes quanto de profissionais de saúde; dilemas em relação a falar abertamente ou não em ambientes tradicionalmente punitivos; estratégias com potencial de mudança de ambiente ou de superação de obstáculos, entre elas, a simulação realística, que permite a existência de ambientes similares aos ambientes de cuidado, mas que são mais protegidos que o trabalho real. Confira os destaques:

1) Manifestações de princípios de alta confiabilidade em unidades hospitalares com diferentes perfis de segurança: uma análise qualitativa (Mossburg, S.E.; Weaver, S.J.; Pillari, M.; Daugherty Biddison, E)

2) Queremos saber: o nível de conforto dos pacientes em manifestar suas preocupações sobre problemas durante a prestação do cuidado e suas experiências como pacientes (Fisher, K.A.; Smith, K.M.; Gallagher, T.H.; Huang, J.C.; Borton, J.C.; Mazor, K.M)

3) Manifestação de preocupações com o cuidado na UTI: experiências, atitudes e obstáculos segundo pacientes e seus familiares (A Bell, S.K.; A Roche, S.D.; A Mueller, A.; A Dente, E.; A O'Reilly, K.; A Sarnoff Lee, B.; A Sands, K.)

4) Clima de segurança e a forma como os profissionais manifestam as suas preocupações de segurança em um hospital universitário austríaco (Schwappach, D.; Sendlhofer, G.; Hasler, L.; Gombotz, V.; Leitgeb, K.; Jantscher, L.; Brunner, G.)

5) Empoderamento de pessoas para ajudá-las a manifestar as suas preocupações de segurança na atenção primária: envolvimento de pacientes e profissionais para codesenhar novas intervenções para pacientes com multimorbidade (Knowles, S.; Hays, R.; Senra, H.; Bower, P.; Locock, L.; Protheroe, J.; Sanders, C.)

6) Manifestação de preocupações sobre riscos à segurança do paciente tradicionais e ligados ao profissionalismo: um inquérito nacional com internos e médicos residentes (Martinez, W.; Lehmann, L.S.; Thomas, E.J.; Etchegaray, J.M.; Shelburne, J.T.; Hickson, G.B.; Brady, D.W.)

7) Transformar preocupações em ações: uma avaliação qualitativa detalhada de uma intervenção interdisciplinar em enfermarias clínicas (Pannick, S.; Archer, S.; Johnston, M.J.; Beveridge, I.; Long, S.J.; Athanasiou, T.; Sevdalis, N.)

8) Ambientes simulados: arenas poderosas para aprender práticas de segurança do paciente e facilitar sua transferência para a prática clínica. Um estudo de métodos mistos (Reime, M.H.; Johnsgaard, T.; Kvam, F.I.; Aarflot, M.; Breivik, M.; Engeberg, J.M.; Brattebo, G.) 

9) Infecções e rituais de interação numa organização: relatos de profissionais clínicos sobre o conflito entre se manifestar ou permanecer calados diante de ameaças à segurança do paciente (Szymczak, J.E.)
 
10) O silêncio que pode ser perigoso: um estudo baseado em narrativas clínicas para avaliar a probabilidade de os profissionais de saúde manifestarem suas preocupações sobre segurança (Schwappach, D.L.; Gehring, K.)